As manias de Potter

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Eu entrei e segui até onde eles estavam. Um vaso – meu vaso de cristal puro!, estava estilhaçado em mil pedacinhos. Surtei, é claro.

– EU NÃO FALEI QUE NÃO ERA PARA MEXER EM NADA?! – gritei para quem quisesse me escutar. Meu rosto devia estar pegando fogo conforme a minha raiva aumentava. – QUANTOS ANOS VOCÊS TÊM? DOIS?

A cena do crime era protagonizada por James Potter e Sirius Black, que me olhavam de um jeito culpado, como dois irmãos sendo pegos pela mãe em suas travessuras. Fui até eles, ainda me corroendo de raiva.

Balancei a cabeça ao ver o meu vaso – o meu lindo vaso de cristal puro – todo em caquinhos pelo chão da minha sala. Tinha cacos em toda a parte, até em lugares de difícil acesso. Como eu ia limpar aquela bagunça?

– Desculpe, Evans – pediu Potter, de olhos arregalados. – Podemos limpar, se quiser.

– Não! – Eu o olhei e o meu coração parou. Para depois voltar a bater com toda a velocidade. Balancei a cabeça. – Já quebraram coisas demais. Só... fiquem sentados no sofá. Por favor.

Fui até a área de serviço, peguei a vassoura e a pá e voltei para a sala. Eles estavam quietos demais e, agora, Remus estava ao lado deles, perguntando que gritaria fora aquela. Era melhor que ele não me perguntasse nada, que até para ele ia sobrar.

Comecei a trabalhar e, para o bem dele, Remus não me perguntou nada.

Depois de eu ter pego todos os cacos – com uma dor profundoa no coração – e varrido aqueles que não conseguia pegar com a mão, Black e Remus se despediram e me deram um “Tchau” sem graça e foram embora. Eu nada falei. Só agora eu percebia que ia ficar sozinha com Potter por sei lá quanto tempo.

Levei os cacos e os joguei na lata de lixo. Quando voltei, vi Potter com as mãos nos bolsos da calça jeans; ele me olhava tão intensamente, que eu fiquei com as bochechas vermelhas e desviei o rosto.

– Desculpe pelo seu vaso. Foi, realmente, sem querer – pediu ele, rompendo o silêncio constrangedor.

– Só não mexa em mais nada. Apenas nas coisas que eu permitir – falei ainda sem olhá-lo.

– E o que seria essas coisas que você permite? – Ele ergueu uma das sobrancelhas, ou melhor, eu imaginei já que eu ainda não olhara em seus olhos.

– Você sabe... A pia do banheiro, o sabonete... essas coisas.

Eu dei uma olhadela em Potter e vi que este estava admirando a minha casa.

– Onde eu vou dormir? – Ele me olhou. Suspirei, irritada.

– No quarto de hóspedes – respondi, como se aquilo fosse óbvio... E era.

Ele me olhou, surpreso:

– Quarto de hóspedes?!

– Sim, Potter! Quarto de hóspedes. Onde pensou que ficaria? – perguntei revirando os olhos.

Potter sorriu maliciosamente, dando um passo para frente.

– Ah, você sabe... ao seu lado, na sua cama....

– Não sonha, Potter! – Não deixei que ele completasse aquela frase absurda. Eu é que ia sonhar mais tarde... Que ideia é essa, Lílian?

– Não custa tentar – ele deu de ombros, me fazendo revirar os olhos mais uma vez.

– Está bem, Potter...

– Vai me deixar dormir com você? – Ele me interrompeu, parecendo esperançoso.

– Não! Caramba, é difícil entender? – Ele deu de ombros e eu continuei. – Voltando, nada de gracinhas, nada de criancices, nada de mexer nos vasos ou qualquer outra coisa. Entendeu?

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