Uma excursão fatídica

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Quando chegamos em casa, eu quase me joguei no sofá, exausta. Não sabia que bater em alguém e ir para cadeira do shopping cansava. Isso não era nada legal.

– Evans, dá um espaço aí – disse Potter, tirando-me de meus devaneios sobre os contras de entrar uma briga.

Fechei os olhos.

– Deita no chão – respondi ainda de olhos fechados.

Eu o ouvi resmungar e afastar a mesa de centro para um lado deitar-se no tapete, perto do sofá. Não falamos nada por um tempo, isso era um recorde, que eu até pensei que ele havia dormido. Até que eu ouvi sua voz.

– O que tanto conversava com Sirius? – perguntou ele e eu sorri internamente.

– O que tanto conversou com Dorcas? – retruquei com outra pergunta. Ele pareceu pensar por alguns segundos.

– Justo. Mas saiba que eu não gostei – informou e eu ri.

– Se está pensando fazer que eu diga o mesmo, pode tirar o seu cervo da chuva – falei, abrindo os olhos, fazendo-o rir também.

– Cervo da chuva... – Ele fez uma pausa. – Posso lhe fazer uma pergunta? – Eu abaixei a cabeça para olhá-lo, vendo que ele estava deitado no chão, com os braços atrás da cabeça. Bonito. Que drogaa!

– Fale – respondi fazendo-o me olhar.

– Seu sutiã está aparecendo – eu olhei para minha blusa e vi que realmente estava aparecendo.

Bufei e voltei a me deitar no sofá, ajeitando a blusa.

– Isso não foi uma pergunta.

– Não mesmo... – Potter ficou de joelhos, com rosto tão próximo do meu, que eu pude contar os pontos verdes em seus olhos castanhos. Subitamente, meu coração começou a bater forte contra as minhas costelas. – Eu queria saber por que você estava chorando naquele dia.

Não respondi. Apenas fiquei imersa naqueles olhos castanhos esverdeados, não querendo admitir que tudo fora por causa dele. Então me concentrei em sentir seu perfume e tentando me lembrar da sensação dos seus braços me envolvendo protetoramente.

Não sei como isso aconteceu, mas, quando eu vi, o rosto de Potter estava a, apenas, dois centímetros de distância do meu; seus olhos desviaram dos meus e foram para os meus lábios, sem piscar. Eu havia perdido o fôlego, então eu não consegui proferir nem uma palavra para impedi-lo. O meu estômago dava voltas, com aquele frio que só a pessoa que você gosta pode causar.

Ele ainda olhava para os meus lábios, passando uma das mãos pela minha nuca para levantar a minha cabeça e me fez olhar para sua boca também. Eu nunca desejei tanto um homem, como eu desejava Potter. Eu podia sentir seu hálito fazendo cócegas em meus lábios. Potter respirava com dificuldade e eu não estava tão diferente.

– Você é tão linda – ele sussurrou.

Potter fechou os olhos. Logo, seus lábios roçaram os meus. Eu os abri para ele aprofundar, mas, antes que ele conseguisse, eu me afastei, recobrando a minha consciência.

Ele me olhou surpreso, porém deixou que eu me retirasse apressadamente dali. Eu o vi passar as mãos pelo cabelo, nervoso. Antes de subir as escadas, eu olhei.

– Você nunca vai saber – respondi a sua pergunta e fui para o meu quarto, com as pernas trêmulas. – Boa noite, James.

(...)

No dia seguinte, eu e Potter preferimos ignorar o acontecido da noite passada, nos tratando da forma que sempre nos tratamos. Mas não vou negar que eu quase – eu disse quase – quis que ele me beijasse ali na cozinha mesmo.

The Bet - JilyOnde histórias criam vida. Descubra agora