Eu gostava de vê-la sorrir. Gostava de ver a curva que seus lábios faziam rosados em contorno aos dentes branquinhos.
Gostava de ouvi-la gargalhar, mesmo que havia sido a primeira vez. Gostava de vê-la dançar como se não houvesse medo, insegurança, culpa, dor.
A verdade era que ela me quebrava cada vez que chorava e quisesse morrer. Ela era uma estranha que eu havia trazido para minha casa, dando abrigo e oferecendo tudo o que precisasse e não importava a quantia monetária, nunca seria um desperdício.Hope era totalmente diferente do que eu procurava antes de Malia. Ela apresentava uma fragilidade que minha namorada não mostrava. Ela chorava e não tinha medo de o fazer. Ela era o tipo que eu não procurei e talvez, ela tivesse mais que me mostrar. Talvez ela não fosse tão frágil assim.
Hope Warn era o nome dela. Eu já havia escutado esse nome em algum lugar, mas ela me aparentava totalmente desconhecida.
Desde o momento em que eu a tirei da água e encarei sua face pálida eu sabia que ela era um terreno para explorar. E daí eu descobri que ela tentou se matar e o motivo daquilo não se encaixou até descobri que ela estava grávida. Talvez podia ser o choque da gravidez aos vinte anos e o provável abandono do pai do bebê. E havia a possibilidade de ele estar morto?! Mas agora as hipóteses eram mais amplas a me levarem a pensar que poderia ser isso e mais alguns.
Então ela era uma desconhecida que eu havia salvado de uma tentativa de suicídio, grávida, fugitiva, com uma enorme carga emocional que a fazia entrar em surto psicótico e que no final, chorou até me fazer trazê-la de Califórnia para o Nebraska a abrigar.Várias perguntas se formavam em minha mente como o porquê dela fugir; de quem exatamente ela fugia; quem era William; quem havia morrido por sua culpa; e quem era realmente ela.
Eu queria saber mais do que ela me mostrava.— ei!— ela chamou sorrindo.— vai ficar ali?
Eu estava pensativo. Quem ia para uma boate e ficava encarando todos dançarem enquanto pensava?
Ela andou até mim e me puxou para a pista dançando comigo.
Hope me chamava a atenção. Ela me deixava curioso, intrigado, duvidoso entre outras coisas estranhas. Tinha momentos em que ela parecia uma menina e noutros, uma mulher.
— está calado. Acho que passou da idade de se divertir.— ri.
— você nem sabe minha idade!
— hummm…—ela fez uma careta pensativa.— você tem vinte e quatro.
Fiz cara de surpreso e ela riu.
— isso é bruxaria!
— ou talvez eu tivesse encontrado sua identificação sobre a mesa da cozinha. Nunca saberemos.
Eu ri dela e comecei a me mexer menos travado.
— não era melhor a mamãe dar uma descansada?— Liv apareceu com Milles atrás. Ele fez uma careta e eu ri.— são meia noite e quinze.
— boa ideia, ruivinha.
— ah, não gente! Eu nunca havia visto para uma boate antes. Vamos voltar mais tarde.
— nunca foi numa boate?— Olívia arregalou os olhos.— onde esteve sua adolescência inteira?
— trancada na torre com a bruxa.— ela respondeu e Milles me encarou.— estou com sede.
— ah, água ou sumo natural.— ele a encarou com a cara de médico e ela bateu continência.
Ela foi e puxou Olívia com ela. Andei até as poltronas e me joguei com meu amigo.
— e aí?
— ela é dura na queda.— ele respondeu.
— vai investir?
— não sei. A conheci hoje, então talvez.— tentei encontrar a cabeleira ruiva no meio das muitas pessoas.— e a ruiva. Ela foi mantida na torre pela bruxa.— fez aspas com os dedos.
— está tentando juntar as peças desse quebra cabeça?— o olhei e ele deu de ombros.— eu também, cara. Está difícil.
— é. Essas mulheres se juntaram para dificultar nossas vidas.
Elas se aproximaram de nós enquanto bebiam água e se sentaram no meio.
— eu quero ir mesmo, gente. Meus pés já doem.— ela falou.
— sua barriga ainda é pequena. Quanto tempo tens?
— quase quatro.
— Jajá vamos saber o sexo. Seja uma menina, oiça a tia!
— ela disse que será um menino.— falei e eles me encararam.
Hope deu de ombros e sorriu tocando a barriga.
— eu senti.
— e se não for?
— se não for, vai ser amada da mesma forma.— ela falou.
Sua atenção durou para sua barriga. Ela colocou o cabelo atrás da orelha e sorriu de deixando preso naquela visão.
— vamos?— Olívia falou se levantando.
Eu a deixei em casa e depois o Milles. Já no caminho, Hope falava comigo no banco da frente quase como uma robô de tão sonolenta.
— eu vou ter que te carregar mesmo assim ruiva.— falei enquanto ela teimava e dizer que conseguia dormir.
Quando a resposta não veio eu sorri. Entrei na garagem do prédio e deixei o carro a tirando e caminhando até o elevador.
— oh, menino Kyle. Boa noite.
— boa noite, senhor Torres.
— a menina dormiu, foi? Desculpe perguntar, mas ela é sua nova namorada?
— não, ela é só uma amiga. — o elevador chegou e a porta se abriu.— boa noite mais uma vez.
Abri a porta com dificuldade e tomei cuidado para que ela não batesse. A coloquei em sua cama e tirei as sandálias a cobrindo com o lençol.
Todo o quarto já tinha o seu cheiro e mesmo com as poucas coisas dela lá, já tinha a sua cara.
Hope se virou fazendo o lençol se enrolar em seu corpo e deixar suas pernas descobertas. Encarei a pela branca e alva subindo até o início de sua bunda coberta pelo vestido.Meu celular tocou me despertando e eu corri fora do quarto tentando atender e cessar o barulho de uma vez.
— Martin.— falei.
— está feito. Já não há nada nas revistas e jornais tanto digitais. Elas foram retiradas e morreram de medo do mais novo famoso advogado, Kyle West. Você sabia que eu poderia arrancar uma graninha de todos não é?
— eu não quero isso.— falei.
— tudo bem, criança. Mas não se esqueça que mesmo fora de circulação, muitos já sabem, então ou você manda uma nota para a imprensa ou fica calado e descobre quem foi que vazou do hospital.
— vou pensar, Martin. Muito obrigado por isso.
— disponha, chefe.
Pelo menos aquilo estava resolvido.
VOCÊ ESTÁ LENDO
HOPE || Primeiro Livro
RomanceLivro #1 - completo Hope Warn é uma jovem apaixonada. Um fantoche em sua casa, Hope é filha de grandes empresários muito influentes em Washington. Quando descobre uma gravidez do jardineiro de sua mansão, tenta enfrentar a mãe querendo ficar com o...