Três dias depois.
Héstia abriu os olhos.
Quando seu olhar se focalizou, ela viu um teto depreendido com imensas tábuas de matéria. Não era o teto do dormitório da Lufa-lufa, nem tanto da área hospitalar de Hogwarts.
Sua boca estava seca e com um gosto azedo. Poção de cura, ela identificou. Ora, era claro. Já havia tomado esta poção tantas vezes que já reconhecia o gosto. Mas quem a havia dado? Não reconhecia o lugar onde estava. Os lençóis da cama onde estava deitada eram floridos, porém desbotados. O quarto tinha um cheiro de madeira molhada.
Héstia se levantou e se assustou com a facilidade com que o fizera. Seu primeiro instinto foi pegar em seu rosto: haviam algumas ataduras e outros cortes já haviam formado uma espécie de casca. Ela agradeceu por eles já estarem cicatrizando. Olhou para as pernas e fez uma careta: sua calça havia sido toda rasgada. Estava com a mesma roupa desde quando havia sido atacada... e quando fora mesmo? Ainda hoje? Há uma semana? Quanto tempo passara desacordada?
Ela tentou dobrar os joelhos mas logo se arrependeu. Lágrimas se juntaram no canto dos seus olhos. Os joelhos estavam ralados e haviam inúmeras marcas roxas e amarelas distribuídas não apenas em suas pernas, mas em seus braços e em sua barriga.
Héstia suspirou alto.
— Finalmente a senhorita acordou!
Héstia deu um pulo e sentiu uma dor latejante na cabeça. O teto se encolhia a medida que ia se aproximando da cama e ela acabou por bater em um dos pedaços de madeira. Ela choramingou.
— Oh, senhorita, d-desculpe... Dobby não quer causar mais danos...
Héstia tossiu e perguntou com a voz rouca:
— Quem é você?
O pequeno elfo doméstico tinha aproximadamente 90 centímetros. Seus olhos e suas orelhas eram extremamente grandes. Vestia roupas maltrapilhas e rasgadas. O coração de Héstia amoleceu: não achava justo o tanto que os elfos eram maltratados.
— Ora, sou D-dobby — o pequeno elfo se encolheu, como se temesse falar algo errado e ser punido. Talvez fosse realmente isso. — Sirvo os M-malfoy...
Malfoy. O sobrenome zumbiu nos ouvidos de Héstia e ela procurou perdidamente sua varinha. Não estava lá. Ela pegou um abajour da escrivaninha ao lado e apontou para Dobby como se um objeto como aquele pudesse a defender.
— Onde. Está. Minha. Varinha.
O elfo se encolheu.
— N-não sei... recebi ordens para lhe observar, senhorita...
Héstia endureceu o seu olhar.
— Onde estou? Onde estão seus mestres?
— Bem, — o elfo deu um passo para frente — os meus verdadeiros mestres estão em sua casa, acredito eu. O meu mestre provisório — ele mudou o tom de voz ao dizer a palavra "provisório" — acho que está no andar debaixo...
Héstia absorveu o que ele havia falado.
— Você ainda não me respondeu o mais importante: onde estou? E quem seria esse mestre provisório? — Héstia não pode evitar ter soado com um tom de deboche.
Dobby coçou atrás de suas orelhas.
— A senhorita está alojada no Cabeça de Javali, propriedade de Albeforth Dumbledore, irmão do diretor da Escola de...
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Fotografias - Regulus Black + Héstia Jones.
Hayran KurguHéstia precisava trabalhar duro para conquistar aquilo que sempre quis: uma vaga de fotógrafa no mais famoso jornal bruxo da Grã-bretanha, O Profeta Diário. Para isso, Héstia deveria tirar no mínimo trinta fotos durante o seu ano letivo na escola...