24- Monstro.

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   Bellatrix odiava sua irmã.

   Não, não Ciça. A outra irmã.

   Ela às vezes não se permitia repetir o nome, tamanho o nojo que possuía. Como uma pessoa como ela, de uma linhagem tão nobre, virou as costas para sua própria família? Como ela pode trair todos os ensinamentos e aprendizados que seus pais haviam lhe passado?

   Andrômeda.

   Bellatrix cuspiu o nome. Meia dúzia de rostos se viraram para ela.

   — Ah. — uma voz rouca e calma exclamou — Isso. A renegada dos Black.

   Lorde Voldemort estava sentado na ponta da mesa. Havia marcado uma reunião de emergência na casa de Lucius e Narcisa Malfoy apenas para aqueles que consideravam ser seus seguidores mais leais: as irmãs Black, Greyback - aquele lobisomem nojento -  Dolohov, os irmãos Carrow e mais alguns que Bella não se preocupava em decorar os nomes.

   — Pobre garota — Lorde Voldemort voltou a falar. Bellatrix o encarava com expressão rígida. — Poderia ter sido de grande ajuda...

   Um silêncio constrangedor se instalou no recinto. Voldemort olhava para a mesa preta de mármore, tão belamente polida que conseguia ver os reflexos de todos ao seu redor. Ao lado de Bellatrix, Ciça raspava a cadeira de madeira com as próprias unhas. Elas começariam a sangrar a qualquer momento, notou.

Bellatrix não sabia ao certo como ou porquê o assunto da reunião havia ido parar em sua família. Isso, na verdade, a deixava extremamente desconfortável. A única pessoa em quem confiava plenamente naquela sala era o próprio Lorde. Podiam haver potenciais futuros inimigos sentados ao seu lado e ao seu redor. Bella gostava de ser prática.

— O menino Regulus — Voldemort ecoou após a onda de silêncio; Bellatrix sentiu Ciça pular de susto ao seu lado. — Ele... é bem generoso. Não acha, Lucius?

Lucius Malfoy engoliu em seco. Bellatrix achava-o horrível: o nariz era achatado demais, o cabelo, loiro demais. Como Ciça pode se casar com ele?

Lucius pigarreou e endireitou-se na cadeira de couro preto.

— A-acho... Milorde. — disse e olhou de relance para Narcisa que lhe deu um olhar de conforto.

Bellatrix achou que iria vomitar.

— Sim — Voldemort agora observava as próprias mãos, como se elas fossem um instrumento de imenso poder. E eram. — Regulus, como sabem, deveria estar aqui hoje. — dizendo isso, ele apontou para uma poltrona vazia.

Outro silêncio. Bellatrix não entendia porque o Lorde gostava tanto de silêncios que a ensurdeciam e a faziam perder a paciência.

— O seu elfo doméstico, Monstro, foi-me emprestado para uma tarefa importante. Regulus Black teve a generosidade de emprestar-me seu elfo particular... Ah... — ele parou repentinamente como se tivesse sido petrificado.

   Bellatrix não aguentava mais.

   — Posso perguntar que tarefa seria essa, Milorde? — perguntou com um certo com de irritação. O lorde a encarou pela primeira vez desde que ela havia chegado na reunião. Mas é claro que Bellatrix já sabia qual era a tarefa.

   Ela sempre sabia.

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   — Você perdeu a noção — Héstia exclamava. — Eu queria te dar uma bofetada agora.

   Regulus riu, esfregando a testa com as mãos. Pareceu cansado, destruído. Suas olheiras eram maiores do que nunca, seu cabelo estava oleoso demais e suas unhas todas roídas.

Fotografias - Regulus Black + Héstia Jones.Onde histórias criam vida. Descubra agora