Ciúmes

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CARMEN

Assim que Isabel me levou para o quarto tivemos uma discussão por ciúmes. Sinceramente não sei o que andava se passando na minha cabeça e muito menos na dela. Fiquei muito brava, principalmente quando tive que lembrar a Isabel que ela andava pela corte com a filha do comerciante e parece que a Baronesa refletiu sobre isso quando toquei no assunto, não sei se pela cobrança que me fazia ou pela lembrança da outra. Arrependi-me de falar sobre, mas já era tarde e ela sorriu quando percebeu que eu também sentia ciúmes. Virei as costas, estava brava com ela e principalmente comigo.

Isabel me abraçou por trás e eu suspirei, logo ela beijou meu pescoço e esqueci completamente o porquê estava tão irritada. Quando beijou meus lábios, por um momento esqueci de tudo, como se o mundo inteiro não fizesse mais sentido nenhum. Quando me empurrou delicadamente para cama e me despiu, senti como se ela não tirasse somente as minhas vestes, mas grossas estruturas de uma personalidade que por uma vida inteira lutei para construir. Quando beijava meu pescoço e seu corpo nu delicadamente cobria o meu, senti como se seus beijos tocassem uma parte do meu ser que nem eu conhecia e então percebi que já era tarde demais para fugir das garras daquela mulher.

– Canta para mim? – Pediu.

Eu estava deitada em seu peito e ela passeava os dedos por minhas curvas nuas, me fazendo arrepiar. Cantarolei baixinho um poema antigo.

– Tua voz fica ainda mais linda assim, sabia?

– Como? - Perguntei.

– Manhosa, cansada e aqui nos meus braços.

Sorri, deixei um beijo delicado em seu pescoço e me aninhei mais nela, mas eu estava apavorada porque me dei conta que talvez eu quisesse cantar para ela por toda a minha vida.

– Não sabia que gostava desse tipo de coisa. - Falou se referindo ao poema que cantarolei.

– Há muitas coisas que não sabe sobre mim, Baronesa. – Ela estreitou os olhos e eu sorri.

Isabel me puxou para cima de seu corpo e a beijei devagar, mas logo o quarto já estava em chamas outra vez. Dormimos abraçadas naquela noite, eu em seu peito e ela deixando um carinho em meus cabelos.

– Bom dia, Carmen. – Quando abri os olhos, Isabel ainda estava deitada e me olhava encantada, sorri.

– Bom dia, Baronesa. – Respondi preguiçosa.

– Quando vai parar de me chamar assim? – Ela perguntou divertida.

– Acho que nunca. – Mesmo com os protestos da minha consciência, aproximei meus lábios dos dela e roubei-lhe um beijo tranquilo.

– E aquela história de "sem besos na boca"? – Imitou meu sotaque.

– Cállate... – Ela sorriu e me puxou para um beijo quente, intenso.

– Quantas bocas beijou antes da minha? - Perguntou e entendi que ela queria saber quantas vezes me apaixonei.

– Poucas... bem poucas, Isabel. – Respondi suspirando por lembrar que isso não acabaria bem.

– Nunca gostei tanto do meu nome. – Olhei confusa. – Teu sotaque... É quente.

Seus olhos tinham um misto de desejo e paixão que me fez suspirar.

– O que fez comigo, Baronesa? – Perguntei acariciando seus lábios devagar.

– Eu que deveria perguntar, Madame. – Ela me olhava tão intensamente, chegava a ser assustador. – Senti saudades.

A Cortesã e a Baronesa - Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora