Sei

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Uma semana antes do conselho de classe fui para a escola, era uma segunda-feira. Seu Sérgio veio rapidamente falar comigo sobre um assunto muito delicado. Fiquei preocupada e totalmente curiosa.

— Tua princesa sofreu um acidente.

— Quê? — Falei assustada. Meu coração parecia que ia sair pela boca.

— Ela estava com os filhos. Parece que brigou com o marido, pois ele não gostou nenhum pouco do ocorrido.

— Gente, ela sofreu um acidente. Ela está bem? E-Ela não se machucou? Ela está na escola?

— Não! Ela não está na escola.

— O quê aconteceu?

— Um carro atravessou-se em sua frente e ela bateu com o carro, mas está bem. Os filhos também. O marido brigou com ela, pelo que ela me disse. Por causa do carro.

— Como assim? Brigou com ela? Ao invés de preocupar-se com o bem estar da mulher ele fica preocupado com o carro?

— Materialista demais.

— Ele é um idiota, isso sim!

O sinal bateu e eu tive que entrar para a sala de aula. Por sorte as horas passaram rapidamente e fui direto para minha casa. Mandei mensagem para a Eliane. Queria saber como ela estava e o que havia acontecido.

📱Eu: Oi! Você está bem? Seu Sérgio contou-me que você sofreu um acidente. Como você está?
Eliane: Oi amada! Só um susto! Estou bem sim! O pior é que eu estava com os meus filhos. Muito medo por eles!!!
Eu: Imagino!
Eliane: Obrigada pela preocupação!
Eu: Capaz! Imagino que o teu marido deve ter ficado bem preocupado também?! — Disse, mesmo sabendo que ele havia brigado com ela.
Eliane gravou um áudio onde ela dizia que não falaria nada para ele, pois não havia sido uma batida tão grave — já tinha uma batida no carro, então ele não perceberia — e ele brigaria com ela se soubesse. Percebi que seu Sérgio havia mentido e fiquei muito triste com isso. Com o fato dele estar mentindo para mim.
Eu: Faz bem! Nem vou falar o que pensei do teu marido!
Eliane: Melhor não!
Eu: Que bom que está bem! Fico mais tranquila.
Eliane: Estou bem sim! Esperando tua história. Quando vou poder ler a segunda?
Eu: Depois do conselho de classe.
Eliane: Estarei esperando.📱

A semana do conselho passou rapidamente e eu estava morrendo de saudades dela. Fiquei uns dias na casa da minha mãe, enquanto esperava o ônibus para ir na casa de minha mãe, uma mulher estava com um perfume muito parecido com o de Eliane. Eu amava aquele perfume, então mandei uma mensagem para ela.

"Tinha uma mulher na parada com o mesmo perfume que o teu, o aroma pelo menos. Fui, muito cara de pau e perguntei para ela qual perfume era. Ela disse que era um da Natura. Engraçado! Até a Natura copia a essência de Victória's Secret."
"Sou eu, a Giovana. Salva este meu número! Bjos!"

"Oi, querida! Obrigada por gostar tanto assim do meu perfume! Kkkkk"

Li a mensagem mas fiquei com muita vontade de dizer: gosto mais da dona.

"Sim! Eu gosto muito!"

Fiquei escutando Nando Reis enquanto o ônibus seguia para onde minha mãe morava.

Depois que a semana do conselho passou finalmente consegui entregar a história para Eliane. Era uma quarta-feira, ela estava na turma 82, linda com os cabelos amarrados em um coque, um batom rosinha... Estava perfeita.

— Oi! — Ela disse com um sorriso largo, algo nela estava diferente.

— Oi! Vim trazer a história e preciso da pasta.

— Vou pegar! — Foi até suas coisas e trouxe a pasta. — Pronto!

— Já trago!

— Estarei esperando.

Corri até minha sala, coloquei as folhas na pasta e voltei para a sala dela.

— Pronto! Está aqui. — Quando entreguei a pasta nossas mãos se tocaram.

— Nossa que gelada!

— Sou fria! Sou bem fria.

— Eu não acho! — Sorriu.

Ela me olhou de uma maneira que poderia jurar que havia malícia em seu olhar. Talvez fosse coisa da minha cabeça, mas foi o que percebi.

— Nã-Não acha? — Gaguejei e soltei um sorriso discreto. Pude jurar que meu rosto havia corado naquele exato momento. Eu não esperava aquilo.

— Não!

— Ah... É... Eu vou para a minha sala...  — Ela sorriu, talvez deva ter percebido meu nervosismo.

— Obrigada pela história!

— De nada!

Mexi em meu cabelo ainda sem acreditar no que ela havia falado.

Sentei-me em meu lugar e não consegui prestar atenção na aula, aquela mulher me deixava extremamente desconcentrada, sempre pensando nela e nunca nas coisas que falavam comigo.

— Viu um passarinho verde, Gio? — Victor me perguntou.

— Um passarinho verde? Não! Uma gata!

Victor gargalhou.

— Viu uma gata? Que gata?

— Não te interessa!

As horas passaram rapidamente e com elas as aulas. Eliane estava cada dia mais dentro de mim, não sabia como tirá-la dos meus pensamentos e muito menos do meu coração. Eu não sabia se era o certo a se fazer, mas ela era tudo o que eu queria. Eu estava completamente apaixonada por ela, como se fosse a primeira vez. Era como se eu nunca tivesse sentido esse sentimento, e em parte, eu nunca havia sentido com tanta intensidade. Com tanta vontade de jogar tudo para o alto e só viver daquele amor. Eu o reguei todos os dias, como se ele fosse uma flor frágil que precisasse de cuidados, de afeto, atenção, amor e carinho. Eu a amei em segredo até o dia de eu não poder mais conter os meus sentimentos, até o dia de minha pequena explosão.

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