Part 41

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Britt

Meus olhos ardendo e cheios de lágrimas te encarravam, a poucos minutos ainda podia sentir sua respiração perto da minha boca, seus olhos brilhando, como sempre, ainda me observavam e seu cheiro de perfume e uma mistura de lavanda que saia de suas roupas ainda estava no ar.

Ainda consiguia sentir você me abraçando com tanta força, tentando me proteger, como se dentro desse abraço apertado o mundo pararia e nada nunca poderia nos afetar, e por um momento o mundo realmente havia parado e somente o que importava era você ali do meu lado, com um sorrisso e sem medo de esconder que estava sorrindo. Sorrindo para mim.

Eu disse que eu nunca iria amar tanto alguém igual amei você, e você disse que não deixaria nossa história sumir assim. Somente eu não menti. A gente poderia ter ido para a praia ou talvez a um lago e reclamar sobre nossas vidas juntos, rir de como somos estúpidos e beber até que o sol tivesse ido embora. Mas eu te deixei ir, não deixei? E agora eu estou aqui te olhando do outro lado do quarto enquanto você está deitado a dois metros de distância com os olhos fechados e o corpo cheio de curativos.

Eu te deixei fugir dos meus braços e agora eu choro por isso. Não sabia o que era amar alguém tanto que meu corpo dependia de você para respirar. Nunca mais vou saber o que é passar a mão em seu cabelo, conversar sobre como nos dois achavamos que alguem deveria fazer um filme sobre nos e ficar bravos sobre como isso nunca ia acontecer.

Eu te olho agora e a única coisa que queria era voltar no tempo e refazer tudo isso.

Você está deitado nesse quarto branco com paredes altas, um vaso de flores muchas e o monitor que mostrava seus batimentos e eu estou aqui nessa poltrona dura e gelada que me machuca, chorando meu coração, coçando meu olhos vermelhos, sentindo uma dor insuportável no meu peito e com algo trancando minha garganta.

Você via as cores e eu não via nada, agora eu vejo as cores e você vê branco. Eu queria te mostrar o mundo, te mostrar que tudo ia ficar bem e que todas nossas dúvidas iam sumir algum dia. Que nos dois tínhamos um plano para seguir um plano feliz e eu não consigo aceitar o fato de que você talvez não faça parte desse plano. Eu implorava para qualquer pessoa que tivesse me escutando para o trazer de volta para mim e mesmo assim ninguém parecia me escutar, seus ferimentos se pareciam como flores vermelhas e eu ria internamente pois Peter Parker sempre foi assim achar flores no gramado cheio de sal. Eu sabia que de algum jeito ele sentia minha presença e sabia que eu não ia desistir dele.

Os médicos entravam e saíam do seu quarto até parecia uma dança de algum ballet que eu te arrastaria se nós fôssemos mais velhos. Toda chance que eu tinha eu segurava sua mão, passava os dedos sobre os seus e sentir como era lindo cada detalhe dele. Seus batimentos continuavam estáveis e eu precisei encostar meu rosto pesado na cama porque não sabia a quanto tempo eu estava acordada e isso estava começando a me afetar, era como se ele estivesse ali no meu lado, me tocando e me fazendo dormir aos poucos e meus olhos fecharam, quase sentindo o peso de sua mão pelos meus cabelos desarrumado. Eu dormi esperando que quando eu acordasse você estaria ali de pé e me amando como sempre amou, com todo seu coração.


Meus olhos abriram pra encontrar uma claridade absoluta e triste, olhei para o meu corpo e alguém tinha colocado uma coberta leve demais em mim, e então eu notei, eu estava sozinha, Peter tinha sumido e seu quarto estava vazio. Ele não estava comigo. Ele não estava comigo. Ele não estava comigo. Eu saí correndo pelos corredores batendo contra as pessoas que andavam por ali alguns médicos me olhavam de um jeito estranho e eu parei em uma mesa de uma enfermeira.

- Querida? Você está bem? - Ela falou assustada.

- Eu não sei... Eu acordei... Sozinha... Peter Parker... Parker por favor. - Eu pedi para ela procurar, mas ela sabia quem era e nem precisou procurar no seu computador.

- Tivemos que o trocar para um quarto melhor por ordens de alguém maior - Stark eu tinha certeza - Mas ele está bem, ficou mais estável e diminuímos a quantidade de remédios do seu corpo, é provável que ele saia do coma ainda hoje, seus amigos devem estar sentados ali.

Eu agradeci e sai até os braços de May que me encontrou com um abraço forte como se ela também estivesse precisando daquilo, todos nós estávamos. Fomos até essa máquina de café e ela me pagou um cha, eu não tinha forças para argumentar quem iria pagar então a deixei fazer aquilo por mim. Sentamos em cadeiras duras de plásticos e encaramos a parede com televisões que mostravam senhas de pessoas.

- Os médicos falaram que ele vai sair do coma - Ela beijou minha testa.

- Eu sei, eu nunca estive tão feliz acho.

- Britt, eu me sinto culpada por isso, eu deveria ser aquela a fazer ele parar com esse trabalho estupido de ser super herói, mas eu o encorajei a continuar com esse "estágio" eu fui tão irresponsável. - Vi uma lágrima escorrer de seus olhos.

- Você não tinha como saber e só tentou ajudar, ele não queria que você soubesse May, eu tentei fazer ele te contar então na verdade nós podemos culpar todo mundo menos você. Deveríamos me culpar, eu sempre soube e nunca consegui o fazer parar, você sabia que eu o pedi pra me deixar? Essa foi nossa última conversa! E se ele só se lembrar disso?

- Peter sabia o amor que você sentia por ele era grande demais para acabar com uma briga. Vocês se amam, e nunca mesmo isso vai ser sua culpa.

Os médicos nos acompanharam até o quarto dele e falaram que Peter poderia acordar a qualquer momento já que ele conseguia respirar por conta própria e os remédios não eram mais necessários para o acalmar, entretanto seria bom ter alguém do seu lado para o acalmar quando ele acordar. Ele estava parado parecendo uma estátua e eu estava nervosa demais para falar ou perguntar qualquer coisa, só concordei.

Quando ele abriu os olhos e a primeira coisa que se virou foi pra mim meu coração congelou.

To the end of the lineOnde histórias criam vida. Descubra agora