PeterMeu corpo doi e minha cabeça mais ainda. A única coisa que sinto é a dor no meu corpo inteiro, meus olhos estão se recusando a abrir e sinto uma queimação gigantesca no peito junto com uma boca seca. Abro meus olhos esperando tudo que tudo fosse um sonho e que eu estaria deitado na minha cama somente com uma dor nas costas, não era.
As luzes fortes acima da minha cabeça fazem meus olhos arderem e a dor de cabeça aumentar ainda mais, mas não ligo para isso, a única coisa que penso é na criança, ainda de pé, no meio daquela sala escura. Ainda consigo ve-la com os olhos cheios de lágrimas de pavor e o soldado com a bomba na mão. A culpa foi minha e o mundo inteiro vai saber disso quando amanhecer. A mãe vai saber, se já não sabe.
Eu falhei com aquela mãe e agora ela não vai ter mais um filho para cuidar, fazer o cafe da manhã ou até mesmo levar para a escola, tudo isso por minha culpa. Como foi que não escutei o senhor Stark? Decorar a quantidade de soldados que você deve derrubar para salvar pessoas inocentes é o mínimo que alguém deveria decorar, um Vingador deveria saber disso. Eu não era um Vingador e nunca séria um, não mereço ser, matei aquela criança quando eu era a pessoa à qual deveria salva-la, eu a matei.
Minha cabeça girava e o ambiente parecia estar claro demais por causa das luzes. Havia somente uma porta a minha frente e ela estava aberta. Com passos calmos eu vou até ela e saio do quarto iluminado, me deparando com um um enorme espaço onde as paredes eram de vidro e pessoas andavam para lá e para cá. Nenhum sinal de Tony.
- Olha quem acordou!- me viro e encontro uma mulher magra de cabelos loiros falando comigo - Eu sou Pepper, Tony me falou sobre você e sobre o que aconteceu, lamento muito Peter. Esse tipo de coisa acontece e é nossa trabalho fazer de tudo para que não se repita, não se culpe, criança.
- Onde eu estou? Não parece o Queens.
- Ah definitivamente não é o Queens - ela ri para si mesma - Você está no complexo dos Vingadores, aqui é onde a mágica acontece. Eles treinam, moram, discutem e várias outras coisas. Você é bem vindo para ficar aqui por quanto tempo quiser, mas sinto que sua tia pode estar sentindo sua falta.
- Como sabe sobre May? Quer saber? Esquece, você provavelmente sabe minha vida inteira, não é mesmo? - ela concorda - Quero ir para casa, por favor.
- Como você desejar - ela assentiu e chamou Happy - Happy! Peter gostaria de ir para casa você faria o favor de levá-lo? Obrigada - ela volta a atenção para mim - Qualquer coisa, você tem o número do Happy, não exite em ligar, ok?
Eu balanço a cabeça e sigo Happy até um carro preto parado no jardim. A luz não queima mais tanto meus olhos mas a sensação de culpa ainda faz minhas mãos suarem. Nada mais passa pela minha cabeça além do olhar da criança que confiou em mim.
Quando chegamos na frente do meu prédio, Happy, que não gosta muito de conversar me fala um "sinto muito" e eu entendo que é pelo que aconteceu na missão. Saio do carro sem dizer mais nada, não a nada para ser dito. Antes de bater na porta do apartamento, Tia May abre a porta e vem correndo me abraçar, ela não sabe que sou o Homem Aranha, então provavelmente só estava preocupada.
- Garoto? - ela grita - Onde estava? Por que seu rosto está cheio de pontos? Peter se você tiver se metido em mais uma briga com aqueles garotos da escola eu juro por Deus que vou pegar a sua orelh.....
- Calma May - eu a interrompi - Eu estou bem ok? Me desculpa, não queria te deixar preocupada.
É essa é a minha deixa para cair em lágrimas ali mesmo no corredor, onde todos podem ver. Não me importo com que está vendo ou como a cena está patética, eu só quero que a culpa saia de mim, que meus ombros não fiquem tão pesados e que o passado possa mudar. O ombro da May já estava encharcado.
Minutos que parecem horas passam e meu corpo fica mais relaxado, meus olhos estão vermelho, consigo sentir. Tia May começa a se levantar bem devagar e me levanta junto com ela.
- Meu querido, venha para dentro de casa, eu preparo um chá de camomila e você pode conversar comigo ou somente ir dormir - ela tenta me confortar fazendo carinho no meu braço - Pode ser?
- Sim, obrigado - digo enxugando as lágrimas restantes.
Entramos na cozinha e nenhum de nós tem a coragem de falar uma palavra. Eu estava caindo de sono então agradeci May pelo chá e caminhei com ele até meu quarto. Decidi tomar na minha varanda, para tentar me acalmar. O céu estava escuro e não se dava para ver estrelas, escuto um barulho na varanda do vizinho e olho no mesmo instante. Espera, Britt? Sozinha? Será que devo a deixar sozinhas ou cumprimentar? Decido voltar para dentro, mas quando viro para entrar, a xícara escorrega da minha mão e quebra fazendo um barulho gigantesco. É claro que isso faz com que ela me veja.
- Ahm eu.. desculpa... eu... - meu deus! Ela estava linda com a luz da lua batendo em seu rosto e o cabelo em um rabo de cavalo - Oi eu juro que não queria te incomodar, me desculpa.
- Peter? Oi.. não me... me incomodou, não se preocupe - ela então nota os machucados no meu rosto e os olhos vermelhos - Jesus! O que aconteceu? Você quer conversar?
- Não, está tudo bem. Não quero falar sobre isso, Britt - eu encaro o chão por tempo demais - Espero que você não tenha visto minha cena no corredor.
- Não vi não, eu passo as noites aqui e me desligo do mundo - ela solta uma risada pelo nariz, eu achei fofo - Peter, você não está bem. Sei que não quer conversar, mas que tal você vir aqui? A melhor coisa para se fazer quando está mal é ficar com pessoas que se importam e aliás, eu tenho lasanha e fones de ouvido. O que acha?
Eu realmente estava com fome, e era a Britt quem estava me chamando, A BRITT.
- Obrigado, Britt. Eu aceito sim - falo isso enquanto pulo as grades eu vou até a sacada dela cuidando para não cair - Você fica aqui sempre e eu nunca notei, que loucura.
Imagino se alguma vez ela já me viu pulando com a minha roupa de Homem Aranha e um calafrio atravessa minha espinha. Não vou pensar nisso agora. Ela me alcança as cobertas e um fone.
- The Vamps? Ótimo gosto musical hein.
- Obrigada, na verdade eu tenho um ótimo gosto pra música, você só não sabe ainda - ela sorri pro céu evitando contato visual e eu faço o mesmo - Essa é uma das minhas melhores playlists, mas eu tenho várias, uma para cada um dos meus moods.
- Eu tambem faço isso! Pensei que fosse o único estranho que fizesse, não que você seja estranha não me entenda mal, só é.... diferente - ela fica meio de jeito e eu continuo - E essa playlist? Qual é o mood?
- Apaixonada - ela olha nós meus olhos e nos dois damos risadas.
Por quem Britt poderia estar apaixonada? O silêncio então toma conta e a única coisa que escuto é a música, a respiração dela e eu mastigando a lasanha.
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To the end of the line
FanfictionPeter Parker sempre foi um adolescente normal, bom, se você chama escalar paredes e atirar teias igual uma aranha de normal, então sim, ele era normal. Ele porém sempre manteve sua vida de adolescente básico com estudos, amigos, bebidas, e uma paixã...