Harry dormiu. Dormiu de verdade pela primeira vez naquele maldito cativeiro. Esgotado depois de tantas emoções, não conseguiu nem mesmo pensar muito sobre o que havia feito. Seu plano inicial era esperar um pouco, libertar-se e sair para explorar o cativeiro. Saber exatamente com que tipo de coisa estava lidando. Não tentou se livrar das algemas logo. Se Louis voltasse ou se alguém fosse olhá-lo, não saberia que ele estava tecnicamente livre.
O problema é que enquanto esperava caiu no sono. Era madrugada quando acordou assustado. A casa estava silenciosa. Retirou o garfo que havia escondido sob o colchão e começou a trabalhar.
Mais uma vez na vida agradeceu por seu amigo ser um contraventor por esporte. Se não fosse por Zayn, jamais teria aprendido a invadir uma casa, ou abrir fechaduras e algemas. O fecho das suas algemas não era um grande desafio, o problema era o barulho das correntes. Apesar disso, conseguiu abri-los sem grande dificuldade.
Foi estranho estar livre, como um escravo acostumado a servidão, sentiu falta do peso das correntes, e não pôde deixar de lembrar que Louis agora já não tinha o controle sobre ele.
Estaria pronto para a mudança?
Loucura. Pouco mais de vinte e quatro horas e ele já estava assim, imagine se ficasse um mês inteiro preso?
Harry foi cauteloso ao se levantar. Muito silenciosamente enrolou-se num lençol e se dirigiu a porta, abrindo-a lentamente. Não queria ser surpreendido por algum comparsa. Louis não seria um desafio num confronto físico, mas poderia ter alguém a seu serviço.
O corredor estava livre. À direta, duas portas. Dois quartos vazios. À esquerda no fim do corredor, o quarto de seu sequestrador. Louis dormia encolhido sobre a cama, mas estava sozinho. Harry não se deteve muito tempo ali.
A sala era até equipada: TV, DVD, um computador sem internet. Também não havia telefone ou rádio amador. A menos que o doido tivesse alguma carta na manga, estavam incomunicáveis.
Dez minutos depois, havia revistado cada cômodo da cabana. Ao menos nisso Louis não mentiu: estavam de fato sozinhos e no meio do mato. Apesar de ser noite, a lua cheia iluminava a paisagem e tudo o que se via eram árvores e alguns montes. Lá fora também estava muito frio, uma fina camada de neve revestia as folhas. Mais uma verdade. A cabana era aquecida, mas bastava abrir a porta para saber que o local onde estavam era muito frio. Talvez uma serra ao Sul da Inglaterra.
Se tentasse fugir como estava, com certeza morreria por hipotermia. Numa espécie de dispensa anexa a cozinha havia uma mala repleta de roupas masculinas, nenhum agasalho pesado, mas ao menos não precisaria andar pela casa como veio ao mundo. As roupas eram um número menor que as que ele usava normalmente, provavelmente pertenciam a Louis, mas serviam aos seus propósitos.
Vestido com uma calça e uma camiseta preta, Harry rumou para o quarto de seu sequestrador. Nunca sentira tamanha excitação na vida. Estava tão nervoso que temia cometer algum descuido e acordá-lo antes do tempo.
Na primeira vez que viera ao quarto, não se detivera mais do que o necessário. Agora se aproximou da cama com a atenção completamente presa ao rapaz. Todo o tempo em que esteve preso imaginou como seria quando estivesse em vantagem, quando fosse ele o dono do controle. Não seria um bom homem de negócios se não fosse frio. Era um arquiteto, mas antes de tudo era um homem de negócios. Sempre fora de certo modo, até mesmo na vida pessoal.
Era amável e um bom companheiro, mas antes de tudo fazia o que era certo. Hora de Louis descobrir que os Styles eram boa gente, mas sabiam se vingar como ninguém.
Não foi como pensou. Em primeiro lugar o monstro que tinha o abusado sem dó não parecia nada intimidante ou até mesmo maléfico encolhido naquela cama. Na verdade parecia uma criança sob a manta numa noite fria. Frágil e indefeso.
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Thirty Days With Louis
Random❝Louis sabia como enlouquecê-lo. Se conseguisse sair vivo desses trinta dias, seria um herói.❞ [{Adapted by larryexception.}]