"Monstro" Héstia ouviu Regulus chamar, do lado de fora da barraca. "Monstro, volte, retorne. Seu mestre está lhe chamando."
Héstia fechou os olhos novamente, mas Regulus entrou na barraca sussurrando alto:
"Eu não devia ter deixado Monstro aos serviços dele."-•-•-•-•-•-
— Essa sangue ruim filhos de...
— Monstro — Regulus aumentou o tom de voz — Cala a boca.
Héstia não ligava para as ofensas de Monstro. Para ser sincera, ela não podia ligar menos.
Fazia dois dias que o elfo havia aparecido na clareira de Regulus. Héstia se assustou pois, embora já tivesse escutado Regulus comentar sobre seu elfo doméstico, não esperava que ele fosse tão fiel à família Black e às suas tradições assim. Ele a encarava com olhares de nojo e vez ou outra (durante todo o dia) resmungava palavras como "sangue ruim" "impura" "nojenta". Héstia achava até cômico.
Regulus e Monstro vez ou outra conversavam em particular, quando Héstia estava cuidado de seus ferimentos em uma região próxima ao rio ou quando já estava deitada na barraca.
Monstro havia ido embora durante o dia anterior, mas voltou nesta madrugada com um colar nas mãos. Héstia não quis perguntar o motivo do colar ter sido trago, ou o que ele significava, mas sabia que era algo importante. Ela sonhava com Regulus sendo morto, sonhava com comensais da morte e com sua família sendo perseguida e torturada. Será que encontrar Regulus havia sido um erro? Ela estava confusa. Por mais que ela o amasse... o amor não pagava tudo. O amor não era tão forte assim.
— Reg — Héstia aproximou-se de onde Regulus e Monstro estavam. Ambos sentados em uma mesa de madeira não tão firme, analisando um mapa enorme aberto na mesa; o medalhão estava em cima, perto de Regulus, e Montro abria livros e os mostrava.
Monstro parecia muito mais feio, analisou Héstia. A coloração de sua pele não estava cinza como a maioria dos elfos domésticos, mas um azul quase roxo. Os olhos estavam pesados e vermelhos ao redor, as mãos, trêmulas. As roupas estavam mais esfarrapadas que o normal. Héstia ficou tentada à perguntar onde que o elfo havia ido noite passada.
— Diga, Hesttie — Regulus respondeu, com um sorriso, mas ainda concentrado no medalhão.
— Você sabe onde está minha câmera?
Regulus olhou para Héstia, confuso. Héstia olhou para Monstro.
— Como ousa me acusar sua salafraia sangue ruim impura....
Regulus passou a mão no rosto, não como de quem já havia perdido a paciência, mas como alguém que estivesse muito, muito cansado.
Monstro voltou seu olhar para Regulus.
— Desculpe, Mestre — ele não parecia arrependido e nem soou convincente para Héstia. — Eu não quis lhe frustrar...
— Monstro, esta é a mulher que amo. Não fale assim com ela de novo, entendeu?
Monstro assentiu. Héstia sorriu por dentro.
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— Héstia — Regulus chamou — precisamos conversar.
Héstia olhou para o lado. Ela estava com as pernas na beira do rio, e Regulus se sentou em uma rocha próxima a onde ela estava. Era entardecer, e o céu tinha cores de laranja e amarelo.
Reg suspirou.
— Você não pode mais ficar aqui.
O rosto de Héstia formigou. Séria algo que ela havia dito? Seria algo em relação à Monstro? Mas ela não disse nada. Apenas assentiu.
Regulus à encarou com olhos cheios de ternura. Levantou-se de onde estava e sentou-se do lado dela. Héstia desviou o olhar e olhou para o horizonte.
Regulus passou o braço pelo pescoço dela, aproximando sua cabeça suficiente para dar um beijo nos seus cabelos.
— Não quero que pense que é algo relacionado à você, Hesttie. Porque não é.
Héstia o encarou.
— Então, o que é?
Ele olhou para o horizonte, como se tivesse buscado as palavras certas para dizer o que tinha em mente.
— Eu... Eu tenho uma maneira de parar Voldemort.
Héstia arregalou os olhos. Seu coração pulou do peito.
— Não acredito! — ela disse, excitada — Regulus, isso é maravilhoso! — ela sorria, eufórica. Abraçou Regulus e depois que o soltou, disse: — O que precisamos fazer? Em que eu posso ajudar?
Regulus suavemente tirou os braços de Héstia dele. Não um ato grosseiro, não um ato sem carinho. Mas preocupado.
— Aí está o problema. Você não pode ir comigo.
Héstia gaguejou por alguns segundos e depois olhou para Regulus, incrédula.
— Regulus. Eu não vou deixar você se arriscar sozinho, não mesmo. Eu vou com você, eu venho te ajudando este tempo todo...!
Regulus passou uma mecha dos cabelos de Héstia atrás da orelha dela. Ele a deu um selinho.
— Eu sei. Eu sei. E eu imaginei que você se sentiria assim. Mas você não pode ir porque o Lorde das Trevas estará lá em pessoa...
— Não tem problema, nós enfrentaremos ele juntos...
— HÉSTIA! — a garota se assustou quando Regulus gritou — Você não tá entendendo! — o tom de voz agora havia abaixado, mas ainda era severo. Héstia, por um momento, teve medo.
Uma lágrima caiu do olho de Regulus. Héstia não entendia.
— Eu não quero que você tenha medo de mim. E eu não quero que você se arrisque por mim. — Héstia, cuidadosamente, colocou sua mão por cima da dele. Ele continuou a falar. — Eu fiz muitas escolhas erradas durante a minha vida. O que estou vivendo agora foi uma delas. Mas você não é uma escolha errada, Héstia, e nunca vai ser. Por isso eu te peço que não insista em ir, não insista em me seguir ou a lutar comigo. Porque isso é um preço que eu tenho que pagar e não você.
Héstia sentiu lágrimas caindo dos seus olhos. Assentiu com a cabeça.
— Mas... e se... — ela soluçou. Regulus sabia o que ela iria dizer.
— Eu vou ficar bem, Hesttie. Olhe — ele tirou um pedaço de papel do bolso e entregou para ela. — Este é o endereço da minha prima, Andromeda Black, agora, Tonks. Ela vem sendo uma aliada para mim. Sempre foi minha prima preferida... Eu pedi a ela para lhe oferecer abrigo enquanto eu não fico aqui, enquanto eu vou ajudar Voldemort. Ela disse que te receberá bem. Você adorará eles, Andy e Ted. Ela se casou com um nascido trouxa... não terá problemas com você.
— Mas... — Héstia queria gritar, bater em Regulus. Queria jogar tudo para cima. Ele estava querendo controlar o que ela fazia...
Héstia se levantou de uma vez. Regulus a seguiu, e ela deu um murro em seu peito.
— Você.... — um murro — Não... — outro murro — Pode fazer isso!!!!!!!!!! — ela gritou.
Regulus chorava. Ela também. Ele a abraçou, e ele a apertou contra seu peito até que ela se acalmasse.
Ela saiu do abraço e olhou para Regulus nos olhos.
— Se você tem tanta certeza de que vai ficar bem, porque está chorando?
Ele olhou para o fundo dos olhos de Héstia, e lá ela viu um pedaço da sua alma, junto com a dele. Héstia viu o que significava amar, mas, além disso, ter seu lar em outra pessoa. Regulus não respondeu a pergunta e só a beijou.
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Fotografias - Regulus Black + Héstia Jones.
FanfictionHéstia precisava trabalhar duro para conquistar aquilo que sempre quis: uma vaga de fotógrafa no mais famoso jornal bruxo da Grã-bretanha, O Profeta Diário. Para isso, Héstia deveria tirar no mínimo trinta fotos durante o seu ano letivo na escola...