PRÓLOGO

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Abri os meus olhos e a primeira coisa que vi foi o teto branco e sem graça, uma luz branca e fraca deixa o ambiente um pouco mais confortável, desci o meu olhar analisando toda aquela "sala" e eu finalmente encontrei uma pessoa, uma mulher está sentada em uma poltrona bem a minha frente, uma senhora de cabelos curtos e grisalhos, sardas evidentes e um óculos grande, sem graça e redondo, ela me encara com afinco e sua expressão e indescritível, até pra mim.

- você  pode me contar sobre sua família? Me diga um pouco sobre o ambiente que você cresceu.- ela perguntou sem desviar o olhar de mim por nenhum segundo.

Mantive meu corpo inerte, mas respondi sua pegunta afirmando com a cabeça.

- eu nasci em uma família em uma família estabilizada, financeiramente falando, meu "pai" atuava como um cabo da polícia militar e minha "mãe" era professora em uma escola particular e assistente social, meus "pais" tiveram um casal, eu e meu irmão mais novo, eles eram "cristãos", então eu me lembro perfeitamente que sempre íamos a igreja aos domingos e sempre fazia a prece antes de qualquer refeição...- contei um pouco da minha história.

A mulher a minha frente desvio o olhar dos papéis que estão em sua mão e voltou a me encarar.

- me diga mais, o que mais te marcou em sua infância?- ela questinou.

No mesmo momento desviei meu olhar do dela, encarei o teto, juntei minhas mãos e fechei os olhos e tudo voltou a tona como se eu realmente estivesse lá de novo.

- eu sempre fui uma criança um pouco estranha, sempre gostei de ficar isolada e as outras crianças também não gostavam de mim, eu era a única garota negra em uma escola aonde só existam alunos brancos e de ótimas famílias...isso me marcou, mas algo me marcou mil vezes mais!- confessei e mesmo sem abrir os olhos vi que o olhar dela estava sobre mim.

Dei um suspiro tentando fazer aquilo doer menos, mas não adiantou, então eu tive que ser forte pra enfrentar aquele problema mais uma vez.

- eu me lembro de uma noite, minha avó tinha Alzheimer e as vezes minha mãe ia ficar com ela na clínica, eu me lembro bem que eu estava no meu quarto dormindo, como qualquer outra criança e no meio da madrugada eu ouvir um barulho estranho, passos, a porta se batendo e... gemidos, talvez, eu abri os olhos e vi um homem em cima de mim, eu não entendi bem o que estava acontecendo ou o que ele estava fazendo, mas eu lembro que ele estava despido e ele... acariciava seu órgão íntimo enquanto passava a mão por meu corpo, eu não sabia o que ele estava fazendo, mas eu tinha certeza absoluta que aquilo era errado, eu pensei em gritar, pensei em chamar por meu pai, mas adivinha a minha surpresa?! Ele já estava ali, estava abusando de mim.- desabafei e dessa vez eu não chorei, me segurei, fui forte e falei tudo.

Abri os olhos e encarei "aquela" mulher novamente, ela está me encarando e o seu olhar carrega pena e compaixão, assim como todos os outros psicólogos que eu já fui em toda minha vida, eles sempre reagem da mesma forma.

- você vai me perguntar mais alguma coisa?- a questionei.

Ela me encarou com uma certa surpresa e desviou seu olhar do meu encarando os seus papéis.

Pra uma psicóloga ela aparenta ser um tanto quanto ansiosa, posso notar pela expressão do seu rosto, o jeito que ela rói as unhas, seus velho sapato de salto batendo no chão a cada segundo...apesar da sua idade ela não aparenta ser experiente.

CAMINHOS CRUZADOS (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora