Capital

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ISABEL

Passei dias tentando esquecer aquela mulher e a noite que passamos juntas. Voltei para a fazenda no dia seguinte, com a intenção de não voltar a Capital tão cedo.

O que senti naquela noite foi intenso demais para ser repetido. A fazenda foi minha fuga de Amanda e de Carmen por semanas. Uma eu sabia que nunca iria até a fazenda, agora a outra...

– O que fazes aqui? – Disse levantando assim que a vi em pé na porta da sala.

– Eu preciso que me perdoe... – Falou entrando na casa.

– Eu disse para não aparecer mais! Por acaso é surda?! – Falei com raiva.

– Eu nunca quis te enganar, Isabel. – Amanda me seguiu pela varanda da casa.

– Imagina! Só me colocou naquela enrascada! – Virei e encarei-a. – Achas que sou idiota?

Ela tinha lágrimas nos olhos, que aos poucos caíram por seu rosto. Bufei e virei as costas. A menina conseguia mexer comigo.

– Eu não sabia da história do noivado... Eu só fiz o que meu pai pediu, chamei você para jantar na minha casa... – Falou com a voz falhando devido ao choro. – Eu juro que não tenho nada a ver com isso. – Ela estava quase me convencendo. Quase.

– Está ficando tarde, melhor você voltar para casa – Disse sem encará-la. Olhar para Amanda ainda era uma fraqueza para mim e ela sabia disso...

Se aproximou e me abraçou por trás. Suspirei e fechei os olhos tentando não cair nas suas armadilhas mais uma vez.

– Me perdoe, Querida – Ela levou os lábios ao meu pescoço e me apertou mais em seus braços.

Eu sentia algo por ela, isso eu não podia negar. Amanda não parou com os beijos e meu lado racional foi perdendo forças.

Virei de frente e a beijei.

Pude sentir seu sorriso em meio aos beijos, ela tinha conseguido. Amanda sempre conseguia o que queria comigo.

O beijo se aprofundou mais do que deveria e segundos depois minha mente já estava me levando de volta para Carmen. Direto para as lembranças daquela noite.

Eu abri meus olhos e me deparei com a realidade. Não era a Cortesã ali na minha frente.

Amanda sorria ainda sem acreditar.

– Uau... Você nunca me beijou assim! – Disse passando os dedos pelos seus lábios.

Eu me afastei e entrei de novo na casa. Fui até o pequeno bar e enchi o copo de uísque. Bebi tudo em único gole. A menina tentou novamente se aproximar.

– Melhor não! – Seu rosto estava um pouco decepcionado. – Me perdoe por passar dos limites com a senhorita. – Inventei qualquer desculpa. Meninas de família como ela, não eram beijadas assim.

– Eu adorei... – Disse pegando minha mão. – Foi o melhor beijo que já me deu... Você quase não faz isso. – Falou sorrindo e levando minha mão aos seus lábios. Amanda se aproximou de novo e tirou o copo da minha outra mão. Envolveu meus braços em sua cintura, ficou na ponta dos pés e levou seus lábios de novo ao meu pescoço. E lá estava eu, novamente cedendo.

– Me beija daquela forma de novo? – Ela pediu no meu ouvido.

– Melhor não...

– Por favor, um último beijo e não peço mais nada...

Ela aproximou mais seu rosto e seus lábios tomaram os meus com delicadeza.

Apertei ela em meus braços e aprofundei o beijo aos poucos. A lembrança da outra me invadindo. Abri os olhos e vi os cabelos loiros e a boca rosada puxando a minha cada vez mais. Eu tentei. Beijei de olhos abertos, sem emoção. Só para não ter o desejo por Carmen me atormentando.

A Cortesã e a Baronesa - Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora