23- A clareira de Regulus.

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Uma tosse rouca irrompeu no silêncio.

— Desculpa atrapalhar o momento de vocês dois... — o dono do Cabeça de Javali disse. — Mas este moleque é um comensal da morte. E não — comentou com ênfase, apontando para Héstia — Não me importo se vocês são namorados, amantes ou sei lá mais o que. Estamos em guerra seus imbecis.

   — Aberforth... — começou Dumbledore.

   — Ele está certo, Dumbledore. — retrucou Sirius.

   — Ora, eu sei que está, senhor Black. — Dumbledore disse com uma calma impressionante. porém com um tom sínico. — Mas não deixe sua questão familiar atrapalhar o seu julgamento.

   A sala se tornou silenciosa novamente. Héstia acreditava que todos estavam pensando o mesmo, inclusive Regulus. Ela involuntariamente, por força do hábito — ou por apenas necessidade de proteger Regulus — procurou sua varinha dentro de sua bota. Não estava lá.

   Ela se virou para Dumbledore.

    — Onde está minha varinha? — ela questionou, um tanto ríspida.

   — Temo que a senhorita Black tenha-a quebrado durante o processo, senhorita Jones.

   Héstia suspirou. Para ser honesta, não se importava muito. A maioria dos bruxos era muito apegado à sua varinha, pois sentiam que aquele pedacinho de madeira tinha uma conexão especial com o seu dono. Héstia não sentia essa conexão e nem fazia muita questão. Ela preferia mil vezes usar o pensamento lógico e o raciocínio rápido. Era por isso que ela estava na Ordem da Fênix.

   Aberforth continuava com uma cara carrancuda.

   — Saia da frente, menina. — disse.

   Héstia o olhou com um olhar fuzilador. Não aguentava correr, não conseguia se mexer. Sentiu suas roupas limpas se sujarem de sangue com a abertura dos cortes. Merda, ela pensou.

   — Não.

   — Héstia... — começou Sirius. Mas Héstia não estava com paciência para seu papinho de herói, salvador do mundo ou o que quer que Sirius estava se achando desta vez.

   — Cala a boca, Sirius.

   Ele arregalou os olhos, pela rispidez das palavras dela.

   Aberforth bufou. Dumbledore o repreendeu com o olhar, mas também não disse nada. Héstia sabia o que eles estavam planejando fazer. Não podia contar nem com Dumbledore agora, mas ela, de certa forma, entendia o posicionamento do diretor. Entendia o posicionamento de todos ali.

   Mas não podia deixar que isso acontecesse.

   Eram três contra dois. Não, três contra um. Na verdade, três contra meio, porque ela e Regulus estavam tão machucados que não podiam nem ser comparados à uma pessoa inteira.

   Héstia mordeu os lábios. Isso era o que ela ocasionalmente fazia quando precisava pensar, usar a cabeça, em algum plano ou estratégia. Ela fez o que mais lhe convinha: enrolar.

   Ela suspirou, alto o suficiente para chamar a atenção de todos. E era isso que ela queria.

   Ela usou toda a força que conseguiu para ficar em pé. Ninguém a ajudou, mas ela também não esperava que o fizessem.

   Regulus a olhou com um olhar de dor, e Héstia sentiu cada pedacinho do seu coração se quebrar. Ele achava que ela o estava traindo. Héstia desviou o olhar, pois acabaria chorando se o olhasse, aqueles olhos cinzas repletos de confusão e dor e tristeza.

Fotografias - Regulus Black + Héstia Jones.Onde histórias criam vida. Descubra agora