Vida

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Carmen

Os meses passaram depressa. Eu sentia que a gravidez se encaminhava para o fim. Metade de mim era ansiedade, a outra metade, muita aflição!

Meus dias se resumiam a fome, estresse, ansiedade e muito sono. Sem contar o desejo por Isabel que me sufocava. A chama que sempre existiu em mim, agora, eram labaredas sem controle e minha vontade era de passar o dia inteiro fazendo amor com a minha Baronesa.

Falando nela, Isabel passou as últimas semanas no lombo de Pérola até a lua estar alta no céu. Temos estado extremamente preocupadas depois da ameaça do Barão. Bem sabemos que o velho de Alferes não é flor que se cheire.

Era uma noite típica da primavera carioca. Um calor insuportável. O bebê não parava de mexer e nenhuma posição era confortável. Não encontrava mais maneira de dormir relaxada como era no início.

– Hijo, por favor, dejas tu mamá dormir. – Pedi.

Isabel já roncava baixinho ao meu lado e eu rebolava na cama inquieta. Minha súplica foi ignorada pelo pequeno ser que fazia uma festa em meu ventre.

– ¿Usted serás um niño travieso cómo ella? – Acariciei a barriga. Estava enorme.

Me ajeitei na cama pela milésima vez. A Baronesa dormia virada de costas para mim. Queria deitar em seu colo.

– Isabel... – Cutuquei suas costas e ela resmungou brava. – Mi amor...

– Que é, Carmen? – Perguntou irritada.

– Vem me abraçar. Teu filho está sentindo tua falta. – Pedi manhosa e ela virou imediatamente.

– Pronto, filho. Agora deixa tua mãe dormir. Só assim ela me deixa dormir também. – Fez um carinho em meu ventre.

Encaixei meu corpo perfeitamente no seu e finalmente dormi.

"Abri os olhos devagar. A lua cheia ainda brilhava no céu. Ao observar o local, me recordei ser o pequeno riacho que visitei com Isabel há meses.

Havia uma mulher em frente a cachoeira. Uma negra de pele bem escura e cabelos típicos da raça, estavam armados ao redor da cabeça, onde um grande enfeite dourado repousava de lado. Uma mulher lindíssima! Fiquei encantada com ela e caminhei até o seu encontro. Ela sorria gentilmente, mas estava de olhos fechados.

Carmen... - Disse quando eu estava a poucos passos dela e abriu os olhos finalmente me encarando.

Que olhos lindos e sobrenaturais! Eram de um amarelo ouro e brilhavam mais que a lua ou as estrelas. Eram hipnotizantes! Eu não fazia ideia de quem era a mulher em minha frente, mas senti a mesma energia que sentia com Marta e tive certeza que era ela que sempre me fazia sentir bem,

Estarei com vocês! – Sorriu mais uma vez para mim e encostou em minha barriga.

Acordei assustada com uma gritaria fora da casa.

– O que está acontecendo? - Perguntei e eu e Isabel levantamos em um pulo.

– Baronesa! Baronesa! - Um dos empregados vinha correndo a cavalo enquanto gritava por ela. Gelei.

O homem entrou correndo, o cheiro da fumaça imediatamente me enjoou e seu semblante me deixou em pânico, sabia que tinha acontecido alguma coisa.

– O que houve, Florêncio? - Isabel perguntou alto, estava nervosa.

– Fo... Fogo! - Respirava com dificuldade. - Fogo na plantação de cana, Baronesa! Já pegou metade da plantação!

– Meu Deus! Tem alguém na plantação? - Ela perguntou.

A Cortesã e a Baronesa - Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora