Melhor Idade

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Ontem, ontem sim, quando eu era jovenzinho, tinha lá meus dezessete aninhos, pulava a roleta do busão que nem cabritão. 

Furava fila toda hora, em qualquer lugar. Conjugava o verbo ir perfeitamente:  'Nóis fumo e nóis fumava mermo.'   

Era um jovenzinho neném, nem estudava, nem trabalhava. Empurrava com a barriga, deixava a vida me levar, pois tinha o Bolsa Família, uma espécie de benesses pra preguiçoso, dum sistema socialista pra me sustentar. Estroina, esparrela, pior idade, era um honesto desqualificado. 

Hoje, hoje sim, sou jovem, continuo jovem, cabelos grisalhos de mentalidade jovem. Tenho lá meus sessenta e cinco anos. Sou às vezes ou não, desonesto qualificado. Muitos regurgitam: "Melhor idade." Não preciso de preâmbulos e jeitinhos brasileiros. Todavia, a gentileza, generosidade, empatia e as leis me facultam esta gratuidade. Portanto, viva a melhor idade.

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