Wherever You Are (Michaentina)

Capítulo 4 - Um conselho de amor

Michael

- Perdão... eu não consegui me controlar... e isso não é justo com nenhum de nós - digo enquanto me afasto um pouco dela. Sinto meu peito arder em uma mistura de paixão e culpa, mas eu não podia permitir que aquilo acontecesse, pelo menos não daquela maneira.

- Não precisa se desculpar, sou eu quem te deve desculpas, eu sei que você tem namorada e ela não merece nada disso. Mas não posso evitar perguntar se sentiu o mesmo que eu senti...- os seus olhos transmitiam esperança e uma faísca de ingenuidade, coisas que só se via na Valu quando alguém a conhecia bem profundamente.

- Podemos falar disso em um outro momento? Acho que você precisa aclarar o que você está sentindo pra entender bem quem você é fora de um relacionamento, mas estarei aqui como seu amigo pra te apoiar no que seja.

- Tudo bem, acho que tem razão! É melhor que eu descanse e me concentre na turnê. Nossas vidas vão ser uma loucura daqui a poucos dias e é melhor estarmos bem preparados. Me dá um último abraço?- disse estendendo os braços pra mim e mais uma vez fazendo aquela carinha que ela sabe que eu não resisto.

- Vem cá, pede... vai ficar tudo bem, tá? - naquele instante eu a abraço como se minha vida dependesse disso e como eu queria poder eternizar aquele momento.

Uma coisa que se descobre a medida que nos tornamos adultos é que tudo aquilo que realmente importa vem com uma parcela de sofrimento e renúncia. Naquele momento eu não entendia o que o universo queria me dizer com todos aqueles acontecimentos, mas se eu tinha certeza de algo era que eu não podia deixar de ser leal ao que eu sinto. Mas como fazer isso sem magoar todos ao meu redor?

Valentina

Me despeço dele e vou em direção ao meu carro e enquanto partimos em direções opostas mais uma vez em nossas vidas a única coisa que me faria completamente feliz naquele momento era não ter de fazê-lo. Posso parecer precipitada, mas a verdade é que não entendo como levei tanto tempo pra perceber que ele nunca deixou de ocupar esse lugar no meu coração. Quando lhe contei todos os meus medos e inseguranças ele se tornou uma parte muito importante de mim, eu seria dele, por toda a vida, e quem me dera poder escutar que ele também seria meu. É fácil se apaixonar mas é muito difícil partir o coração de alguém, aquilo era uma boa ideia ou se transformaria em um campo de batalha?

Michael

Chego em casa e vejo que a minha namorada não está então decido ligar pra ela pra saber se jantamos fora ou se vou ter que queimar a casa na minha tentativa de cozinhar algo ao menos comestível. Ela me atende e diz que resolveu dormir na casa da Lou e que voltaria amanhã cedo pra arrumar as malas.

Penso que preciso conversar com alguém antes que eu exploda com esses sentimentos todos dentro de mim e sei que a única pessoa que me ouviria sem me julgar e daria conselhos que me ajudariam era o Rugge. Claro, depois de me zuar muito com todo o papo de "EU JÁ SABIA" que embora eu não estivesse com saco pra ouvir, sabia que precisava do meu amigo num momento desses. Tomo novamente o telefone e ligo pra ele.

- Alô, Rugge? Pode vir até o meu apartamento? Preciso muito falar com você...

- Sério, Mike? Eu tô de pijama e com sono, o que pode ser tão urgente pra você me chamar assim?

- Deixa de se fazer de sonso que eu sei que você adora uma fofoca... anda, vai! preciso do meu amigo- faço minha cara de pidão, mesmo peli telefone ele consegue perceber exatamente que é isso que eu estou fazendo.

- Tá! - diz bufando.- mas só se você prometer que vai ter pipoca, amo ouvir fofocas com pipoca.

- okay! promessa de mindinho.

- Estarei aí em sete minutos...

Não demora muito pra que ele chegue, se acomode no sofá e procure pelas pipocas que eu prometi. Eu contei a ele tudo que aconteceu e ele parou de comer na hora de tão assustado (e olha que isso era difícil).

- Não acredito que fez isso com a Anita. Mike, como seu amigo eu serei curto e grosso no meu conselho, tem que admitir primeiro a si mesmo o que sente e depois contar a verdade a ela, não é justo com ela ser enganada, e nem justo com você se manter numa relação onde você não sente o mesmo pela outra pessoa. "Deveria ser ilegal estar com uma pessoa e pensar em outra", se bem me lembro foi você mesmo quem disse isso.

- Eu sei Rugge, mas nada é tão simples quanto parece. Eu não posso terminar com a Ana faltando tão pouco pra turnê e arriscar perder a boa relação que temos além de estragar o ambiente pra todos pelos próximos 5 meses. E além disso, eu tenho medo... medo de tentar outra vez com a Valu e isso destruir nossa amizade se não pudermos manter uma relação após a gira. Eu não quero que ela saia da minha vida, aceito a amizade dela em prol de mantê -la na minha vida.

- Pensa melhor no que vai fazer, cara. Eu só quero ver vocês felizes, mas não deixa o que aconteceu magoar ninguém- ele diz pegando o celular pra ver a mensagem que tinha recebido.- O pessoal quer sair hoje e ir até um karaokê aqui perto, vamos? vai ser bom pra você espairecer.

- Eu acho que é uma boa ideia, todos nós precisamos de um pouco de diversão...- digo isso enquanto me pergunto se a Valu estará lá, preciso saber se ela está bem.

Saímos do apartamento, buscamos meu carro na garagem e partimos em direção ao karaokê. Mais do que nunca eu queria que aquela noite fosse divertida pra todos nós, seria um dos últimos momentos antes da gira e tínhamos que aproveitar ao máximo.

Quando chegamos no local, os meus olhos circularam a procura de uma certa loira, mas não a encontrava. Vi male e Gastón rindo de alguma piada (horrível) que ele deve ter contado, Lino e Gio abraçadinhos no canto de uma mesa, Meli, Lou e Anita tentando algum passo de dança enquanto Jorge as assistia. Rugge saiu correndo quando viu que a próxima música era Calypso, estava louco pra cantá-la, ele me matava de rir às vezes. Por todos os lugares que eu olhava eu buscava encontrar aqueles olhos azuis que me prendiam a atenção, então ao virar-me uma última vez ali estava ela, linda como sempre em um vestido preto de couro que se ajusta a perfeitamente ao seu corpo e botas, se alguém sabia como impressionar e fazer uma boa entrada, esse alguém era ela.

1 hora depois

Depois de vários solos e duetos armados, uma vez que decidimos que seria um sorteio quem cantaria com quem, ainda restavam alguns pares de nomes no copo e o apresentador se desloca para descobrir quem serão os próximos a cantar. Ele retira dois papéis do recipiente e lê em voz alta os nomes e eu sinto um arrepio quando escuto ele falar "Michael e... Valentina!"

Ambos estávamos nervosos mas olhei pra ela e disse:

- Tá tudo bem, vamos apenas nos divertir. Sinta a música e torne esse momento mágico.

- É fácil quando canto com você...- ela sussurrou no meu ouvido enquanto esperamos no telão o nome da música que teríamos que cantar e então vimos o letreiro luminoso que dizia... CONSEJO DE AMOR. Não sei porque mas eu sentia que aquele momento seria especial.

Ela então começou a cantar sem deixar de me olhar nem um instante:

Si me toca escoger entre volverte a ver 
O aceptar que te fuiste
Yo prefiero fingir que por ti estoy feliz 
Aunque no me escogiste
Si me toca romper todo mi corazón 
Para atarte a mi vida
Ya tendré que entender que en las guerras de amor 
Siempre hay balas perdidas

Respiro fundo ao notar o quanto aquela música tinha a ver com a nossa história, pego a mão dela e coloco todo o sentimento na minha estrofe:

No me obligues a disimular que quizá no te vi si te veo
Porque sabes que lo prometí, aunque si yo fuera tú, no me creo
Si me toca borrar cada marca que a ti te dejaron sus besos
Yo prefiero escribirles encima con los que faltan de los nuestros

Nos entregamos completamente ao momento, e era como se o mundo tivesse parado e não existisse nada mais além de nós dois e a nossa música. Eu era a pessoa mais sortuda do planeta por poder dividir aquele momento com ela mas ao mesmo tempo era a pessoa mais impotente porque não podia tê-la comigo.

Por que era tão difícil superá-la?