|O trabalho de Ruanna Spanno ganhou o país e a crítica estrangeira; o documentário "Rua dos Sonhos – O Anjo e o Pervertido" foi premiado em diversos festivais na América latina, chegando a ser indicado a um Emmy internacional de melhor documentário. O trabalho social envolvendo o jovem Eron de Menezes, sua culpa e julgamento foram aplaudidos em diversas audiências públicas, dando origem a outras discussões que envolviam jovens infratores, sua recuperação e apoio as pessoas inocentes que eram abandonadas pelo Estado. Eron estampou revistas internacionais, foi citado em reuniões e comissões sobre direitos humanos, o trabalho da advogada e jornalista da famosa família Spanno serviu como um pedido de desculpas que entrou em vários lares do país e do mundo.
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|Nesses ares da América do Sul, o março costumava ser chuvoso e curiosamente quente, mas naquele fim de tarde de uma quarta feira de uma semana qualquer o céu estava limpo, e os ventos frios traziam a necessidade de abraços e camas bem-arrumadas. A casa número nove estava sendo pintada e as paredes do quarto de Beatriz de Menezes estavam repletas de desenhos feitos em aquarela pelo irmão.
— Que tal um passeio pela Rua dos Sonhos? — Beatriz se virou com dificuldade e sorriu. A menina não conseguiu falar nada, mas Elen sabia que a menina esperava por alguém.
— Oi, meu amor... — Disse Guilherme carregando consigo um buquê de Flores. — Hoje faz um ano que te conheci.
Beatriz sorriu outra vez e tentou levantar-se da cama. Não conseguiu.
— Calma, Bia. — Ordenou Elen. Guilherme retirou a bolsa que estava presa ao ombro e aproximou o buquê.
— Vamos passear... conversar... — Disse o rapaz ao ajudar a mãe da menina a levantá-la e colocá-la em uma cadeira de rodas que estava junto à cama. — Essas flores são tão lindas quanto você... Sabe, Bia, eu passei o dia todo pensando em você.
Elen arrumou o vestido da menina enquanto Beatriz tentava se aproximar o máximo possível.
— Coloque as flores em algum lugar, Elen. Bia e eu vamos nos divertir. — Guilherme empurrou a cadeira de rodas pela sala.
— Guilherme? — Elen o chamou.
O jovem Guilhar deixou um sorriso próximo à porta e se afastou de Beatriz.
— Oi?
— Esse tratamento pode levar anos. O médico disse hoje que as sequelas da parada cardiorrespiratória são quase irreversíveis. — Elen esperou uma resposta negativa de Guilherme.
— E...?
— Será que foi uma boa ideia voltarmos a essa Rua?
— Essa rua é de vocês, Elen. Beatriz tem problemas motores e na dicção, mas ela sente tudo isso. Sua filha é jovem e teve uma nova chance. — Guilherme segurou as duas mãos de Elen. — Eu a amo.
— Mas quem ama também deve seguir. Beatriz o entenderia.
— Não quando se promete ficar para sempre.||...||
|Sara estava em frente ao portão de sua casa, com os braços cruzados sobre o pequeno muro, observando atenta, com um sorriso gigante o filho do outro lado da rua.
Guilherme deu dois beijos na testa de Beatriz e segurou sua mão enquanto observavam os últimos raios de sol. Ele estava leve e feliz, pois tinha aquela rua e o seu grande amor ao lado. A menina sentia a intensidade do amor de Guilherme e sua condição não a atrapalhava em acreditar em dias melhores. As últimas pessoas saíam da missa das quatro da tarde, o Monsenhor Hernandez acenou para o casal e recebeu dois belos sorrisos. A mansão número sete estava dormindo, como sempre; e os dois decidiram que sempre deveriam ficar de costas para aquele lugar, pois a Rua dos Sonhos era mais que a dor que saiu dali, a Rua dos Sonhos também era amor.
— Eun te amuu . — Disse Beatriz com certa dificuldade ao pedir um abraço. — Guilherme a abraçou.
— Eu sempre vou estar aqui, nessa rua, ao seu lado. — Beatriz de Menezes balançou a cabeça para responder que sempre soube.
Os dois se abraçaram por alguns segundos. Guilherme Guilhar sempre soube que Beatriz era sua segunda chance e a própria Beatriz começava a descobrir que aquela vida e Guilherme também eram sua segunda chance. No fim, os dois amantes descobriram que não vale à pena desistir.•Fim•
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"ONTEM TE VI NA RUA"
Mystery / ThrillerBaseado em dois crimes que chocaram a opinião pública e a imprensa nacional, "Ontem te vi na rua" é o primeiro trabalho de Diego Chermont como escritor. - OBRA COMPLETA DISPONÍVEL -