Epilogue.

8.7K 834 710
                                    

O dia ainda não havia amanhecido, mas isso não tardaria a acontecer. Louis estava acordado. Dois anos antes, isso também estava acontecendo. Sempre via o dia amanhecer.

Mas diferente de antes, ele não estava acordado por que estava tão triste e solitário que não conseguia dormir. Agora Louis não conseguia dormir por que estava feliz demais para isso. E o motivo de tudo isso ressonava nu a seu lado. Harry Styles tinha iluminado e trazido calor a sua existência. Transformado toda sua tristeza em alegria.

Louis nunca imaginara amar tanto e ser amado de volta. Olhou para a aliança em seu dedo. Gemma havia lhe dito que fora feita sob encomenda. Retirou do dedo e leu a inscrição. "Nothing between us.

— Sim, Harry. Só o Charles, por enquanto.

Logo após o casamento, decidiram entrar na fila de adoção. Na primeira vez que foram visitar uma criança, encontraram um bebê de quase quatro meses e fora amor à primeira vista. A guarda foi complicada e demorou um pouco, por serem um casal homossexual e por ser pouco tempo de casados, mas com muita luta tiveram a maior conquista de suas vidas.

Mal podia esperar para ir buscá-lo. Tinha certeza que Katie, a babá, mesmo com toda sua competência não estava sendo páreo para aquela criaturinha intransigente. Enquanto ponderava sobre aquela situação, percebeu Harry ainda de olhos fechados o procurando. Sua mão tateou a cama até achá-lo. Então puxou o corpo do menor contra o seu e enterrou o rosto em seus cabelos. Louis Tomlinson-Styles sorriu e pensou consigo mesmo que não havia homem mais satisfeito que ele nesse mundo

No dia seguinte, partiram em lua de mel. Aquela não seria uma lua de mel normal, seria uma lua de mel a quatro, mas por outro lado normalidade nunca fora uma característica marcante daquele casal.

É claro que algemas e outros apetrechos ficaram em casa. Os gritos também tiveram que ficar limitados ao sexo ao ar livre, ou quando a adorável babá do seu garoto se trancava no quarto com ele.

No último dia daquelas duas semanas maravilhosas, Katie sugeriu ir com o bebê para o prédio principal do hotel para que os dois tivessem privacidade no chalé. Louis ainda ficou dividido entre deixá-lo ir e ter sexo animal com o marido, ou curtir seu filhote mais um pouco, afinal que tipo de pai abandona seu filho por interesses próprios? Principalmente interesses sexuais?

— Se você deixá-lo ir, eu prometo que não vai se arrepender...

Um pai que adorava sexo.

Sua mente em segundos foi preenchida por cenas das coisas que seu marido podia fazer com ele.

— Vou arrumar as coisas do Charlie.

Harry sorriu e pegou o filho. Sentiria falta dele também nas horas seguintes.

— Cuida da Katie, ok? Ela é boazinha e não merece seu mau humor.

Charles olhou para o pai com sua costumeira expressão compenetrada.

— É sério. Você precisa agir como homem...

A frase ficou perdida no ar quando percebeu o que estava fazendo, mesmo que brincando. Estava errado. Lembrou-se de quantas vezes Des discursou sobre as responsabilidades de homem da casa. O quanto esse discurso singelo lhe pesou. Não que fosse deixar o filho crescer sem responsabilidades, apenas precisava não lhe colocar responsabilidades de adulto.

— A primeira vez que me vi como adulto, foi a primeira vez que carreguei minha avó no colo. Eu tinha dezesseis anos e ela era tão frágil... — Começou a contar ao filho em tom de confidência — Ela estava sentada no chão da cozinha chorando. Não conseguiu se levantar sozinha. Naquela noite eu a coloquei na cama, dei seus remédios e deitei a seu lado.

Olhou para o filho, que ainda adotava aquela expressão atenta e curiosa, testa franzida, balançando inquietamente seus bracinhos e pernas.

— Ali do lado dela, eu fiquei pensando na vida. Lembrando-me das vezes em que ela me carregou quando eu era criança. Dela deitando ao meu lado para me colocar para dormir... Era o ciclo da vida se concretizando: ela cuidou de mim e daquele momento em diante eu cuidei dela. E me transformei num adulto aos dezesseis anos.

— Você foi a luz da vida dela, Harry.

O comentário do marido pegou Harry desprevenido. Não dividia aquelas coisas com ninguém, mas gostava daquelas "conversas" com o filho, era natural se abrir com ele. Talvez por que a criança não entendesse suas confidências.

Sorriu sem graça para o homem atrás de si.

— Seu pai me disse isso tantas vezes... Em meio a tudo ela teve você.

— Eu sei.

— Não, não sabe. Você consegue ser luz na vida das pessoas. Tem um senso de lealdade, responsabilidade... Raros. Se nosso filho for metade do homem que você é, eu serei um pai realizado.

Harry ficou sem graça. Não era bom em receber elogios. Com um sorriso meigo, Louis inclinou-se e beijou o rosto do marido.

— Agora deixa eu me despedir do meu pequeno. — E apanhando a criança, foi logo recomendando — Não seja muito cruel com a Katie. Ela é uma boa babá. Você precisa deixá-la dormir um pouquinho. O papai não pretende dormir muito hoje, mas eu prometo que amanhã sou todo seu. Mesmo que passe o dia cochilando, vou cochilar agarrado a você, ok?

Algum tempo depois o casal voltava de mãos dadas para a cabana, após deixarem a babá e o filho bem acomodado no hotel. Louis tinha o coração pesado. Harry também, mas seria só por uma noite.

Não demorou muito para que a preocupação fosse esquecida numa luta desenfreada contra as roupas.

Tempos depois Louis estremeceu. O marido estava surpreendentemente mais romântico naquela noite. E não se inibia em expressar.

— Isso. — beijou-lhe o queixo — é por ter sido forte quando eu me desesperei. — Ele sussurrou com a sua voz rouca — Isso. — beijou-lhe a nuca — é por ter ficado comigo e é por ter me dado o Charlie. — beijou-lhe na testa. — E isso. — Ele beijou sofregamente seus lábios. — é porque eu te amo desesperadamente.

Ainda sonolento pelas últimas aventuras, Louis pensou na vida maravilhosa que teria ao lado daquele homem... E no último momento antes de cair na inconsciência provocada pelo prazer, lembrou-se que em casa havia um caderninho, cheios de possibilidades aguardando por eles. Quem disse que os sonhos e fantasias não podiam se tornar realidade?

Quase um ano depois, Louis acordou meio zonzo. Tinha alguma coisa errada, mas ele não entendia o quê. Tentou mover-se e descobriu que suas mãos estavam algemadas a cabeceira da cama. Abriu os olhos assustado e se deparou com a visão mais perfeita do mundo:

Harry completamente nu, segurando certo caderninho de anotações.

— Lembra-se, querido? Sempre três vezes mais tudo o que me é feito...

Thirty Days With LouisOnde histórias criam vida. Descubra agora