"A trágica despedida"

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X Capítulo 10 X

Ele abria a boca para falar, contudo sua voz não saia. O ambiente ao seu redor estava embaçado e com pouca luminosidade. A única coisa nítida que Katsuki era capaz de ver, era Ground Zero o encarando com preocupação. O que estava acontecendo? Estava no seu subconsciente novamente? E por que o animal estava preocupado se ele acabara de ter o momento mais emocionante de sua vida?

Nem mesmo suas pernas estavam obedecendo. Era como se Bakugou fosse apenas um espectador e sua mente inteira um teatro. Sonho, talvez? Não. As sensações eram vividas demais para ser uma mera ilusão gerada quando o corpo em descanso. Sendo assim, o que?

— Cuidado. Você cometeu a maior bobagem de sua vida. Ou melhor, nós cometemos. — o lobo de cor marfim alertou. — Cuidado com o demônio à espreita.

E antes que o moreno pudesse realizar qualquer coisa, fora acordado por suaves dedos passeando pelo seu rosto. Ao abrir os olhos se deparou com um anjo. Ah, céu, por que fora demasiado bondoso em lhe presentear com um dos seus habitantes? A terra era cruel e impura, portanto se encarregariam de arrancar as asas de Izuku.

Mas o alfa não iria permitir.

— Eu te acordei? Desculpa. — disse com o tom baixo. Provavelmente tinha acordado recentemente. — Você estava inquieto então pensei que estivesse tendo um pesadelo.

O loiro escondeu o rosto no dorso do ômega. Ainda estava angustiado com o sonho que tivera. Que tipo de erro havia cometido? De qualquer maneira não pensaria nisso agora, apenas seria mais atencioso com o mundo ao seu redor. Talvez ele, com alguma ação grosseira, tivesse feito algum inimigo que tentaria o prejudicar no futuro.

— Me ensina a preparar algo delicioso para o café da manhã? — pediu, com a intenção de afastar esses pensamentos.

— Você querendo cozinhar algo que não seja bolo? — questionou divertido, lembrando das vezes em que Bakugou preparava bolos deliciosos para si e para ele. — Uma novidade espantosa, devo admitir.

— A culpa é minha se eu tenho um chefe dentro de casa e quero umas aulas de graça? — riu e apertou a bunda de Midoriya. — Você está me subestimando. E você sabe que não gosto de ser subestimado.

— Claro que eu sei. — sorriu de canto. — Eu já fui assim. Um garoto torpe que queria provar seu valor para o mundo. E de fato, consegui. Mas... uh... b-bem... essa fase não durou por muito tempo.

Katsuki, para destruir esse sentimento ruim que Izuku estava sentindo, começou a mordiscar suas bochechas. Risadas suaves escapavam da boca do ômega, acalmando assim a atmosfera entre eles. Por mais curioso Bakugou estivesse em relação ao passado do sardento, não queria fazê-lo lembrar da época em que era livre.

Mas as perguntas seguiam surgindo em sua mente. Como ele era quando jovem? Tinha muitos amigos durante sua infância?

Quando... começou a se relacionar com Shigaraki?

Foi forçado ou ele escolheu? Seu pai sempre o maltratou ou isso veio com o tempo? Há quanto tempo ele está submetido a essa tortura? E sua família sabia onde Izuku está? Ele já planejou em escapar algum momento de sua vida? E enquanto gerava Katsuki no seu ventre, não sentiu asco por estar portando o filho de Tomura em seu corpo?

Agora que parou para pensar, se ele era filho de Midoriya, por que não se parecia com ele? Nem mesmo herdará essas adoráveis sardas. Ou tampouco esse belo par de esmeraldas. De fato era estranho, talvez a genética tivesse sido bem cruel até nesse ponto. Ou, na pior das hipóteses, o alfa não era filho daquele ômega.

Complexo de Édipo [ KatsuDeku ]Onde histórias criam vida. Descubra agora