26- R.A.B.

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(Regulus)

Regulus caminhava por pedras de cascalho. A medida que suas botas pisavam nas pequenas pedras, faziam um barulho quase que reconfortante.

Ele seguia Montro pelas dimensões de uma praia que ele não sabia qual era. Provavelmente estavam em algum lugar da Cornualha. Ele havia aparatado com seu elfo doméstico logo depois de ver Héstia aparatar por si só até à casa de sua prima, Andromeda Tonks. Ele tinha quase certeza de que se fosse antes dela, Héstia daria um jeito de encontrá-los.

E ela não podia.

O céu estava azul escuro, e à medida que se encontrava com as águas do oceano, transformava-se em um tom quase esverdeado. As ondas batiam nas rochas com força, e ventava tanto que Regulus quase não conseguia respirar direito.

Após horas de caminhada, ele tornou a segurar a mão do pequeno elfo para aparatar ao local desejado. Regulus gostava de Monstro; ele era um bom elfo. Na verdade, Monstro havia sido seu único amigo leal em meses, ou talvez, anos. Havia lhe ajudado com livros, mapas, e havia sido torturado por ele. Regulus deu uma olhadela para Monstro antes de aparatarem e ele ainda estava com uma aparência grotesca pelo o que Voldemort havia feito com ele. Pelo líquido que Monstro bêbera, como ele mesmo dissera.

Regulus recuperou o equilibrou e olhou para frente, depois de aparatarem. Estavam na entrada de uma caverna escura, tão silenciosa que o próprio silêncio era ensurdecedor.

Lumos. — a ponta da varinha de Regulus acendeu, iluminando rochas e pedregulhos.

— Mestre. — Monstro lhe oferecia uma pequena faça — Você precisa do seu sangue. Ali. — as pequenas mãos trêmulas da criatura apontavam para uma parede rochosa. Regulus olhou para Monstro antes de cortar a palma de sua mão e pressionar contra a rocha úmida. As pedras se moveram de forma convergente dando vista para um lago de aparência rasa.

Regulus entregou a faca à Monstro. Sua mão ainda sangrava e ele limpou o sangue no casaco preto.

— E agora? — Regulus questionou, apontando a luz da varinha para mais adiante. Um pequeno barco varava no meio do lago.

Monstro puxou a corta que o prendia e sentou-se, pegando os remos e oferecendo espaço no pequeno pedaço de madeira para Regulus. Ele encaminhou-se e se sentou. Monstro começou a remar, devagar, mas Regulus não podia exigir muito dele. Enquanto o elfo remava, Regulus ficou absorto em pensamentos sobre o que o levara ali. Lembrou de sua fascinação por Voldemort mesmo antes de se tornar um comensal; colecionava jornais com manchetes sobre suspeitos feitiços das trevas, fascinado por aquilo. Havia torturado outros bruxos. Havia torturado criaturas. E ele não se orgulhava disso. Mas ele não era um vilão, muito menos um herói. Ele não era nada mais nada menos do que uma peça de um quebra cabeça que envolvia muito mais do que apenas sua força de vontade para o que iria fazer agora.

   E Regulus sabia, sabia com pesar, de que grande parte da desgraça que ocorria no mundo bruxo era parte de algo que ele havia feito parte. Ele fechou os olhos e apertou-os, tentando se esquecer de tudo o que já havia feito. Mas não era possível apagar o passado. Não era possível apagar quem ele era, e Regulus nem tinha certeza se era aquilo que queria. Tudo pareceu tão fácil quando era de acordo com tudo o que sempre vivenciou: pureza, família, honra. Mas aos poucos as coisas mudaram de direção e ele passou a ter uma percepção e convicção muito diferente de tudo aquilo que havia aprendido. Não por conta de Héstia; Héstia não o mudara em momento algum. Não por conta das pessoas que havia torturado. Não por conta de um número alarmante de mortes. Não por conta de Sirius.

   Em um dia, nada mais pareceu certo quanto parecia antes.

   E era por isso que ele não se considerava herói nenhum por estar fazendo o que estava. E nem era um vilão, pois vilão seria se ele ignorasse totalmente o que Monstro lhe dissera.

Fotografias - Regulus Black + Héstia Jones.Onde histórias criam vida. Descubra agora