— Srta. Jones, quero que me explique detalhadamente o que aconteceu ontem na Sala Precisa.
Pelo menos uns cinco pares de olhos encaravam Héstia. Ela engoliu em seco.
Não se lembrava de mais nada depois de ter desmaiado. Só se lembrava de Regulus prendendo-a atrás do armário...
Ela sacudiu a cabeça para espantar a lembrança.
Ela estava na ala hospitalar, novamente. Madame Pomfrey estava no meio de um sermão sobre ela estar em estado de saúde grave e não poder sair da cama quando o Professor Dumbledore chegou e pediu à ela que parasse. Ele deu os parabéns à Héstia. Ela não soube pelo que. Não havia feito nada.
Dédalus havia tentado entrar na enfermaria desde domingo pela tarde, que foi quando tudo acontecera. Madame Pomfrey disse que ele tentou feitiços, bombas de bosta e até pegou algumas mandrágoras nas estufas para ver se o seu grito não quebrava o vidro das janelas para que ele pudesse entrar. Ele arremessou livros na porta e ganhou uma detenção da própria Madame Pomfrey. Ele, estressado, disse que ela não era professora e não poderia aplicar nenhuma detenção. Esse comentário lhe custou castigos pelo resto do mês.
Ah, como Héstia o amava.
— E então? — a voz de uma garota agora falava, despertando Héstia da sua mente, que a mantinha presa. Héstia olhou para ela.
Ela tinha cabelos loiros um pouco ondulados e grandes. Seu rosto era em forma de coração e ela era um pouco bronzeada.
Marlene Mckinnon estava a beira de um surto, isso Héstia poderia perceber.
— Eu... eu não sei muito bem. — mentiu Héstia.
Marlene pareceu decepcionada e encolheu os ombros.
— Eu só me lembro... — disse Héstia, analisando quais dos eventos da noite anterior ela poderia compartilhar. — ...de apontar a varinha para Regulus...
— Aha! — berrou Sirius. Ele estava sentado em uma cama ao lado da de Héstia; tinha um braço enfaixado e o olho roxo. James estava com alguns cortes e um sangramento enorme. Remus foi o que menos havia sofrido danos. — Eu disse que ela está do nosso lado!
— Mas é claro que estou! — Héstia ficou perplexa pela possibilidade de acharem que ela era compactuante de você-sabe-quem. — Eu sou Mestiça, meu pai é nascido trouxa. Toda a minha família está por um fio... — Héstia juntou os dedos indicadores e o polegar, deixando apenas um pequeno espaço entre eles. — ...de acabar. Eu não faria nada...
— Sabemos, Srta. Jones. — a voz calma de Dumbledore ressoou pela sala. Héstia se calou. — E é por isso que estou lhe perguntando, pois sei que você contaria toda a verdade, se você para ajudar a sua família.
"Oh, merda. Meu ponto fraco."
— Está se sentindo bem, Senhor Black? — o professor agora se virou para Sirius. Héstia tinha certeza de que ele havia notado a sua hesitação — É melhor que esteja, se não os cabelos da Srta. Mckinnon poderão cair de um dia para o outro.
Marlene arregalou os olhos e ficou vermelha até a raiz dos cabelos. Sirius olhou para baixo, mas havia a sombra de um sorriso nos seus lábios.
Madame Pomfrey se dirigiu à cama onde James Potter estava e analisou-o.
— Ele acordou mais cedo. — disse ela, para ninguém em específico. — Não parava de me perguntar sobre a Srta. Evans.
Sirius bufou.
— Nós fomos literalmente atacados e ele se preocupa com a Lily? Francamente.
Remus riu.
Héstia achou que nunca mais ouviria ninguém rir depois dos acontecimentos de ontem; para ela, o mundo desmoronaria a qualquer hora. Mas aí estavam Sirius fazendo piadas, Remus rindo e Dumbledore calmo. Uma onda de esperança fluiu em Héstia.
— Quanto à isso... — começou Marlene. — o que... faremos sobre?
Dumbledore caminhou alguns passos, suas vestes longas farfalhando a medida que andava.
— Deixemos para os mais experientes.
Marlene assentiu. Sirius parecia indignado.
Héstia não disse nada, pois sentia que estava atrapalhando uma conversa muito particular. Mesmo assim, ninguém parecia se preocupar com a sua presença.
— Você foi muito astuta em ir para a Sala Precisa ontem, Srta. Jones. — disse Dumbledore, de costas para Héstia, observando a janela.
— Burra, eu diria. — resmungou Sirius.
— Ela estava doente e ainda conseguiu duelar por uma quantidade significativa de tempo, Pad. Dá um tempo. — disss Remus.
Sirius engasgou, não de surpresa, mas por segurar uma gargalhada.
— Burra também, Senhor Black, mas principalmente astuta. — Dumbledore se virou e analisou Héstia. Ela sentiu novamente que ele sabia de tudo que ela estava escondendo.
Héstia ficou calada. Marlene roía as unhas; Sirius tamborilava no seu colchão da ala hospitalar. Madame Pomfrey escutava tudo atentamente; James ainda estava dormindo em uma cama do outro lado da Ala. Remus estava em pé, e Dumbledore ainda encarava Héstia com seus olhos azuis por trás dos oclinhos de meia lua.
— Regulus estava procurando pelo Diadema. — confessou Remus, após algum tempo.
Dumbledore assentiu, como se aquilo não fosse grande surpresa.
"Ótimo." pensou Héstia "Agora direi uma mentira para encobrir outra."
— Eu também estava procurando pelo Diadema. — disse Héstia, com a voz firme.
Dumbledore, ao contrário do que Héstia havia pensado, deu um risinho. Os outros permaneceram calados.
— Gostaria de dar uma palavra a sós com a senhorita depois. — ele suspirou e olhou ao redor da sala com ar sonhador. — Vamos apenas aguardar a sua melhora.
Héstia não disse nada pois estava literalmente sem palavras.
Marlene olhou para Sirius que olhou para Remus. Remus sorriu e olhou para Dumbledore. O diretor da casa apenas assentiu com leveza.
Héstia estava confusa.
Foi apenas uma questão de tempo até Remus Lupin dizer com um quê de divertimento na voz:
— Bem vinda à Ordem da Fênix, Héstia Jones.
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Fotografias - Regulus Black + Héstia Jones.
FanfictionHéstia precisava trabalhar duro para conquistar aquilo que sempre quis: uma vaga de fotógrafa no mais famoso jornal bruxo da Grã-bretanha, O Profeta Diário. Para isso, Héstia deveria tirar no mínimo trinta fotos durante o seu ano letivo na escola...