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Usou toda raiva e frustração para se concentrar no trânsito. Um absurdo, já que era noite e quase não havia carros na rua. Precisava, no entanto, se concentrar em algo até conseguir se controlar. Sua vontade era sair e socar alguém, mas sabia que essa seria uma atitude infantil.

Se Zayn estivesse ali, ao menos ele entenderia sua necessidade de ação e resolveria o problema levando-o a um lugar onde pudesse extravasar a frustração. Nem que fosse num copo.

O amigo provavelmente não chegaria a tempo para o casamento e Harry teria que arranjar um padrinho de última hora. Isso não o surpreenderia, seu amigo abominava toda e qualquer forma de tortura e segundo ele, casamento era uma maneira que a pessoa arranjava de se punir por cada bobagem que fez na vida.

O rádio ligado era a desculpa perfeita para não conversar com o noivo. Estava tão descontrolado que alguém poderia acabar pagando por isso e a pessoa mais próxima era ele.

Sem falar que Nick era um dos responsáveis pela situação.

O jantar semanal com a família foi um pesadelo. Tinha acabado com Harry. Para começar, Gemma estava na cidade, linda, casada, grávida e feliz. Quer dizer não tão feliz já que no momento queria matar o companheiro do irmão por ter se metido com seu melhor amigo.

Os cunhados nunca se entenderam e Rachael, sua madrasta, que normalmente ficava acalmando os ânimos, estava zangada com a licença que Des forçara Louis a tirar após seu desentendimento com Nick. Aquele já seria um jantar difícil para ele sem esse adicional.

Não era que não gostasse da família. Longe disso. O pai era um dos sujeitos que mais admirava nessa vida e a Rachael era a mulher que qualquer homem sonhava ter. Calma, sensata, bonita, engraçada, sexy. A presença de Gemma tornaria tudo perfeito. A família perfeita reunida para o casamento perfeito.

O problema estava com Harry que já não suportava mais fingir que tudo estava bem, quando nada estava bem. Aquele não era seu lugar. Aquilo não poderia ser sua vida. Louis era como um membro da família, ele e Nick não conquistaram esse mesmo espaço. E seu noivo não conseguia lidar com a situação de forma discreta.

Abertamente perseguia Louis em cada oportunidade, o que deixava Harry em uma situação cada vez mais desconfortável.

Não conseguiria levar aquilo adiante, descobriu naquela noite. Não poderia mais ignorar que não passava de um intruso em sua própria família. Graças aos céus estava tudo acabado por aquela noite, logo estaria casado e mudando para longe.

A proposta de emprego estivera em sua gaveta por um mês. Depois daquela noite se resolvera. Num impulso criara coragem e contara ao pai os planos que não tinha até segundos antes. Pior, deixara todos crerem que já estava tudo acertado, quando nem mesmo havia entrado em contato com os seus supostos novos empregadores. Agora era oficial: a família o odiava.

— Por que você me odeia tanto Harry? O que eu fiz?

"Você é feliz quando eu não consigo!"

Mas, com um suspiro cansado, tentou se justificar:

— Não se trata de te odiar pai, eu apenas tenho a necessidade de andar com minhas próprias pernas, fazer meu próprio caminho.

O pai não se convenceu.

— A empresa é seu próprio caminho. Ela é sua e da sua irmã.

— Eu lamento pai, juro que tentei me adaptar, mas ficar num só lugar, com tantas responsabilidades não faz o meu estilo. Eu preciso de movimento, preciso de coisas novas.

Des nada disse por algum tempo, a decepção nublando seus olhos, então soltou:

— Às vezes Harry, você consegue me chocar provando que não é apenas fisicamente parecido com seu avô.

Thirty Days With LouisOnde histórias criam vida. Descubra agora