7°- CAPÍTULO ✝

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– Acorda!

Minha cabeça tomba para o lado em reação a voz que grita.

– Anda, acorda de uma vez!

Meu corpo é empurrado para trás e sinto que faz um movimento de vai e vim. Ele doía como se tivesse sido esmagado, e estou totalmente fraca e sem energias para sequer, me mexer direito.

– Eu falei para você acordar!

Sinto um grande impacto contra meu rosto, o que me faz abrir os olhos de uma vez quando a dor estridente corre por todo meu corpo. Minha visão fica turva, e a má iluminação do lugar onde estou, não ajuda. Algo quente escorre por meu rosto, me causando uma grande aflição. Tento mexer meus braços, mas sinto-os pendidos para cima. Minhas pernas fraquejam e só não caiu porque estou presa pelos braços.

– Até que enfim! Já estava começando a perder a paciência. – A mesma voz feminina de antes, diz.

Com certa dificuldade, levanto minha cabeça, tendo minha visão melhorando aos poucos. Tento identificar o lugar em que estou, mas é impossível, tudo está escuro demais. Será que eu realmente morri e isso é o passo para o inferno?

– O que foi? Não vai dizer nada? – Um pequeno vestígio de luz aparece atrás de mim, contornando meu corpo até parar na minha frente, relevando a imagem da garota de antes, Sophie, que segurava uma pequena lamparina.

Seu vestido preto estava rasgado em várias partes, mostrando grandes manchas de sangue por seu corpo e rosto. E apesar de toda sua aparência, ela não me parecia machucada, apenas mais uma criatura de Setealém como outra qualquer. Eu pensaria assim se não tivesse a visto antes, pois, sei que seu estado se dá ao fato de nossa queda.

– Estamos mortas? – Com um tom baixo, pergunto, recebendo uma risada sem humor.

– Ainda não. – Sophie se aproxima um pouco mais de mim, e posso ver que com sua mão livre da lamparina, ela segura uma adaga. – Você caiu por cima de mim, quase morreu, mas eu te salvei. Então, me agradeça. – Ela se inclina em minha direção, levando a adaga até o meu rosto e encostando o objeto gelado contra a minha pele.

– Como você está viva? – Recobrando os meus sentidos, pergunto um pouco mais alto.

– Eu não sou humana, esse tipo de coisa não me mata. – Ela responde com desdém, me fazendo lembrar que Valerie disse que para matar alguém de Setealém, é preciso usar algo do mundo humano.

– Por que eu estou presa? – Continuo com o meu interrogatório, tentando puxar meus braços, sem sucesso. Só consigo escutar o barulho de correntes. – E que lugar é esse? – Olho em volta, tentando enxergar algo, mas continuava impossível. A fraca luz vindo da lamparina de Sophie, não era o suficiente para me dar conhecimento desse lugar.

– Quantas perguntas chatas. – Sophie bufa, parecendo se irritar. – Eu te trouxe até aqui e não te deixei morrer, isso deveria ser o suficiente para você. – Ela aperta a ponta da adaga contra minha bochecha, me fazendo sentir uma pequena fisgada.

– Eu não credito nisso... você tentou me jogar de um prédio de cinco andares e agora me prende em um lugar que eu nem sei o que é. – Tomando toda minha consciência de volta e tentando esquecer da dor por todo meu corpo, solto toda minha indignação de uma vez sobre ela.

– Você deveria falar mais baixo, não está em uma boa posição aqui. Eu não ia te matar, só te machucar um pouco. – Ela estreita seus olhos, descendo a adaga por minha bochecha, causando um corto.

– O que você quer comigo? – Pergunto entre um gemido de dor.

Preciso lutar contra minhas próprias forças, minhas pernas ainda fraquejam um pouco.

SETEALÉM || H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora