Betina

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Carmen

No outro dia o médico foi pela manhã à casa. Examinou cada uma das meninas em seus quartos e por último subiu ao meu.

– ¡Hola, Doctor! - Sorri maliciosa só para vê-lo desconcertado. - Sentiu saudades?

– Carmen, Carmen... - Ele riu me admirando e balançando a cabeça. - Como tem passado?

– Bem y tú? - Eu e ele éramos velhos conhecidos, desde que me lembro Dr. Paulo é o único médico que vem até o bordel.

– Bem, Querida. - Sorriu gentil. - Me diga, que mal te aflige?

– Vômitos, enjoo, mais estresse que o normal... - Ele riu. - O mesmo que as últimas vezes.

– Então já sabes o que tem... - Me respondeu como se fosse óbvio.

Suspirei irritada e concordei com a cabeça.

– O que pretende fazer dessa vez? - Dr. Paulo perguntou.

– O mesmo de sempre, oras! - Respondi o óbvio.

– Carmen... - Ele caminhou até mim e eu já sabia que lá vinha discurso. - Tem certeza?

– Paulo, qual é a tua sugestão? Hum? Quer que eu leve isso a frente e crie uma criança aqui? Ou talvez tu acredite que eu possa casar com o pai e viver feliz para sempre? Me poupe de discursos vazios que não me ajudarão em nada, assim como não ajudaram das outras vezes!

– Me desculpe... É meu dever como médico e ser humano sempre perguntar se tu tens certeza disso. - Falou irritado.

– Tenho! - Disse com a mesma irritação. - Tive antes e se a tua preocupação é arrependimento, não me arrependo, acontece, faz parte do ofício. - Ri para ele.

– Tu não tem jeito, menina. Preciso saber a quantas andam sua gravidez. Há quanto tempo tem estado assim?

– A primeira vez que percebi mudanças foi a mais ou menos um mês.

– Um mês, Carmen? E não me chamou aqui antes por quê?

– É complicado... me descuidei dessa vez.

– Passou tempo demais pensando na Baronesa de Vassouras e esqueceu das suas obrigações?

Olhei brava e surpresa para ele.

– Tem vezes que me surpreendo com como as fofocas correm rápido nessa cidade... - Ele riu, Dr. Paulo era um senhor com uma idade já avançada, um grande amigo de Margot e muito querido, sempre tratou todas nós muito bem e com gentileza.

– Estou preocupado com o tempo que demorou para me chamar aqui, Carmen. - Suspirei também me preocupando. - Vou te examinar e passar um remédio que deve ser suficiente, volto aqui para trazê-lo ainda essa semana, mas sabe que se não funcionar a única solução é fazer de outra maneira.

Concordei. Dr. Paulo me examinou, deu algumas orientações e saiu. Atirei-me na cama suspirando irritada. Não acredito que deixei passar tanto tempo, logo eu que há anos estou aqui. Talvez ele tenha tido razão quando disse que passei tempo demais pensando em Isabel.

– Então, Querida? - Margot entrou no quarto e eu revirei os olhos.

– Tu tinha razão. - Sentei na cama encarando-a.

– Eu sei. Chamei-o aqui só por tua causa. - Olhei brava para ela. - Não me olhe assim, Carmen, tu mudou muito desde que a Baronesa surgiu. Tornou-se descuidada com tudo! Eu sei que tem sofrido, mas precisa voltar a ser a mesma pessoa de antes.

A Cortesã e a Baronesa - Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora