Michael nasceu e cresceu no circo, mas por conta de uma doença que não o permitia falar, ou sorrir, viveu uma vida escondido sob os bastidores. Porém, tudo muda quando Luke, um escritor cheio de vida e que busca por novas aventuras se junta à trupe...
– Graças a Deus o feriado está chegando! – Jake suspira audivelmente e se joga ao lado de Luke no sofá.
O mais velho está distraído fazendo algumas anotações em seu caderno de couro. Ele costumava anotar tudo que observava no circo com pequenos rabiscos, frases e até desenhos, depois ele juntava tudo e desenvolvia história principal. Ele desperta de seu pequeno transe com a chegada do amigo, que já está com a manete do vídeo game na mão, e levanta o olhar de forma curiosa.
– Feriado? – Arqueia a sobrancelha.
– Não é bem um feriado... – Começa a dizer, sem desviar o olhar da televisão – É mais como uma espécie de pausa de uma semana antes de começarmos a segunda parte da turnê.
– E o que vocês costumam fazer com esse tempo livre? – Pergunta e pega o lápis novamente, voltando a rascunhar nas páginas amareladas e empurrando de volta para os olhos os óculos que começam a escorregar pela ponta do seu nariz de forma engraçada, mas irritante.
– Bom, as coisas do circo ficam na última cidade em que pararmos, no caso Bristol. Então, a maioria fica por lá mesmo e aproveita para conhecer o lugar e os arredores. Mas muitos preferem viajar, afinal não é sempre que temos essa oportunidade. Eu, a família de Michael, Ashton, Calum e a mãe dele sempre optamos por viajar para algum lugar e tenho que dizer: é sempre muito divertido.
Os olhos de Luke brilham com a possibilidade de viajar com os amigos e Michael. Sua mente começa a imaginar todos eles em algum lugar bem bonito, tirando fotos e rindo, suas mãos entrelaçadas com as do mais novo enquanto eles andam pela cidade e conversam sobre universo. Aquilo soava muito bem.
Mas então o toque do seu celular o desperta de todos os pensamentos, ele olha o visor que pisca a palavra 'mamãe'.
– Licença Jakie – Ele pede e fecha o caderno, deixando jogado no sofá mesmo, antes de se levantar e caminhar para fora do trailer com o telefone já pressionado na orelha – Oi mãe...
– Ei querido, – A voz suave responde do outro lado da linha e o rapaz sente seu interior se aquecer – em qual lugar do mundo você está agora?
– Acredite, ou não, eu estou na Inglaterra. – Diz, deixando uma risada escapar quando a mulher exclama surpreendida, pois o garoto quase nunca estava no país natal – Estou viajando com um circo.
– Luke Robert Hemmings... – A voz vem com tom de seriedade, seguida por um suspiro de derrota – Você não toma juízo, né?
– Eu preciso de inspiração, mãe. Ficar preso dentro de um quarto em Londres ou em Doncaster esperando a criatividade cair do céu não vai funcionar. A senhora já está cansada de saber disso... – Suspira também, passando uma mão pelos cabelos e segurando algumas mechas que insistem em cair nos seus olhos.
– Eu só me preocupo com o meu filhote viajando o mundo e vivendo aventuras. Você tem vinte e dois anos, mas ainda é o meu bebê.
– Mãe... – Ele ri e revira os olhos carinhosamente – Eu entendo, ok? É só que... Eu gosto muito do que eu faço e é o que me faz feliz.
– Eu entendo, querido. Me conte sobre o tal circo.
– Ah! – Ele suspira, deixando um sorriso deslizar em seus lábios – Você ia amar as pessoas desse lugar, eles são tão unidos e incríveis, realmente uma verdadeira família. Eles me acolheram tão bem que eu já me sinto parte daqui, sério.
– Fez alguns amigos?
– Sim, vários, mas tem uns que são mais próximos, como Calum, Lucy, Jake, Ashton e... Michael. – Ele morde o lábio inferior para evitar outro sorriso quando pronuncia o nome do mais novo.
– Michael? – A mulher pergunta, deixando uma risada escapar.
– Ele é especial.
– Quer me contar sobre isso?
– Foi paixão à primeira vista. Na primeira vez que fui assistir um espetáculo do circo, eu o vi de longe e no momento que meus olhos encontraram os dele, eu senti uma coisa surreal. Em seguida eu me juntei ao circo e o sentimento foi aumentado, à medida que nós ficávamos mais próximos. Agora a gente meio que está junto, – Respira fundo – é complicado.
– Por quê? – Luke nota a preocupação na voz de sua mãe.
– Ele tem paralisia nas cordas vocais e em alguns poucos músculos do rosto, inevitavelmente isso o impede de muitas coisas.
– Espero que não seja isso que esteja te impedindo de dar uma chance a ele, Luke Robert.
– E não é, de jeito nenhum, mãe. Eu realmente não me importo que a gente não possa se beijar direito ou que não possamos passar horas conversando, porque as mãos dele doem de gesticular ou digitar. Nada disso importa para mim, mas importa para ele. – Explica, ouvindo sua mãe expressar um 'aah' baixinho – Michael cresceu acostumado a receber pena e repulsa das outras pessoas de fora do circo e acabou colocando na cabeça que ninguém pode se apaixonar por ele, ou que ele não tem nada a oferecer.
– Eu sinto muito, filho. Dê um tempo ao garoto e esteja sempre lá por ele, para que ele saiba que seus sentimentos são reais.
– Eu estou fazendo e ele também está tentando me dar uma chance, sabe? Ele gosta de mim também, só que esses sentimentos são novos para ele.
– Eu fico feliz e torço para que tudo dê certo para vocês dois.
– Obrigado mamãe.
– Como ele é?
– Lindo. Absolutamente lindo. Olhos verdes, cabelos vermelho. Parece um gatinho assustado, mas é adorável. Deus, eu estou tão apaixonado.
– Eu quero uma foto, por favor!
– Vou mandar para a senhora. – Concorda com o pedido, mas não evita revirar os olhos.
– Bem, eu tenho que desligar. Seus irmãos resolveram fazer uma festa e está tudo uma bagunça nessa casa – Ela diz, fazendo o filho gargalhar.
– Diz para eles que eu mandei um beijo enorme e que eu os amo muito.
– Pode deixar, querido. Fica com Deus, te amo e estou com saudade.
– Também te amo e sinto sua falta. – Suspira, desligando o celular e olhando para a tela por alguns segundos.
Ele vai até a galeria de fotos do celular e escolher uma que os garotos haviam tirado dele com Michael, encara a foto por alguns segundos com um sorriso no rosto e aperta para enviar para Liz.
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Luke volta para o trailer e os outros garotos já estão lá. Jake e Michael no sofá disputando uma partida do jogo de FIFA no video game, Ashton no celular e Calum sentado no chão observando o jogo.
– Hey, você está no meu lugar! – Ele cutuca a cintura do mais novo, que pula do assento surpreso e incomodado com as cutucadas.
– Para Luke, você vai fazer eu perder! – Clifford pausa o jogo para responder o mais velho, com as sobrancelhas franzidas.
– Você já vai perder de qualquer jeito, Mike. – Jake revira os olhos.
– Esse lugar é meu, ladrãozinho.
– Tarde demais, ache outro. – Responde, empinando o nariz.
– Eu vou sentar em cima de você.
– Você vai me esmagar com essa bunda.
Luke faz sua melhor expressão de chateação, deixando uma exclamação ofendida escapar por entre os lábios, antes de começar a rir alto. Ele se aproxima de Michael e o puxa pela cintura, os virando no sofá, de forma que ficasse sentado com mais novo no colo. Ele esconde o rosto na curva entre o pescoço e ombro largo de Clifford, deixando alguns beijos ali.
– Bem melhor... – Murmura contra a pele cheirosa.
– Vocês são um poço de amor e doçura, acho que eu vou vomitar.
– Cala a boca e vamos voltar pro jogo. – Michael gesticula e revira os olhos, pegando sua manete logo em seguida.
Naquela noite após o jantar, eles se reuniram com os mais velhos e todos decidiram que durante a pausa viajariam para a praia e Luke não poderia ter ficado mais animado.
