"As amargas lagrímas"

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X Capítulo 3 X

O já não tão pequeno Katsuki gargalhava alto. Ele e seu pai brincavam de pega-pega naquele quintal de tamanho médio. O moreno sabia que Tomura não se esforçava para pega-lo, mas de todas as formas desfrutava desses escassos momentos que tinha com o alfa.

Com seus três anos de vida, beirando os quatro, Bakugou aos poucos estava entendendo a personalidade do de cabelos cinza. O mesmo era muito sério a maior parte do tempo, porém era carinhoso consigo e com sua querida mãe. Dando carinhos no pescoço de Izuku ou fazendo um cafuné em seus cabelos que viviam bagunçados.

A única coisa que ele não entendia, eram as expressões do ômega.

Por que a mamãe parecia estar tensa o tempo inteiro? Por que a mamãe só sorria quando o papai não estava? Eram perguntas que ele se fazia, mas acabava esquecendo. Era uma cria ainda, pensamentos profundos não duravam muito tempo naquela mente curiosa.

Até que Katsuki deixou seu corpo cair naquela grama baixa. Seu peito descia e subia em uma respiração agitada, enquanto em seu rosto possuía um sorriso bobo. Shigaraki, um pouco atrás de si, observava pela janela Izuku fazer o tão desejado almoço. Inevitavelmente um sorriso malicioso se formou em seu rosto ao ver seu companheiro usando uma regata.

Sorriso que não passou despercebido por seu filhote.

— Para onde você está olhando, papai? — questionou desconfiado.

— Mamãe está muito bonita com aquela blusa, não? — disse em um tom de pirraça.

Por um breve momento, apenas segundos, Tomura pode ver as pupilas de sua cria se afinando como as de um gato. Todavia, a atenção do menino passou a ser de Izuku, quem chamava ambos para almoçar. Shigaraki realmente não queria pensar nisso, mas pensava que Bakugou mudava quando estava perto do esverdeado.

— Mamãe! — exclamou enquanto agarrava-se nas pernas do sardento. — Papai me deixou brincar no quintal hoje! Não é divertido?!

Midoriya sorriu paciente e começou a acariciar aquele cabelo loiro que era tão bagunçando quanto o seu próprio. Katsuki gostava de sentir a mão quente e macia do ômega sobre si, tanto quanto gostava de sentir aquele cheiro de morango quando o abraçava.

O de cabelos cinza veio logo atrás de si, dando um rápido beijo na testa do seu parceiro. O moreno, ao ver isso, colocou a língua para fora em sinal de nojo. Os adultos sorriram com seu comportamento, mas o sorriso de Izuku não era verdadeiro, foi como se fosse algo automático.

— Eu estive pensando em algo bom para Katsuki. — Tomura começou enquanto levava o arroz até a sua boca. — O que me diz de frequentar a escola, filhote?

Os olhinhos carmim se encheram de emoção e felicidade. Escondido, perto do fogão, os olhos verdes refletiram pavor e angústia.

— Escola?! Sério papai?! — repetiu contente. Shigaraki quase nunca o deixava sair de casa, tanto que só sabia o que era "escola" por conta dos programas da televisão.

Enquanto ambos conversavam com mais detalhe, Midoriya estava hiperventilando na cozinha. A atadura em seu braço que antes era branca, estava ficando de uma cor vermelha devido que havia magoado a ferida. Kacchan iria para a escola? Tal fato o aterrorizava.

Desde a chegada do moreno, o ômega não se via mais sozinho naquela casa sombria. Só o fato de se imaginar sozinho com os montros que espreitavam as sombras, lhe dava um medo terrível. Era egoísta, mas ele queria se apegar a única luz que existia em sua vida: Katsuki.

— Escutou, mamãe?! Eu vou para a escola! — disse, descendo às pressas da cadeira e indo até o outro. — Não é legal? Eu vou poder ter muuuitos amigos! E poderei aprender coisas que não ensinam na TV!

Complexo de Édipo [ KatsuDeku ]Onde histórias criam vida. Descubra agora