Seis (parte 2)

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Levo a mão à boca. Mas o quê...?

 – Precisamos trocar você de carro – Ele continua - Nós vamos parar em um local em poucos minutos e você vai para o carro de Thomas, certo? – Carro do Thomas? Era só o que me faltava.

 Ai meu Deus! Não posso ficar sozinha no mesmo carro que ele, não posso! Assinto para Peter, sem outra opção.

Minha boca fica seca.

 Peter para em uma rua escura e me passa uma jaqueta.

- Coloque isso e o capuz. Tente esconder o  rosto e seja rápida, certo? – Assinto novamente.

- Pode ir – Abro a porta – Ei, Alicia, - Viro para ele - Eu te amo, tá? Nunca vou deixar que nada te aconteça – Beijo seu rosto e engulo em seco tentando segurar as lágrimas que ameaçam cair.

Saio do carro e ando rapidamente.

Atrás do carro de Peter está o de Thomas e logo as portas se abrem. Jess passa por mim indo em direção ao carro de Peter. Vejo Caleb e Gustavo entrando nos carros de nossos seguranças logo atrás.

Merda! Só ele ficou lá.

Enquanto ando até seu carro tento esconder o rosto, como meu irmão pediu. Um arrepio passa por mim. Abro a porta de carona do Audi q7 de Thomas e entro. O carro sai em disparada e segue em uma direção diferente do de Peter.

Ele olha para mim, mas dessa vez não é o olhar sério de sempre. Ele parece nervoso ou talvez inseguro. Mas também, né Alicia? Queria o quê. Nem todo mundo é de ferro. Um silêncio constrangedor se estende entre nós.

Eu não sei o que pensar. Eu não sei o que dizer. Eu não acredito que tudo isso está acontecendo. E ao mesmo tempo! Eu não acredito que querem acabar com a gente como fizeram com meus pais e os Carter.

As lágrimas ameaçam descer novamente e eu enterro minha cabeça em meus braços.

Um toque de celular ecoa dentro do carro. Ele aperta um botão perto do som.

- Alô?

- Tudo certo? – É a voz de Peter.

- Sim. Tudo certo aí?

- Sim, sim. Até mais.

- Até – Thomas encerra a chamada e eu suspiro.

- Pra onde vamos? – Corto o silêncio entre nós.

- Para a sua casa – Diz sem tirar os olhos da estrada escura – Peter e os outros também. Estamos indo por caminhos diferentes para desviar a atenção de quem quer que esteja nos perseguindo. – Engulo em seco.

- Você não tem nenhuma ideia de quem seja? – Ele balança a cabeça em negativo.

- Nenhuma pista. Nada. Já investigamos todos os negócios da nossa família e da sua e tudo é negócio limpo – Diz um pouco melancólico. Observo o seu rosto parcialmente coberto pela escuridão – Mas eu vou me vingar, Alicia. Eu vou acabar com essa pessoa que está por trás de tudo isso. Ela levou seus pais, levou os meus, - Ele suspira – tão...brutalmente. Eles não mereciam isso, caralho! – Ele bate no volante e um soluço escapa da minha garganta junto com o choro.

- Eu sei – Digo entre soluços – Não era pra ter sido assim... – Enxugo as lágrimas que não querem parar de cair. É como se o momento que eu recebi a notícia da morte de meus pais voltasse de uma vez.

- Desculpa por fazer te lembrar deles, e eu também nunca a chance de lhe dizer que eu sinto muito por eles. Eles também eram muito importantes para mim, você sabe – Concordo com a cabeça.

- Tudo me lembra deles, Thomas. E eu também sinto muito pelo seus pais. Eles também significavam muito pra mim.

- Alicia, sobre ontem... - Ele disse depois de um tempo - Não foi aquilo que eu quis dizer – Ele olha para mim rapidamente.

- O que você disse já foi dito e pronto! Vamos esquecer o que aconteceu e encerrar esse assunto – Digo secamente.

Porque que ele tinha que ter me lembrado de ontem?

Ele olha para mim meio surpreso e depois assente. Um misto de decepção e raiva me invadem.

Será que eu quero esquecer o que quase aconteceu ontem?

Ele estaciona o carro na imensa garagem e, finalmente, em segurança na minha casa saio do carro e vários seguranças me seguem, como se o perigo ainda fosse eminente. Abro a porta, Jess se levanta do sofá, aliviada, e me abraça.

- Você está bem? Eu fiquei tão preocupada, você acabou de chegar no Brasil e essas coisas já acontecem... – Ela chora no meu pescoço e eu engulo em seco.

Não chore mais, Alicia. Não chore! Seja forte.

Depois de muitas explicações e de conversar sobre o que aconteceu hoje os Carter resolvem passar a noite aqui por segurança.

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- Vocês podem escolher qualquer quarto aqui em cima. A casa é de vocês – Digo para Thomas e Jess.

Digamos que, aparentemente, a atmosfera entre eu e Thomas está menos tensa.

Há males que vêm para o bem...

Caleb e Gustavo vão ficar nos quartos de hóspedes de Peter e Jess e Thomas nos  meus quartos de hóspedes. Vou para a minha suíte e quando entro lá sou surpreendida por uma caixa preta com um laço azul em cima da cama.

Que linda!

Desfaço o laço e abro a caixa. 

Sinto todo o sangue do meu rosto ser drenado.

Vejo uma foto minha tirada quando eu estava entrando no carro para ir para a boate com Jess cortada ao meio e do lado um cordão com um pingente de coração ensanguentado.

Esse é o cordão que mamãe sempre usava.

Um presente que Papai deu a ela. Esse sangue seria...?

Em um cartão tem escrito "Bem-Vinda Srta. Jones"

Meu Deus! Meu corpo todo fica dormente e eu grito.

Atração InevitávelOnde histórias criam vida. Descubra agora