As coisas tão mais lindas

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Era vésperas do dia das mães, 12 de maio, mas não ia poder passar com a minha, pois a professora Valdirene havia passado um trabalho muito complicado e eu fiquei o dia inteiro fazendo. Um dia antes minha avó e eu havíamos ido ao shopping e eu comprei chocolates para Eliane, minha mãe e para minha avó. Comprei para minha mãe e para a minha avó, pois era dia das mães, mas para Eliane eu havia comprado para agradá-la.

Enquanto fazia as tarefas mandei uma mensagem para Eliane.

📱Eu: Te comprei algo! Segunda eu levo.
Eliane: Dia das mães? Obrigada! Não precisava!
Eu: Sim! Dia das mães!
Eliane: Uma data muito importante. É uma pena eu não poder passar com a minha.
Eu: Também não poderei. A sora Valdirene deu muitos trabalhos para fazer. Preciso da nota.
Eliane: Então vá fazê-los! Depois nos falamos! Bj!
Eu: Ok! Bjos!

Desliguei o celular e fiquei fazendo o tal do trabalho, um poliedro de 20 faces. Fiquei com os dedos doloridos, mas o fiz.

Logo mais a noite, quando terminei de fazer o trabalho liguei o celular para falar com meu amigo e tinha uma mensagem de Eliane.

📱Eliane: Olha o que ganhei! - Havia duas fotos, uma era um quadro que ela ganhou e a outra era um desenho feito pelo João. - Que tudo! - Escreveu após mandar as fotos. - Como tu estás? Amanhã é um dia bem especial. Espero que esteja bem! Conta comigo sempre que precisar de um carinho, um abraço, um chamego. Te amo!

Abri aquela mensagem e li com tanto carinho. Aquilo encheu meu coração de calor, o fez disparar de uma forma tão intensa. Por mais que aquele "te amo", fosse dito para todos que ela gostava, eu queria muito que fosse verdadeiro. Que fosse somente meu. Que o amor dela fosse meu, porém de outra forma. Uma forma mais intensa. Eu a queria muito e não era como ela imaginava.

Conversamos sobre o meu trabalho quando respondi a mensagem que ela havia mandado. Depois fui tomar banho e dormir. No outro dia nos falamos novamente, ela havia me contado que os filhos fizeram um churrasco para ela e que o dia havia sido bom. Gostava de saber que ela estava bem.

Na segunda-feira fui até a turma dela, 103, levei os chocolates e ela me deu um abraço. Quase morri, mas me recompus. Talvez eu seja dramática demais, sempre intensificando o que sinto, mas é o modo como vejo o amor. Sempre acreditando na doação, mas talvez a pessoa só queira um pouco de espaço e isso eu não estava dando à Eliane. Queria tanto que eu estivesse nos pensamentos dela que não pude ver o que realmente estava acontecendo. Eu estava invadindo o espaço dela, pensando demais nela e esquecendo de quem eu realmente era. Agora entendo quando minha mãe diz que os homens ficam malucos por causa de uma mulher, hoje posso entender.

Neste mesmo dia o Victor havia me mostrado uma foto que uma menina tinha tirado da Eliane na sala de aula mostrando uma parte de sua bela bunda.

- Quem fez isso?

- Não sei. - Mentiu e eu pude ver que ele estava mentindo.

- Como você não sabe se estava em um status? Isso é um print.

- FBI, agora? Me mandaram. Só estou te mostrando porque sei que gosta dela e talvez queira avisá-la.

- Como vou mostrar essa foto para ela? Isso é ridículo. Que gente sem noção.

- Pois então. Mandei para o teu whatsapp, se quiser contar para ela.

- Meu Deus, eu não sei o que fazer...

- Faça o que achar melhor.

- Quantas pessoas viram isso?

- Acredito que muitas, afinal, a pessoa que postou é bem popular na escola.

- Então você sabe quem é?!

- Eu não quero arranjar problemas para o meu lado.

- Não contarei que foi você quem me mostrou.

- Tudo bem... Eu não sei quem tirou a foto, mas posso te ajudar a achar.

- Ok!

A professora entrou na sala e ele resolveu sentar ao meu lado. Conversamos sobre a foto. Apesar de ter sido errado o que fizeram e soará grotesco o que irei escrever, mas: que bunda! Depois que cheguei em casa e vi mais uma vez a foto fiquei imaginando o resto do corpo se a bunda já era daquele jeito. Quase faleci por míseros segundos ao mirar aquela foto mais uma vez. Eu desejava tanto aquela mulher que já não conseguia me controlar. Pensei na possibilidade de contar a ela, mas não queria contar sem antes ter certeza. Quando fui tomar água vi Eliane entrar no banheiro, aparentemente ela estava estranha. Me deu um "Oi" e entrou rapidamente. Fui até o bebedouro e tomei água, quando passei pelo banheiro dos professores novamente, pude ouvi-la vomitar. Quis morrer. Poderia ter pensado em tudo; que ela estava doente ou que pegara uma virose, mas a única coisa que pude pensar foi na possibilidade dela estar grávida, e se estivesse, ali morreriam qualquer forma de eu tentar algo com ela.

Voltei para minha sala um tanto quanto mal, Victor percebeu e perguntou-me se eu estava bem. Disse que sim e ali morreu o assunto.

Não consegui controlar-me o resto do dia, não estava bem. Não queria que ela estivesse grávida. Voltei para casa e olhei mais uma vez a foto, prometendo a mim mesma que a pessoa que fez àquilo com ela seria desmascarada.

Chamei a Thay e contei o que havia acontecido na escola e o mal-estar de Eliane.

📱Thay: Como ela está?
Eu: Eu nem sei se ela sabe... Acho que não.
Thay: Essas criaturas não tem nenhum respeito.
Eu: Não... Não sei o que vou fazer. Acha que devo contar?
Thay: Acredito que sim!
Eu: Coitada! Ela é tão doce...
Thay: Acredito! Conte para ela antes que alguém faça de uma maneira mais grosseira.
Eu: É... Acho melhor ela ouvir de mim.
Thay: Também acho.
Eu: Hoje ela estava vomitando. Acho que está grávida...
Thay: Grávida? Acho que não!
Eu: Ela tem um marido... Eles transam... Lógico que vou pensar nessa possibilidade.
Thay: Para de tentar achar motivos para não investir nela. Ela não está grávida.
Eu: Então talvez os chocolates tenham feito mal a ela.
Thay: Chocolates?
Eu: Eu comprei para ela chocolates. Esqueci de contar.
Thay: Acho que não foi isso também. Chame-a e pergunte.
Eu: Farei. 📱

Chamei Eliane e começamos a conversar, ela disse que não tinham sido os chocolates. Disse que havia comido algo estragado e fez mal a ela. Não toquei mais no assunto. Após nossa conversa fui dormir um pouco.

No outro dia Victor e eu fomos à procura do estojo florido. Lógico que ele sabia quem era, afinal, ficava com a menina, mas eu não sabia e estava cega demais para imaginar que ele soubesse de algo. Fomos de sala em sala, e ele exitou muito para que fôssemos até a 103. O mal dele fora esse. E eu passei a focar só naquela turma. Falei com Iane, uma menina que eu odiava e odeio até hoje. Conversamos e eu mostrei a foto uma vez que ela já tinha visto.

- Eu sei quem fez, mas não posso falar.

- Se fosse com você?

- Eu sei... Só que ela é minha amiga.

- Tudo bem! Só tente fazer com que ela não faça esse tipo de coisa novamente, porque isso machuca.

Saí bufando. Victor tinha vindo com uma informação de que havia sido a Danielly, então dei um fim a investigação.

Voltei para casa e conversei com Eliane, mas não contei nada. Na quinta-feira mandei a foto e ela disse que já tinha visto a foto. Disse também que falaria com a Adriana, pois aquilo era algo sério demais. Agradeceu-me pela preocupação, mas dali em diante seria com ela. Até então eu respeitei sua decisão, mas quem disse que as pessoas envolvidas deixaram-me fora disso?

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