"O novo mundo"

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X Capítulo 13 X

Impulso.

Cerca de muitos problemas são ocasionados pelo impulso. Sentimento este movido a base de ódio e coragem. Assemelha-se a um jogo de azar: possa ser que o resultado, a depender de suas estratégias e ações, seja a vitória. Ou, por culpa do descuido e a falta de atenção, o resultado seja a derrota. Tudo depende de inteligência e paciência, ainda que seu corpo esteja sobre uma alta dosagem de adrenalina.

Katsuki era um jovem impulsivo. Caso contrário não estaria agindo como um cão esfomeado em busca de um pedaço suculento de carne. Paciência não era o seu forte, todavia nesse dia, seria o alfa mais paciente que poderia existir. Uma mísera falha comprometeria todos esses meses de fortalecimento físico e emocional.

Julgava-se estar preparado para sentir o sangue do seu progenitor por dentre seus dedos e pedaços da sua carne incrustados nas suas unhas. Katsuki conseguia até escutar os gritos de agonia de Tomura enquanto via seu corpo sendo dilacerado por seu próprio filhote. Soava como um conto escrito na idade média, onde o filho assassinava o pai pelo trono. Só que na historia de Bakugou, o trono era Izuku.

Atrás de si, Ejirou segurava hesitante aquela arma. Katsuki insistiu em não trazê-la, afirmando que uma morte rápida seria desgostoso e entediante. Porém, por questões de segurança, ele ainda trouxe o objeto para caso a situação saísse do controle. A essa altura o moreno não colaborava com a racionalidade. Ele estava desprovido dos pensamentos mais simples como, por exemplo, proteger a si mesmo.

— Como se sente? — Kirishima perguntou enquanto abaixava seu dorso.

— Excelente. — confirmou acariciando o objeto longo e metálico em suas mãos. — Acha que no primeiro golpe ele vai morrer?

— Você me disse que ele era resistente. — franziu levemente o cenho. — Lembra-se do acordo?

— Ambos o pegamos desprevenidos e você me deixa realizar o trabalho sujo. — repetiu mecanicamente. — Porém estou com uma sensação ruim. — completou, olhando os arredores. — Tem quatro pessoas aqui nesse bosque além de nós. Não sei a posição exata, mas consigo fareja-los.

Ejirou travou a mandíbula quando percebeu as outras presenças. Quem eram? Se esse lugar é tão escondido, por que tinha invasores aqui?

Passando a língua pelos lábios, Katsuki prosseguiu:

— Ao que parece eu não sou o único que deseja a cabeça do meu pai. — sorriu amplamente. — A festa vai ser mais longa do que eu pensava.

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Izuku encontrava-se encolhido debaixo da pia do banheiro. Ouvia Tomura chamando-o, porém não sentia o mínimo de vontade de sair dali. Aquele pequeno espaço sujo e fedido se tornou um dos seus melhores esconderijos. Incrivelmente aquele acanhado lugar lhe brindava uma proteção esquisita. Talvez fosse porque havia passado muito tempo da sua vida ali, cuidando das suas feridas causadas por seu alfa.

Quando os passos apressados pararam de serem escutados, Midoriya começou a respirar normalmente. Estava controlando sua respiração para que o som não fosse escutado e ele encontrado. Demorou bastante para se adaptar, mas o sardento aprendeu a esconder sua presença dentro da própria casa.

Izuku apoiou seus braços no vaso sanitário e impulsionou-se para cima. Estava tão fraco que não conseguia nem se levantar sem a ajuda de algum objeto. Podia enxergar a perfeita imagem de Katsuki ofendendo-o por rastejar pelos cantos feito uma barata atordoada, ao mesmo tempo que o auxiliava a se erguer. Ainda que seu filhote o criticasse, sempre estava lá para acudi-lo nas piores ocasiões.

Complexo de Édipo [ KatsuDeku ]Onde histórias criam vida. Descubra agora