Talvez eu fosse um tanto quanto maluca, sempre tentando agradá-la ou ao menos tentar ser alguém que ela jamais esqueça. Eu a amava tanto que meu coração parecia que ia sair pela boca cada vez que eu a via. Era tudo tão intenso e prazeroso que eu queria mais. Sabe quando usamos uma droga e ela nos faz dependente? Pois então: Eliane era totalmente assim. Quanto mais eu a beijava, quanto mais eu a tocava, mais eu a queria.
Seu perfume, todas as vezes que ela me abraçava, ficava em minha roupa, meus cabelos; em minha pele. Ele me embriagava por completo, assim como os beijos dela o faziam. Meu corpo correspondia tão bem aos seus toques como nunca correspondeu a ninguém. Eu era diferente de todas as outras garotas da minha idade, nunca fiz nada que não fosse por amor a alguém. E tudo que eu fazia pela Eliane era por amor, até quando entreguei meu corpo a ela, naquele mesmo instante quando nossos corpos se tocaram, nus, eu pude perceber que nada mais importava no mundo a não ser ela. Se eu não pudesse dar o meu amor a ela, não daria a mais ninguém.
É estranho, óbvio, mas é tão único. Jamais poderia imaginar que uma mulher de tamanha magnitude como ela, pudesse gostar de mim da forma como ela gostava. Eu sabia que sim, por mais que me dissessem que ela não gostava tanto assim, que não era tudo isso, eu sentia, meu corpo sentia que era verdadeiro. Todos os átomos do meu corpo sentiam isso. Era como se eu a conhecesse uma vida inteira, por este motivo eu sabia que era verdade. Parece loucura, eu sei, mas eu sabia até quando ela estava mentindo, o que era doido de se escutar.
Meu tio disse uma vez para mim que eu a conhecia tão bem, pois nossos espíritos sempre se encontravam em todas as vidas, e em todas elas eles se apaixonavam, mas eu nunca conseguia ficar com ela. Parece loucura, mas eu acredito nele, ele, sem eu falar nada sobre ela, a descreveu tão bem, falou que no passado alguém a fez sofrer e eu sabia bem quem era esta pessoa, por isso eu acreditava. Mas não devo negar, o fato do "nunca conseguirem ficar juntos" era o que me matava. E talvez, por isso, eu estava com ela e sempre sentia um medo enorme de perdê-la. Eu amava tanto essa mulher que só de pensar que nessa realidade que vivemos, poderia haver a possibilidade de não termos um futuro juntas me partia o coração.
Acredito tanto em destinos, assim como minha bela Eliane. Ela sempre diz que o destino me trouxe para ela, que eu era um presente. A parte boa dela. A única coisa que eu não entendia era: se eu era a parte boa, porque não poderíamos ficar juntas? Por que ela tinha tanto medo de fazer planos comigo? Eu jamais faria o que os outros fizeram. Jamais! Eu a amaria como se minha vida dependesse de dar amor à ela. Como se nada no mundo mais existisse. Eu já fazia isso, mas a queria por completo. Eu a queria pelo resto de minha vida, como nunca quis ninguém em minha vida. E eu sei que agora é verdadeiro, pois eu lutei para termos algo. Eu corri atrás do meu amor e daquilo que eu acreditava ser bom para mim.
Eliane era como o céu: ora belo e azul, ora cinzento e raivoso, mas sempre voluptuoso e amável. O que me fazia amá-la mais, pois eu conhecia seus defeitos mais do que suas qualidades, por isso eu a amava tanto, pelo simples fato de não ver só as qualidades, mas sim os defeitos que a compunham tão bem. Ela não era só um rostinho lindo e adorável em meio a multidão, era humana e errava, mas sabia reparar seus erros. Era como eu, era a minha metade. Ela era totalmente diferente de todas as garotas que já vira na vida. Era única!
— Você está bem? — Perguntou Andreyna ao me ver olhando para a porta da 82.
— Como é que eu consigo amar tanto ela?
— Eu não sei, amiga. Talvez, desta vez, você tenha realmente encontrado o amor verdadeiro. — Ela disse e me olhou.
— Olha para ela: é casada! Como o meu amor verdadeiro vem com esse detalhe? Estou passando por cima de tudo em que eu acreditava ser errado só para viver o que realmente estou sentindo. Queria sequestrá-la e levá-la para algum lugar bem distante daqui. Um lugar lindo e que fosse só nosso. — Eu disse ao desviar meus olhos de onde Eliane dava aulas.
— Poderíamos fazer isso na formatura. O que acha? Podemos por algo na bebida dela e alugar algum lugar para vocês duas. — Ela diz séria, o que me fez dar uma gargalhada audível para qualquer um que estivesse em uma distância considerável e nem um pouco à par de nossa conversação.
— Maluca! Do que você está falando?
— Eu consigo as drogas!
— Andreyna! Meu Deus! — Sorri. — Você está se escutando? Claro que não está! Isso é loucura. Uma loucura considerável? Sim, mas uma loucura! Mas jamais, em hipótese alguma, faria algo dessa forma. Se ela um dia quiser vir comigo terá de ser por livre e espontânea vontade, de jeito maneira à força. Meu amor jamais será dado assim. Isso não é amor, é loucura, uma das piores. Sei que sou invasiva a maior parte do tempo, mas meu amor não é uma loucura, não uma ruim, pelo menos.
— Se eu fosse você eu faria. O marido dela não a merece, Gi.
— Eu sei que não! Eu a mereço! — Disse convicta.
— Olha, eu sempre te apóio em tudo e com certeza ajudaria você a fazer isso. Só quero que seja feliz, sempre me ajuda quando brigo com o João. Sempre me dá conselhos maravilhosos e tem paciência comigo. Quero tanto fazer algo por você. Quero tanto que você fique com ela e pare de sofrer, amiga. Sei que você sabe que este é o único modo de tê-la, por hora, mas tenho a esperança de que dê tudo certo para vocês duas e que fiquem juntas, pois eu conheço tua essência e sei que você a ama de verdade. — A olhei e sorri.
Sim, ela estava certa e era por este motivo que eu não desistia de Eliane, não poderia. Era como se eu já tivesse desistido e soubesse a dor que isso causaria, portanto não poderia fazer novamente. Não nesta vida!
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Cuida bem de mim
RomanceCuida bem de mim Então misture tudo Dentro de nós Porque ninguém vai dormir Nosso sonho