Capítulo 16

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A coisa teria parado nos sapatos, se Stiles não tivesse reparado que as calças de Liam não estavam tão boas. Não que ele se incomodasse com aquilo, afirmou a si mesmo. Mas era melhor, já que eles estavam lá, comprar uns dois pares de calças jeans para o garoto.

Stiles tinha certeza de que se Liam não tivesse reclamado tanto por ter de experimentar os Jeans ele não teria se sentido compelido a empurrar camisas, shorts e um casaco. No fim, de algum modo, acabaram comprando ainda três bonés, um agasalho Orioles e um Frisbee fosforescente.

Ao tentar se lembrar exatamente do momento em que aquela primeira excursão começou a escapar do controle, Stiles viu tudo se misturar em um borrão de araras para roupas, vozes que reclamavam em seu ouvido e o tilintar de caixas registradoras.

Os cães fizeram a maior festa, recebendo-os com um entusiasmo selvagem e desesperado no minuto em que eles passaram pelo portão. Teria sido uma recepção comovente se não fosse pelo fato de que os dois animais estavam fedendo a peixe morto.

Com mais xingamentos, empurrões e ameaças, os humanos conseguiram fugir para dentro de casa, deixando os cães e seus sentimentos feridos do lado de fora. O telefone estava tocando.

-Alguém atende aí, por favor! - implorou Stiles. -Liam, leve essas coisas lá para cima e depois vá dar um banho naqueles cachorros fedorentos.

-Nos dois? - a idéia o deixou empolgado, mas ele achou melhor reclamar: -Por que é que sou eu quem tem que fazer isso?

-Porque eu estou mandando! - ah, como Stiles detestava cair no lugar-comum de uma frase como essa, tão idiota, tão coisa de adulto. -A mangueira está lá nos fundos. Por Deus, eu preciso de uma cerveja!

Por não ter força nem mesmo para isso, se deixou largar na poltrona mais próxima e ficou fitando o vazio, com os olhos vidrados. Se tivesse que enfrentar novamente um shopping como aquele na vida, prometeu a si mesmo, iria dar um tiro na cabeça e resolver o problema.

-Era a Lydia - avisou Louis ao voltar para a sala, caminhando devagar.

-Lydia? Hoje é sábado! - não conseguiu reprimir um gemido de estafa. -Preciso de uma transfusão de sangue. Me dê seu sangue, Louis.

-Ela mandou dizer a você que ela mesma cuidará do jantar. E deixa de ser idiota.

-Ótimo, legal! Agora eu preciso me recuperar um pouco. O garoto vai ficar com você e com Scott hoje à noite.

-Só com Scott - corrigiu Louis -Eu também tenho um encontro. - mas se deixou afundar em outra poltrona e fechou os olhos. -Não são nem cinco da tarde e tudo o que eu quero fazer é rastejar até a cama, cair no sono e me lançar no esquecimento. Como é que as pessoas fazem essas coisas consigo mesma?

-Agora ele tem roupa o bastante para durar um ano. Se a gente tiver que fazer isso apenas uma vez por ano, até que não é tão mau.

Louis abriu um olho.

-Ele tem roupa para a primavera e o verão. E quando o outono chegar? Vão ser suéteres, casacos e botas. E está arriscado a ele crescer depressa demais e perder antes do tempo toda essa porcaria de roupa que a gente comprou hoje.

-Não podemos deixar que isso aconteça. Deve haver uma pílula ou algo desse tipo que a gente possa dar para ele parar de crescer. E talvez ele já tenha um casaco pesado.

-Não, ele chegou aqui só com as roupas do corpo. Papai não conseguiu receber um pacote completo, mas uma vez…

-Tudo bem, a gente pensa nisso mais tarde. Bem mais tarde. - Stiles pressionou os dedos sobre os olhos. -Você reparou no jeito com que o Argent olhou para ele, não reparou? Viu o jeito nojento com que aqueles olhos brilharam?

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