Delírios

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Isabel

– Carmen, precisa de sua ajuda, Isabel! – Gelei na mesma hora.

Me sentei ao seu lado no sofá. Margot balançava as pernas nervosa e impaciente. Segurei em suas mãos e ela sorriu.

– O que aconteceu? – A senhora estava com os olhos marejados.

– Isabel, tu sabes que na nossa vida nada é fácil...

Apertei delicadamente suas mãos encorajando-a a continuar.

– Carmen ficou grávida. – Disse de uma vez e fiquei meio desnorteada, mas não tão surpresa, ela era o amor da minha vida, mas também era uma mulher da noite e deduzi que isso não era raro. – Não é a primeira vez... As meninas sempre interrompem a gravidez, mas Carmen dessa vez foi displicente... – Disse irritada. – Ela não se atentou aos sinais e quando resolveu tomar alguma atitude já era tarde demais... Ela tentou abortar através de um método um tanto arriscado, muito perigoso e doloroso... – Margot deixou as lágrimas caírem e sua voz falhou, meu peito doeu e uma sensação ruim tomou conta do meu corpo.

– Onde ela está, Margot? – A mulher soluçava e meu desespero foi aumentando. – Por favor, não me diga que Carmen... – Levei as mãos à cabeça.

– Não! – Margot disse entre as lágrimas. – Ela está viva. – Respirei aliviada.

Levantei ainda em choque.

– Ela está muito mal, Isabel! Levei-a de volta para o bordel depois do procedimento, ela desmaiou de dor e desde então está com febre... O médico já não sabe mais o que fazer, ela desperta as vezes, mas sempre delirante. Eu não sei quanto tempo... quanto tempo ela aguentará. – Margot se levantou e segurou em minhas mãos. – Por favor, Isabel, tu és minha última esperança, traga Carmen para cá, chame outros médicos... Na tua condição conhece muita gente, especialistas! No bordel não posso fazer mais nada por ela. Salve, a minha menina, Isabel! Por favor... – Ela voltou a chorar.

Eu não aguentei e me permitir chorar junto com Margot. A simples ideia de perder Carmen para sempre, me deixava desnorteada.

– Vamos agora mesmo para a capital buscá-la! – Margot me abraçou e sorriu em meio às lágrimas.

– Sabia que poderia contar contigo, Isabel! Tu és como teu pai... Generosa e uma boa pessoa. – Ela acariciou meu rosto. Sorri e agradeci. Ela não sabia ainda, mas eu já conhecia sua história de amor com o Barão.

– Faço isso antes de tudo porque eu amo Carmen!

– E Carmen tem sorte por ter em sua vida! – Disse limpando as lágrimas.

Fui até meu quarto e troquei de roupa o mais rápido possível. Lucília furiosa entrou batendo a porta.

– Vai mesmo trazer essa mulher para cá? – Disse brava.

– Sim! E por favor prepare meu quarto para recebê-la! - Me limitei a dizer, não tinha tempo para discussões.

Lucília me olhou ainda em choque.

– Mas Isabel o que as pessoas vão falar...

Não deixei ela continuar

– Não estou nem aí para opinião de ninguém e tu melhor do que ninguém deveria saber disso! Nesse momento a única coisa que me importa é salvar a vida de Carmen! – Ajeitei minha roupa e sai do quarto deixando Lucília no quarto ainda calada.

– Vamos, Margot! – Peguei a mulher pela mão e chamei o cocheiro que logo se prontificou em buscar a carruagem.

A governanta apareceu novamente na sala.

A Cortesã e a Baronesa - Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora