Abrande, abrande o calor solitário do Amor

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Sinto sobre minhas espaduas, excruciante amor. Gentalha grita: 'Abrande! Abrande! O calor solitário do amor com o leque do desamor. Tu verás o céu límpido, anil e lépido.'

Ausculto o solfejar do rouxinol, sob a luz discretíssima do farol. Lá de cima, Shinigami me circunda, me circunda.

Não tenho escapatória. Fecho meus olhos. Vejo tudo negrume. De onde virá meu socorro? Meu socorro virá quando a morte de Deus chegar.

Mantenha Deus e o mundo será brasas vivas de zimbro em montanhas de lábios mentirosos e enganadores. Resista a Deus e Ele fugirá de vós. Mate Deus e o mundo será a lâmpada para os teus pés, terá paz dentro de teus muros, livremos nós de teu corpo insepulto e poderemos andar pelas estradas de tijolos dourados onde o dia não mais molestará o sol, nem a noite, a lua. Enquanto isso, estou a embriagar-me nas reinações funestas das delícias do amor até pela manhã; regurgitaremos.



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