15 - St. Mungus.

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   Héstia estava com frio, mas o tempo não estava frio. Estava razoavelmente fresco, e ela tremia de frio.

   Madame Pomfrey a havia alertado que este poderia ser um dos sintomas de qualquer que fosse o... desfortúnio que ela tivesse. Héstia sentia que apenas porque ela estava indo à um hospital, tais sintomas começaram a aparecer.

   Ela estava esperando sozinha, em uma esquina movimentada, em Londres. Não havia mais de cinco minutos que estava ali, e ela apenas aguardava os seus pais: não era seguro uma bruxa mestiça de dezesseis anos esperar sozinha. Não em tempos como aqueles.

   — Héstia! — ela ouviu a voz da sua mãe, e seus olhos se encheram de lágrimas. Ela estava com saudades, e haviam meses que Héstia não se comunicava com alguém de sua família, por conta do risco de extravio das cartas.

   Ela correu e abraçou sua mãe, forte. Mais forte do que ela jamais havia-a abraçado. Ela sentiu outro par de braços ao redor dela, e percebeu que fora o seu pai quem havia se juntado ao abraço. Depois mais um. Depois mais outro. Seus irmãos também haviam vindo, e depois que se separou dos seus pais, Héstia se ajoelhou e abraçou-os.

   Ela chorou durante todo o caminho até o St. Mungus. De alívio, de felicidade, e de todas as sensações boas e ruins juntas. E ela quis gritar, quis pedir para os seus pais a levarem para casa, pois ela não aguentava mais notícias ruins em Hogwarts, sem sequer poder saber se sua família estava bem. Mas ela sabia que se explodisse na frente dos seus pais, isso seria apenas mais um motivo para deixarem-na em Hogwarts.

Eles pararam em frente à um prédio velho. Trouxas passavam por eles sem sequer nota-los ou sequer sem se importar com a existência do edifício. Seu pai deu duas rápidas batidinhas na porta velha, e uma Curandeira abriu a porta para eles, sorrindo educadamente.

   O St. Mungus tinha um piso verde musgo e algumas paredes tinham papéis de parede de estampas diversas. Curandeiros e Medibruxos andavam de um lado para o outro, agitando suas varinhas e empurrando carrinhos. Héstia viu um garoto que estava literalmente azul e uma mulher que soltava bolhas de sabão pela boca toda vez que tentava falar. Ela também viu, ligeiramente, um homem com um corte; sangrando, sendo empurrado em uma maca... ele foi levado para uma porta, e a Curandeira que o acompanhava lançou um olhar severo à Héstia antes de fechar as pesadas portas em sua cara. Sua mãe apertou os seus braços em um abraço lateral, como se dissesse "É essa a realidade do mundo bruxo nos dias de hoje."

Eles esperaram em uma fila por aproximadamente trinta minutos. Ao chegarem ao balcão principal, uma Curandeira velha, porém de aparência generosa sorriu para eles. Os irmãos de Héstia olhavam abobalhados para todos os cantos, como se tudo naquele local os fascinasse.

— Bom dia. — disse a Curandeira. — O que... — ela desviou os olhos de uma prancheta com papéis amarelos e olhou para os pais de Héstia. — Ah, senhor Jones, sim... — ela voltou seu olhar para Héstia, com pena. Héstia já havia se acostumado com esse olhar, vindo dos alunos e também dos professores. — Segundo andar.

A mãe de Héstia apertou o seu ombro e a guiou para um estranho elevador verde e rosa. Estava lotado.

— Vão vocês primeiro. — disse o pai de Héstia, se virando para ela e a mãe. — Eu e os meninos pegamos o próximo.

Ele sorriu encorajador para Héstia e afagou os seus cabelos.

O elevador começou a subir, e mesmo sabendo que essa era a sua velocidade normal, Héstia sentia que ele estava mil vezes mais lento. Graças a Merlim, o elevador parou no segundo andar.

Héstia saiu andando, embora não soubesse qual caminho deveria seguir. Ao sair do elevador, sua mãe ainda segurava o seu ombro e a guiou. Provavelmente, já estivera ali em algum momento de sua vida.

Fotografias - Regulus Black + Héstia Jones.Onde histórias criam vida. Descubra agora