Tudo Culpa do Potter

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Por Marlene McKinnon

Eu olhava para o nada naquele escritório melancólico e sem vida. Eu não havia estudado em uma das melhores faculdades de Londres, para acabar em um escritório com cheiro horrível de mofo tão pequeno que me dava claustrofobia. E olha que eu nunca fui claustrofóbica...

Ao meu redor, as paredes eram de um tom bege sujo, havia uma janelinha e uma outra maior – que ficava atrás de mim – com persiana onde dava para o local que os outros advogados de maiores portes ficavam, havia arquivos e mais arquivos espalhados pelo escritório. E aquilo me irritava. Muito. Eu queria estar lá do outro lado, defendendo inocentes e mandando bandidos culpados para o xadrez.

Se a Lily soubesse que eu não fazia o que eu gostaria de fazer, ela teria um chilique. Ficaria angustiada por me ver sentada em um escritório minúsculo, resolvendo casos de multas. Eu precisava sair dali e trabalhar na minha especialidade.

Eu estava tão irritada com toda essa situação, que nem mexer naqueles papéis à minha frente, eu mexia. Eu estava sentada em minha cadeira, com os pés em cima da mesa – ignorando o fato de eu estar de vestido – pensando no dia da festa de Alice. Depois de ter conhecido Sirius Black, nada na minha vida fazia sentido. E nem a vida de Lily, depois de James Potter. Coitada. Pelo menos eu não precisaria passar algum dia com o Black.

Sentia saudade de !invadir" a casa da minha melhor amiga. Mas todas as manhãs, eu a escutava gritar com o Potter por alguma coisa. Se ela soubesse o quanto eu ria, acho que colocaria as mãos na cintura e me lançaria aquele olhar fulminante. Acho que faria uma visita do casal mais briguento de todos os tempos mais tarde.

A porta do meu escritório foi aberta; continuei do mesmo jeito e olhei para quem havia entrado ali. Fingi estar olhando uma multa e quase caí da cadeira ao ver o nome de Black no papel.

Olhei novamente para o meu chefe, que observava minhas pernas com interesse. Estreitei os olhos, irritada com aquilo.

– O que deseja, senhor Digory? – perguntei, retirando as pernas de cima da mesa.

– Você já pensou no que eu lhe disse? – Ele desviou o olhar da mesa para poder olhar nos meus olhos.

– Não. Não vou fazer agora e nem nunca – respondi com raiva. Que ideia!

– Então nunca sairá desse escritório – Amos Digory encostou-se na parede. Cerrei os dentes e me levantei da cadeira.

– Ah, não? Então veja isso, chefinho.

Peguei minha bolsa, minhas chaves e a multa de Sirius Black e saí daquela sala ridícula, jogando meus cabelos para trás. Eu sabia que o Digory estava atrás de mim. Estava cansada daqueles joguinhos e ele estava querendo que eu enfiasse a minha mão naquela cara asquerosa dele.

Ele puxou meu braço e me virou. Eu o encarei furiosa, sob os olhares das outras pessoas.

– Se não me largar agora, eu vou lhe processar – ameacei.

– Rá, rá. Me poupe, senhorita McKinnon – disse ele, confiante. Essa gente não me lavavam a sério; ele não devia ter feito aquilo. – Você não é capaz.

– Tanto sou, como vou fazer – retruquei, tirando a força o meu braço do seu aperto. Aquilo provavelmente ia ficar roxo mais tarde. – Agora me dê licença... você não sabe do que eu sou capaz.

– Se sair daqui, será demitida! – gritou Amos Digory e eu me virei para ele, com os braços abertos.

– Se não se percebeu, quando eu peguei as minhas coisas, eu me demiti! – ri com escárnio e saí dali triunfante.

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