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Lizzie

Arlete e Frederica estão do outro lado do salão de festas. Dayane e eu tratamos de ficar longe delas o máximo possível e qualquer tipo de encontro com uma das minhas irmãs está fora de questão. Estou usando meu disfarce, mas ainda é perigoso.

Quando Nicholas Colin aparece no palco eu relaxo. Arlete e Frederica não estão mais nem aí para as outras meninas e só querem saber de observar o cara lá em cima. Mas preciso admitir, ele cantando ao vivo e acústico é bem melhor do que aquele treco mixado que toca na rádio. Esse Nicholas do palco não parece o mesmo que vejo nos videoclipes da TV.

Agora, cantando dessa maneira, ele pode ser sim um músico que eu admiro.

Após a canção e explicar algumas coisas que vão acontecer no programa, o café da manhã é servido. E agora estamos espalhadas entre cinco mesas no salão.

- Vocês já leram A Seleção? - uma garota baixinha, de olhos azuis e lábios grossos comenta à mesa em que Dayane e eu estamos sentadas juntas de mais quatro garotas.

- Eu já li! - Dayane levanta a mão.

- Eu também. - falo, mas estou mais concentrada em minhas panquecas.

- Isso que está acontecendo com a gente. - ela gesticula com as mãos. - Isso tudo; é igualzinho no livro. Um príncipe, uma seleção, várias garotas... estou nervosa.

- Nibolas bão é um príncibe. - falo com a boca um pouco cheia e lembro das boas maneiras. Engulo tudo. - Ele é um cantor. E nenhuma de nós vai se casar com ele. Isso seria maluquice. - solto uma risada, mas elas não riem como eu esperava. Apenas ficam me olhando de uma forma estranha e então passam a encarar algo atrás de mim. Fecho os olhos com força. - Nicholas Colin está aqui, não está?

- Bem aí. - Dayane aponta.

- Oi, meninas. - ele senta na cadeira vazia, entre mim e a garota baixinha, fã de A Seleção. - O que acharam das panquecas?

Sei que ele me ouviu dizer que casar com ele era maluquice. Sinto meu rosto ficar quente de vergonha.

- Estão ótimas! - elogia a loira do outro lado da mesa. - Minha prima e eu adoramos.

- E também adoramos você! - a prima da participante fala de maneira desesperada e tenho vontade de rir quando ela recebe um olhar reprovador da loira, mas não faço isso.

- Eu gostei bastante! - a garota de olhos azuis diz. - Estava falando com as meninas como isso tudo parece ter saído de um livro. - muda de assunto. - É como um conto de fadas.

- A seleção não é bem um conto de fadas. - falo. - Acontece um monte de coisas ruins. Tipo, muitas mesmo. É uma distopia.

- E qual história que não tenha vindo dos irmãos Grimm seria um conto de fadas pra você? - Nicholas me encara.

- O Diário da Princesa. - digo como se fosse obvio.

Ele afirma com a cabeça, concordando comigo.

- Você tem razão, Liza.

Ele decorou meu nome? Quero dizer, é um nome falso, mas mesmo assim decorou. Deve ser difícil esquecer uma garota metade Velma e metade Daphne.

- Você é... - ele se dirige a garota dos contos de fadas.

- Beca - ela diz antes que Nicholas termine a frase.

- Isso. Rebeca Gordon!

Nossa. Ele não é um cantor idiota pelo menos. Se deu o trabalho de saber nossos nomes.

Cinderela, eu? ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora