Tú hijo

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Carmen

Depois de fazer amor por horas, dormi no colo de Isabel. Sem dúvidas o meu lugar favorito no mundo e acordamos com Marta nos chamando para o almoço. Antes de sair para a sala de jantar, decidi que estava na hora de deixar algumas coisas bem claras aqui para o bem de todos. Enlacei meu braço no de Isabel que aceitou e caminhou orgulhosa até a mesa, podia sentir que ela não esperava aquilo, mas gostou e eu também.

Assim que botamos o pé no cômodo, Lucília me olhou da cabeça aos pés com desprezo e Héloïse se remexeu na cadeira. O lugar ao lado esquerdo da ponta da mesa estava vago e a Baronesa puxou a cadeira gentilmente para eu me sentar.

Ficamos em silêncio por um tempo, cada um perdido em seus próprios pensamentos e os meus eram uma oração, um pedido de paciência silencioso. Prometi a Isabel que tentaria manter a calma pelo bebê. Uma tarefa que se tornou quase impossível quando Héloïse quis saber onde a Baronesa estava pela manhã.

Louis logo chamou a atenção para ele e emendou uma conversa com Isabel sobre a fábrica. Senti que ela não poderia cumprir a promessa de ficarmos no quarto pelo resto do dia, mas entendi. Sei que eles precisam resolver tudo ainda essa semana. O francês notou por nossos olhares trocados que tínhamos planos, mas eles podiam esperar até a noite.

– Não sei porque atrapalharia a Isabel... Afinal, ela e Carmen não são um casal! – Héloïse disse.

Fechei os olhos e apertei os talheres com força. Tive um vislumbre do garfo que estava em minha mão entrando na garganta dela, mas me contive.

Bebé, tú salvo a todos nosotros outra vez!"

Respirei fundo, balancei a perna na esperança de me acalmar.

– Isabel é uma moça solteira, Senhorita Héloïse. – A governanta asquerosa se pronunciou. Ela me detestava.

"Deus, eu sei que não gosta de cortesãs, nem de... bem... duas mulheres, então deduzo que o Senhor provavelmente deve detestar uma cortesã apaixonada por uma Baronesa. Mas pela benevolência que tens. Não permita que mais ninguém abra a boca."

Minha respiração estava alta, eu sentia que se alguém suspirasse, eu poderia facilmente matá-lo. Isabel segurou minha mão que apertava o talher. Delicadamente retirou o objeto e cercou seus dedos nos meus, assim, diante de todos. Ela me surpreendeu com o ato, mas mais ainda depois de dizer exatamente o que eu queria ouvir. Nunca me senti tão emocionada em toda a minha vida. Apertei sua mão e sorri, ela me olhava com carinho. Naquele momento me senti a mulher mais amada e mais odiada do Império.

– Ela está grávida, Isabel! E nem mesmo deve saber quem é o pai dessa criança!

"Obviamente e como sempre, Deus não ouviu minhas preces."

Levantei da mesa em um pulo.

– Esse niño é meu! Não pertence a nenhum hombre! – Disse ríspida.

"Quem ela pensa que é?"

Nossos olhares se cruzavam. A raiva era palpável. Há tempos quero estapear essa velha, acho que hoje é o dia. Louis, se levantou ao meu lado e delicadamente tocou meu braço. Pediu calma a todos, mas era tarde demais.

– Não criei Isabel para isso. – Nos encarávamos como dois animais prestes a se matar. – Ela não criará um bastardo!

Dizem que palavras são como açoites. Rápidas, certeiras e doloridas. Realmente são. Eu senti fisicamente o que Lucília disse e meu bebê também. Sei pela cólica que me fez suspirar um pouco depois de ouvir aquilo. Nem ele me seguraria depois disso.

A Cortesã e a Baronesa - Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora