Atração Inevitável

Vinte e um

A hora é agora!

Pego, disfarçadamente e com dificuldade, um canivete que eu sempre levo no bolso da minha calça e tento cortar a corda que prende minhas mãos.

Emily arregala os olhos, mas logo se recompõe e abre um sorriso forçado.

- Que venham todos. Assim podemos matá-los de uma vez – Ela olha para mim e eu paro de cortar a corda que já está quase se soltando.

– Apresento-lhe meu irmão, Patch Mitchell – Ela sorri novamente e apoia um braço nele, que sorri também.

Em dois segundos escutamos um estrondo na porta e no segundo seguinte Thomas está dentro do local olhando para Emília com uma arma apontada para ela. Ele parece tão incrédulo quanto eu.

Emília, no mesmo instante, corre até mim e posiciona uma faca ao redor do meu pescoço. Thomas arregala os olhos e então olha para meu ombro sangrando e depois para mim.

Consegui! As cordas se rompem.

Seguro as mesmas para não deixar claro que consegui soltá-las.

- Você? – Thomas pergunta incrédulo. Ela sorri – Eu sabia que você não estava grávida, pelo menos não de mim. Essa sua conversinha não me convenceu – Ele olha para Patch que está com as mãos levantadas.

Escuto tiros e muito barulho de socos vindo do lado de fora.

- Você eu conheço! Você era quem estava com ela na noite que eu descobri que estava me traindo – Thomas diz.

Espera! Ele não é irmão dela?

- Ele não é seu irmão? – Digo, com medo de fazer qualquer movimento e ser cortada por Emília.

Os irmãos sorriem.

- Irmão e amante. – O sorriso dela fica mais amplo.

Credo. Essa mulher é louca! Como pôde ficar com o próprio irmão?

- Você é louca!

Eu olho para Thomas e então é como se nos comunicássemos pelo olhar. Thomas atira exatamente no braço de Emily, fazendo-a soltar a faca e eu ficar livre.

Levanto-me tentando ignorar a dor no ombro e tiro a arma de dentro da minha calça.

Patch parte para cima de Thomas fazendo cair a arma de sua mão. Então olho para Emília e a vejo alcançando a faca.

- Não se mova – Anuncio apontando a arma para ela.

– Você é uma psicopata Emily, ou sei lá qual for seu nome. Você deveria passar o resto da vida internada em um manicômio – Continuo - Mas isso não vai ser possível porque eu jurei matar você. Você matou meus pais. Você matou pessoas que eram muito importantes pra mim. Você tentou me matar. Matar meu irmão. Eu jamais perdoaria isso. Você não merece perdão – Cuspo as palavras e então alguém me agarra por trás.

- Matei seu namoradinho, agora vou te matar, vadia! – Patch sussurra no meu ouvido.

Sinto meu sangue sumir do rosto e tudo dentro de mim morrer. Não consigo olhar para trás.

Thomas não!

Ele imobiliza meu braço e então, a arma cai. E sinto com se tudo isso fosse o fim. Emília sorri e se arrasta para pegar a arma, mas no mesmo instante escuto um disparo e todo o corpo de Patch fica rígido, me liberando. Viro para ele e chuto sua barriga, como se um tiro não fosse suficiente.

E quando ele cai, vejo Thomas se levantando com a arma na mão. Ele atirou na cabeça de Patch.

Sorrio para ele e então lembro de Emília.

Patch começa a vomitar sangue e cai no chão. Viro para ela que continua a se arrastar no chão tentando pegar a arma desesperadamente. Com o pé, empurro seu corpo até o chão, imobilizando-a.

De onde estou, ainda imobilizando-a com a perna, pego a arma.

- Eu sinto muito, Emília. Você quis assim – Essas foram as últimas palavras ditas por mim antes de eu atirar em sua cabeça.

E então, ela se vai.

Por precaução, checo seu coração e ele não bate mais. Respiro fundo.

Então, uma atmosfera de alívio paira no ar.

Levanto, consciente de que estou coberta de sangue e com uma arma na mão. Thomas está ajoelhado, checando os sinais vitais de Patch. O mesmo está morto.

Thomas então se levanta e me encara. Ele se aproxima de mim.

- Acabou – Ele me abraça com cuidado.

Ele beija meus cabelos e suspira. E então, eu não sinto mais nada, nem dor, nem tristeza, nem angústia em seus braços. Seus braços agora são a confirmação de que todo esse pesadelo acabou.

- Acabou – Repito suas palavras.