"O despertar de um lobo"

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X Capítulo 6 X

O ômega massageava a cabeça de seu filhote. Agora, Katsuki desfrutava dos seus dezesseis anos de idade. Bom, não exatamente "desfrutar", mas aos olhos da gente esse jovem alfa possuía uma juventude e vida perfeita. Pensamento que não se aproximava nem um pouco da realidade distorcida vivida por ele.

Bakugou era muito elogiado por ter uma mente madura. Mas isso se deve ao triste fato de tudo que viu no decorrer de sua infância. Por mais que afirmar isso causasse repulsa no moreno, tamanha educação e amadurecimento se devia ao seu pai. Querendo ou não Tomura realmente exerceu um excelente papel como pai.

Mas um horrendo papel como marido.

Como pessoa, na verdade.

Poucas são as memórias que o loiro possui de ver Izuku contente. E em todas elas eram em momentos onde o de cabelos cinza não estava em casa. Shigaraki tinha essa mania de sair em uma sexta-feira e só voltar em uma quarta-feira, sumindo como se fosse um fantasma. Até hoje Katsuki e Midoriya não sabem o que ele faz, mas também preferem não saber.

E hoje era um desses dias especias, onde a casa era só deles. Quando o patriarca cruzava aquela porta, de imediato a atmosfera tensa se dissolvia dando lugar a um ambiente de tranquilidade e alívio. Eram nesses dias, preciosos dias, que Katsuki conseguia ver quem era Izuku de verdade.

Um ômega cuidadoso, carinhoso, determinado e protetor. Mesmo com tudo que sofre, o esverdeado ainda consegue sorrir e encarar um novo dia. Ao ver a luta diária do sardento, o sentimento de devoção cresce cada vez mais no peito do moreno. E também o pensamento de dar uma vida melhor a pessoa que ele mais ama em todo o mundo, crescia.

Bakugou estava cansado, não conseguia tolerar os abusos que Midoriya sofria naquele lugar. Tanto, que após completar 13 anos, o mesmo passou a peitar Tomura. Logicamente no início não conseguia protegê-lo, mas aos poucos, com o desenvolvimento do seu corpo, Katsuki chegou a um nível de passar na frente do ômega preparado para apanhar por ele.

O que mais frustrava o de olhos carmim, era que Tomura não tentava mais nada! Claro, era excelente não levar uma surra, mas isso só mostra que ele só queria o Midoriya! Toda vez que Shigaraki recua quando ele aparece para defender o sardento, uma sensação amarga surge em seu peito. Algo similar a indignação, misturado com ódio e repulsa.

Só de pensar que alguma vez tinha admirado aquele alfa fazia seu estômago embrulhar de nojo. A verdadeira pessoa que merecia toda admiração, respeito e amor era Izuku. Izuku e mais ninguém. Talvez ele mesmo também merecesse elogios, assim como todos dão pelo simples fato dele existir, mas Midoriya merece muito mais.

— E como vai aquele seu melhor amigo Kirishima, meu dragão? — o esverdeado questionou encarando-o com doçura. Ele podia não conhecer o ruivo, mas agradecia pelo fato do seu filhote ter um amigo tão maravilhoso como era Ejirou.

— Mamãe, não me chame assim. Você sabe que esse apelido é vergonhoso para porra! — resmungou fazendo bico. Tudo que recebeu como resposta foi uma gargalhada, porém isso não o incomodou. A doce risada do ômega era música para seus ouvidos, de todas as formas. — Ele está bem. Só está pagando pau para um ômega novato, mas fora isso ele continua sendo o idiota de sempre.

— Mas é esse idiota que vai ficar ao seu lado para o resto da vida. — disse, piscando o olho direito. — Aproveite essa amizade tão boa, por mais que você ache que ele é alguém retardado.

Bakugou concordou com a cabeça. Era verdade, o cabeça oca do Kirishima era uma pessoa bastante importante para si. Ele, também, era o único que chegava a suspeitar que tinha algo de errado na vida do seu melhor amigo, todavia ele não sabia dizer o que era. De todas as formas, aquele alfa seguia sendo um ombro amigo para os momentos de necessidade do loiro.

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