sᴏᴘʜɪᴇ ᴘᴏᴠ

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Fiz o convite, mas tive medo que ele não aceitasse ou pensasse coisas erradas a meu respeito. Porém ele aceitou, já se encontrava sentado no sofá, provavelmente envergonhado.

Peguei o café que havia esquentado para nós dois e levei até ele. O entreguei e ele logo deu um gole.

— uau! Está maravilhoso e, forte, seu pai estava certo, é bom que a ressaca não pega pesado quando o dia amanhecer.

Ele disse saboreando mais do café. Sorri. Eu, que só havia tomado um pequeno gole, apenas o observava. Nunca pensei que um dia eu traria um "desconhecido do mundo" para dentro da minha casa.

Mas foi o que aconteceu. Só que ele não era assim, ele tinha algo mais do que especial. Ryan me fazia automaticamente sentir as nuvens. Toda minha ignorância com ele logo quando o conheci havia, de certa forma, sumido como num passe de mágica.
Pra falar a verdade, acho que eu reconheci que minha primeira impressão dele estava errada quando ele me salvou no beco. Não sei o que poderia ter acontecido se não fosse por ele...

Ainda ao observa-lo, prestava atenção nos detalhes de sua face. Seus olhos prendiam os meus, aqueles olhos azuis como um céu de verão. Seu cabelo castanho, liso, era tão lindo quanto.

— você não vai tomar?

Me tirando dos meus devaneios, ele perguntou apontando para a xícara que estava quase intacta na minha mão.

— ah, vou. É que... ta faltando açúcar no meu.

Eu disse e levantei para ir colocar o doce no café. Na verdade eu queria disfarçar, não tinha ideia de quanto tempo eu parei olhando pra ele.

— esses são seus pais?

Escutei ele perguntar da sala, voltando para onde ele estava o respondi.

— ah, não. Quer dizer, o cara é, a mulher que está com ele é a Izzie, nova esposa dele.

— e você tem fotos do seu pai com outra mulher?

— bom, eu só tenho porque ele insistiu, e como ele não deixou de ser meu pai, tive que aceitar. Mas nem olho pra essa foto. Não vejo meu pai sempre, ele passa muito tempo viajando, as vezes esqueço que tenho um.

— você deve sentir falta da sua mãe todos os dias né? — ele perguntou colocando a xícara vazia em cima do centro

sim, mas não tanto quanto senti logo quando ela morreu.

Ele balançou a cabeça em compreensão, levantou do sofá e foi até a foto da minha antiga cadelinha.

— hey, esse cara eu conheço! É o seu cão, não é?

— bem, é minha. É que na verdade essa é a mãe dele. Kiara morreu um tempo depois que eles nasceram.

Ele tinha um olhar fixo em mim, triste, mas curioso.

— o que? — perguntei

— nada.

— fala. — insisti

— nada, é que.... parece que todos que você ama se afastaram de você por algum motivo. Seja por morte ou...

Ele ia continuar, porém parou ao ver que meus olhos estavam vidrados nos dele e com água.

— me desculpa, Sophie. Nossa, me desculpa mesmo. — ele segurou em meus braços — eu sou um idiota de estar falando isso pra você. Eu devo estar um pouco bêbado.

— não se preocupa, Ryan. Nós dois estamos eu acho. — ri — Já ouviu dizer que a dor precisa ser sentida? — disse e elevei minha mão até seu rosto

𝑅𝑌𝐴𝑁 𝐽𝑂𝑁𝐸𝑆 "Cᴀʀᴛᴀs Pᴀʀᴀ O Sᴏʟᴅᴀᴅᴏ"Onde histórias criam vida. Descubra agora