Cuida bem de mim

Me leva

Datas, eu sempre as guardo. As importantes, claro. Do nosso início, querida Eliane, eu guardei em minhas memórias:

06/06/2018 — Tomei algumas fluoxetinas, 3 para ser mais exata, tomei para parar de chorar, pois fiquei vendo suas fotos ao lado do teu marido. Nunca desejei tanto estar no lugar de alguém como eu desejava estar no dele. Eu só queria ter você do mesmo modo que ele tinha.

Tomei as fluoxetinas e mandei algumas mensagens para você das quais você não viu. Então fui dormir.

07/06/2018 — Eu havia acordado de bom humor, um pouco controlada pela quantidade de antidepressivos que ingeri. Te vi nos corredores e você perguntou como eu estava, disse que eu estava bem. Então perguntou o motivo pelo qual eu havia tomado todos aqueles remédios. Disse que havia respondido a você, que depois lesse.

Na hora do intervalo você leu, perguntou-me o porquê havia sido sua culpa. Eu disse que você me deixava confusa e a única coisa que você disse foi: "Gigi! Gigi! Não quero te deixar confusa! Mais tarde conversamos."

Depois das aulas, já em casa, mandei uma mensagem para você e nela eu dizia que você era a mulher de quem eu falava para você. Que era você quem eu amava. E você não soube o que falar, simplesmente disse: "não sei o que dizer."

Não havia nada para ser dito, meu amor, mas sim tudo para ser sentido. O amor não precisa de uma resposta, mas sim de um sentido, para ser sentido. Não queria te assustar, só amar você.

08/06/2018 — Eu fiquei o dia inteiro pensando em você. Trocamos olhares. Eu estava perto das árvores em frente a pracinha das crianças e você falando com um aluno perto da sala. Eu olhei para você e você estava me olhando. Sorri, aquilo foi surpreendente.

Contei para Alice o que tinha acontecido e ela disse que eu tinha que esperar um pouco, pois você estava começando a se entregar de verdade. O que mais eu tinha era paciência para esperar. Falei que a única coisa que eu teria que fazer era arranjar um jeito de estar em seus pensamentos, mas eu não sabia que já fazia morada lá.

Naquela noite, às 19h você me mandou uma mensagem, disse que não parava de pensar em mim e que sentia o mesmo, mas estava confusa porque nunca uma mulher havia despertado isso em você, nem uma menina. Você queria, mas não podia. Disse também que faltava 5 minutos para entrar na hidro, mas só queria ficar falando comigo. Eu estava explodindo de felicidade, pois o meu amor estava me correspondendo. Não podia ser melhor! Não mesmo.

Naquela sexta-feira conversamos quase a noite toda, fora incrível.

09/06/2018 – Pela manhã eu havia ido comprar meu celular e quando voltei tinham duas mensagens suas. Você queria que eu fosse com você e seus filhos a uma festa junina do amiguinho do João. E eu aceitei. Nunca tinha ficado tanto tempo ao seu lado e eu havia adorado. Quando estávamos naquela festa, com aquelas pessoas vazias, eu não pude acreditar que você era amiga delas. Todas aquelas mães tentando ser algo que não eram, mas mesmo assim tentavam ser. Você me convidou para comprar um presente para uma amiguinha do João, pois você tinha uma outra festa para ir. Nós saímos e você começou a falar. Disse que não podia ficar comigo, pois tinha uma banca que cobra alto de mais. Você disse também que tinha um cara que você tinha amado muito, ele tinha muito dinheiro, mas fez você de boba e você não queria que isso acontecesse comigo. Mas isso não estava em suas mãos, quem deveria decidir isso era eu, se eu queria realmente esta consequências, e, meu amor, eu queria você mesmo que eu sofresse, mesmo que o meu coração dilacerasse em algum momento, mesmo assim eu estava disposta a qualquer coisa. Então conversamos bastante e eu quase chorei, pois você correspondia meus sentimentos, mas não podia vivê-lo. Passei a me questionar sobre o que realmente valia a pena, deixar você ir ou insistir, mas eu não queria desistir e vi isso em seus olhos também. Você queria a conquista e eu poderia conquistá-la.