Achei que no dia seguinte tudo ficaria bem, mas não ficou. Ela acordou e estava diferente. Distante. Trocamos poucas palavras.
Disse que eu tinha que ir antes das 10h, pois o Léo estava vindo. Nossa, eu sabia que deveria ir embora, mas ser mandada por ela me fez com que eu me sentisse um lixo. Enquanto ela tomava seu café e lia o trabalho que teria que fazer para o marido dela eu deixei escapar um:
— Eu te amo!
Ela nem me olhou para dizer que também me amava, simplesmente não tirou os olhos da tv.
— Eu também, querida! — Pegou minha mão e a beijou.
O seu gesto fez com que eu me lembrasse de sua frase: Eu só queria que ele estivesse aqui.
É triste amar tanto alguém e o mesmo talvez nem perceber que suas palavras o ferem. Você só é alguém que permitiu-se amar, mas entregou seu coração para alguém que já tinha um dono.
Coloquei meu sapato, escovei meus dentes e fomos para a parada. Não nos beijamos quando saímos da casa, muito menos quando ela me levou até a parada. Ficamos lá esperando meu ônibus. Ela não tocou no assunto: fizemos amor na noite passada. Não! Ela continuou falando no Léo. Simples assim. Queria sair correndo dali, era humilhação demais para uma pessoa só. Quando o ônibus chegou, subi no mesmo e fique olhando ela ir embora. Pensei em como eu a amava tanto, à ponto de aceitar tudo aquilo. Por que eu a amo tanto, esta é a verdadeira questão?! Jamais entenderei!
45 minutos de viajem até minha casa e a única coisa que eu sabia pensar era na sua frase: Eu só queria que ele estivesse aqui.
Chorei no caminho. Chorei quando cheguei em casa. Chorei quando tomei banho e chorei antes de dormir. Minha mãe não perguntou nada, sabia que eu ficava todos os anos muito mal, pois meu aniversário caía sempre no segundo domingo de agosto, dia dos pais, e esse dia era um inferno. Eu sempre chorava, pois sentia falta dele. Só que neste ano eu não lembrei do mesmo, chorei porque a mulher que eu amava, e para quem havia entregado meu corpo, tinha me feito sentir-me um lixo, daqueles não recicláveis.Na segunda-feira ela mal me olhou na escola. Na terça-feira parecia estar me evitando, mandei mensagens e ela foi curta em suas respostas. Na quarta-feira ela não foi, descobri por terceiros que a mesma não daria mais aulas na quarta. Na quinta-feira eu já não aguentava mais tudo aquilo, tentei me aproximar, mas ela estava na defensiva. Então foi na sexta-feira que decidi acabar com tudo aquilo de vez. Na hora do recreio fui falar com ela, mas fui com o coração partido e endoidecido de saudade.
— Podemos conversar sobre o fim de semana? — Disse ao entrar na sala.
— Aqui? Já pedi a você que não viesse na minha sala, aqui não é o lugar e nem a hora para falarmos sobre isso.
— Eu sei, mas terá de ser aqui.
— Ok, Gi! Fala!
— Eu não quero mais!
— Você está terminando comigo? Na escola? Na sala de aula? No meu local de trabalho? Você realmente está terminando comigo?
— Sim! Porque estou cansada, Eliane, de tudo. Fizemos aquilo no fim de semana, mas na hora você diz que queria ele lá.
— Eu disse isso?
— Sim!
— Talvez eu tenha dito porque estava desprotegida. Eu não me lembro de nada do fim de semana. — Ela não lembrava de nada? Nem que tivemos um contato mais profundo. E porquê seu olhar dizia algo totalmente distinto de suas palavras?
— Não lembra mesmo?
— Não! Só lembro de acordar ao teu lado pela manhã.
— Hum! — Aquelas palavras me feriram, pois eu lembrava de tudo, de cada detalhe. Das expressões que ela fez, do seu gemido, da confusão que foi, pois nenhuma das duas sabiam o que fazer. Foi especial e ela me diz isso. — Então acho melhor mesmo terminarmos.
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Cuida bem de mim
RomanceCuida bem de mim Então misture tudo Dentro de nós Porque ninguém vai dormir Nosso sonho