São Rafael

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Isabel

Eu larguei Héloïse na mesa sozinha assim que Carmen deu as costas. Vi quando parou no corredor e suspirou forte depois de escutar o que a francesa disse. Eu não queria ficar sozinha com ela, não que não fosse uma companhia agradável. Era é uma menina belíssima e elegante, se o destino não tivesse cruzado o meu caminho com o de Carmen novamente, talvez Héloïse tivesse alguma chance e espaço em minha vida. Mas não podia negar que meu coração pertencia a uma só mulher. E ela estava bufando de raiva nesse momento.

Fizemos amor naquele dia, no meio dos tapas e xingamentos de Carmen. Aquela mulher era intensa e descobri que fazer sexo de reconciliação era a melhor coisa do mundo. Passamos boa parte da manhã trancadas no quarto, não me atrevi a sair dali sem pelo menos acalmar aquele ser feroz que era Carmen. Acabamos por pegar no sono e acordamos ao som de batidas na porta.

Baronesa...

Carmen se remexeu em meu colo.

– Não ouse levantar... – Falou se agarrando ao meu corpo nu.

Eu não ousaria mesmo, tudo contribuía para ficar ali naquele quarto. A linda mulher nos meus braços, o clima chuvoso que era sinônimo de cama e sono, o aconchego do nosso quarto... tão nosso agora, que seria difícil se tivesse que me acostumar a ficar sozinha novamente.

Mais algumas batidas.

– Baronesa... – Era a voz de Marta.

Carmen resmungou novamente e deixei um beijo em sua testa antes de levantar. Peguei um robe que estava próximo e fui até a porta. Marta me olhou um pouco envergonhada, já que quando abri a porta ela viu a Madame deitada na cama e deve de ter deduzido o óbvio.

– Me perdoe incomodá–la, Baronesa! – Falou tímida. – Mas seus convidados estão aguardando para o almoço.

Por um momento me esqueci das visitas. Carmen me tirava de órbita, eu esquecia dos compromissos e de qualquer pessoa quando estava ao seu lado. Bufei irritada.

– Desculpas novamente, Baronesa! – Marta disse.

– Oh não, Marta! Não estou irritada contigo, não se preocupe! – A mulher sorriu para mim um pouco aliviada. – Diga a eles que logo estaremos prontas para o almoço. – Ela assentiu e se retirou.

Fechei a porta e voltei para cama.

– Precisamos ir, meu amor... – Disse beijando as costas de Carmen.

– No quiero! – Falou sonolenta.

– Prometo que logo voltaremos para o quarto. – Ela se espreguiçou e sorriu mais satisfeita.

– Muito mejor! – Falou me puxando para um beijo.

Levantamos em seguida e nos vestimos para o almoço. Beijei Carmen antes de sair do quarto e acariciei sua barriga, como sempre fazia.

– Por favor, tente manter a calma, pelo bebê... – Ela revirou os olhos e bufou.

– Tentarei... – Disse saindo na frente. Carmen abriu a porta e me esperou no corredor. Quando estávamos quase chegando a sala de jantar, ela enlaçou seu braço no meu e me puxou para junto de si, ela não costumava fazer isso na frente de outras pessoas. E eu sabia bem que isso era um recado para Héloïse.

Eu, como uma gentil pessoa, não me atrevi a sair daquele enlace e com todo orgulho que existia em mim, levei Carmen pelo braço até a sala de jantar, como se estivesse levando para o altar. Louis foi o primeiro a nos ver e se levantou sorrindo.

– Querida Carmen! – Disse fazendo um cumprimento gracioso de onde estava. – Isabel! – Fez o mesmo comigo.

Héloïse estava sentada de frente para Louis na mesa, Lucília ao meu lado direito e a cadeira do lado esquerda vazia. Meu amigo poderia se sentar ali, mas eu sabia que ele tinha deixado esse lugar para uma pessoa, assim como sabia que provavelmente não deixou que a prima se acomodasse ali. Puxei a cadeira para Carmen sentar e fiz o mesmo na ponta da mesa.

A Cortesã e a Baronesa - Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora