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Lizzie

Frederica não veio ao julgamento como todo mundo esperava e agora eu sinto que tudo estará perdido. Sem o seu depoimento, não existe prova nenhuma contra Ivone e assim eu vou acabar indo para a cadeia por um crime que eu não cometi; a minha vida já era.

- Nós precisamos do depoimento da minha irmã! - digo em desespero antes de entrarmos na sala de audiência.

- Lizzie, vamos precisar esperar, mas se ela não aparecer, tenho que convencer o juiz a prolongar a sessão ou nos dar um intervalo. Tem alguma ideia de onde ela possa estar? - Sebastian pergunta e balanço a cabeça.

- Lizzie, pensa. - Nick me encara. - Você conhece Ivone melhor que ninguém, onde ela esconderia a filha?

Enfio os dedos nos cabelos e fecho os olhos. Aquela mulher pode ter mandado Frederica pra qualquer lugar, a não ser...

- O porão! - digo.

- Na sua casa? - Dayane levanta as sobrancelhas. 

- É! Depois que meu pai morreu, Ivone vivia me trancando lá quando eu a desobedecia ou fazia algo que ela não gostava. Ela dizia que eu deveria ficar trancada e pensar nas minhas atitudes até que aprendesse a ser uma boa menina. - falo. - Frederica só pode estar lá.

- Nick, você precisa ir atrás da Frederica agora! - minha mãe diz. - Se ela estiver mesmo trancada no porão, isso é crime!

- Tudo bem - Nick afirma com a cabeça. - Vou ligar para o policial Jin e pedir que mande uma viatura pra lá. - ele segura meu rosto. - Eu vou trazer sua irmã, confia em mim. - me beija levemente e se afasta. - Eu volto assim que achá-la. Preciso ir. - ele caminha pelo corredor com passos largos, já colocando o celular próximo à orelha.

- Vamos entrar, já vai começar. - Sebastian nos avisa e seguimos para o tribunal. 

Dayane e eu ocupamos nossos lugares de frente para a bancada do juiz, Sebastian fica ao nosso lado enquanto minha mãe ocupa seu lugar na "plateia". Do outro lado da sala estão Ivone e Arlete e logo um homem grande de terno e gravata se aproxima delas, é o advogado. Aos poucos, várias pessoas começam a chegar, gente que eu nunca vi na vida e que eu não tenho a mínima ideia do que estão fazendo aqui.

- Quem é essa gente toda? - pergunto para Sebastian.

- Bom, já que a história vazou, provavelmente agora todo mundo quer assistir seu julgamento.

- Isso aqui não é um show gratuito da Britney Spears! - Dayane se zanga. - Que absurdo.

Dou uma olhada por cima do ombro e percebo que o tribunal agora está cheio. Rosie está bem na fileira da frente e sorrio para ela, que retribui cheia de esperança. 

- Essa não... - Dayane aponta para a porta da sala. - A sua sogra veio te ver.

- Ah, meu Deus - vejo Rachel, mãe de Nick, entrando e procurando um lugar para sentar ao lado do marido. - Isso não pode ficar pior.

- Nunca diga uma coisa dessas. - minha amiga nega com a cabeça. - O pai dele está olhando pra cá. Está acenando. E sorrindo. - ela mostra os dentes forçadamente e faço o mesmo. - Acena de volta, pelo menos ele é legal.

- Sim, a gente só se viu uma vez na festa de aniversário do Nick na casa em Cancún, mas ele pareceu gostar de mim. - viro-me para a frente para sentar direito e balanço a cabeça. - Odeio essa situação.

- Com certeza não odeia isso mais do que eu odeio a Ivone.

- Meninas - Sebastian chama nossa atenção. - O juiz chegou.

Cinderela, eu? ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora