Capítulo 7

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Lydia chegou ao trabalho mais cedo. As chances de sua supervisora ter chegado ainda antes dela eram grandes. As pessoas sempre podiam contar com Vilma Johnston sentada em sua mesa ou ali por perto.

Vilma era uma mulher que Lydia admirava tanto quanto respeitava. Quando precisava de um conselho, não havia ninguém cuja opinião valorizasse tanto.

Ao enfiar a cabeça pela porta aberta da sala da chefe, Lydia sorriu de leve. Como esperava, Vilma estava lá, enterrada atrás das pastas e da papelada que eternamente lhe entulhavam a mesa. Era uma mulher baixa, com pouco mais de um metro e meio de altura. Usava o cabelo cortado bem curto, por praticidade e também por estilo.

Uma ilha de calma, era como Lydia frequentemente imaginava Vilma, embora o modo pela qual ela conseguia se manter calma, tendo uma vida atribulada por uma carreira exigente, dois filhos adolescentes e uma casa que Lydia já notara que vivia cheia de gente, escapava totalmente à sua compreensão.

Lydia sempre refletia que queria ser como Vilma Johnston quando ficasse mais velha.

-Você tem um tempinho?

-Claro! - respondeu Vilma, com a voz agitada e cheia de vida, enfeitada pelo sotaque sulino. Convidou Lydia a se sentar em uma cadeira e balançou a pequena argola de ouro que usava como brinco na orelha esquerda. -É o caso Stilinski-Dunbar?

-Exatamente! Havia uns dois Fax esperando por mim, enviados ontem pelo representante dos Stilinski, de um escritório de advocacia em Baltimore.

-E o que o nosso advogado de Baltimore tinha a dizer?

-O ponto principal é que eles estão requerendo a guarda do menino. Ele vai enviar uma petição à corte. Parece que a família está levando à sério o objetivo de manter Liam Dunbar na casa deles, e sob seus cuidados.

-E…?

-É que esta é uma situação incomum, Vilma. Até agora eu só consegui conversar com um dos irmãos. Aquele que morava na Europa até pouco tempo atrás.

-Mieczyslaw? E quais foram as suas primeiras impressões?

-Ele certamente impressiona… - e como Vilma era também uma amiga, Lydia se permitiu dar um sorriso e girar os olhos. -Um colírio de Homem! Quando cheguei, estava consertando os degraus da varanda dos fundos. Não me pareceu exatamente feliz com a situação, mas demonstrou uma grande determinação. Senti um pouco de raiva nele e muito pesar. O que me impressionou mais, porém…

-Além da aparência dele?

-Além de sua aparência - concordou Lydia, com uma risada. -Foi o fato de que ele nem sequer por um momento questionou a guarda de Liam. Era um fato simples e decidido. Se referiu a Liam como seu irmão. E falava muito sério. Não tenho certeza quanto a ele saber exatamente como se sente a respeito disso, mas ele realmente falava sério.

E continuou a contar a história, enquanto Vilma ouvia, sem comentar nada. Lydia relatou em detalhes tudo sobre o que falaram, a determinação de Stiles em mudar seu estilo de vida e a sua preocupação sobre a possibilidade de Liam fugir, se fosse levado daquela casa.

-E - continuou ela -Depois de falar com Liam eu estou tendendo a concordar com ele.

-Você acha que o menino pode acabar fugindo?

-Quando sugeri um abrigo na casa de alguém, durante o processo para a sua possível adoção, ele ficou com raiva e mostrou um ar de ressentimento. E medo… caso se sinta ameaçado, ele foge sim. - e se lembrou de todas as crianças que acabavam nas ruas pobres das cidades do interior, sem casas e desesperadas.

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