Capítulo 12

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Sabe aqueles filmes antigos de de apocalipse zumbi, onde as pessoas da cidade somem e ficam apenas os mortos-vivos, espreitando nos cantos escuros?

Senti que estava em um filme daqueles e parecia que, a qualquer momento, quando virasse em uma esquina, iria dar de cara com um zumbi.

O silêncio era total e eu podia ouvir meus próprios passos ecoando pelas largas avenidas da cidade. Também conseguia ouvir o coração de Alonso, disparado.

Sobraram alguns poucos veículos, abandonados e algumas casas estavam com suas portas abertas, como se as pessoas houvessem saído dali às pressas.

— Mas que merda aconteceu aqui? — perguntou Alonso, atônito. — O que poderia ter feito uma cidade inteira como esta ser evacuada completamente?

— Não sei, mas é possível que tenha algo a ver com a guerra.

— Não há destruição alguma aqui. Pelo menos não vi nenhum sinal de ataques.

— Vou averiguar algo, espere aqui!

Corri na frente, entrando no maior prédio que encontrei.

A porta de vidro da entrada do centro comercial estava aberta, corri pelo salão principal até encontrar a escadaria.

Subi correndo o mais rápido que pude, agradecendo pelo fato de jamais cansar.

Na verdade isso às vezes era tedioso, mal lembrava como era a sensação de ficar ofegante. Em minha memória parecia que era algo que dava mais emoção em uma situação como essa.

Contei vinte e dois andares, até que cheguei na cobertura.

Lá em cima, subi ainda mais, utilizando uma escada de mão, chegando ao local onde eram instaladas as antenas de televisão, o ponto mais alto daquele prédio.

Era possível avistar a cidade inteira, e de lá tentei encontrar algo que pudesse ser de alguma ajuda para resolver o mistério do sumiço das pessoas daquela cidade.

Mais afastado do centro encontrei algumas lojas com os vidros quebrados. O mesmo para um posto de gasolina.

Também me chamou a atenção o zoológico, cujas grades de proteção e vidros estavam destruídos. Teria sido dali que os ursos polares fugiram?

A cidade parecia estar vazia a muitos anos e, com exceção de um pouco de destruição aqui e ali, não encontrei nada que pudesse ajudar a responder as perguntas do que teria ocorrido.

Isso porque a resposta não estava ali perto, mas na cidade vizinha.

Apertei os olhos e foquei ao longe, no horizonte, e lá encontrei o que parecia ser o motivo da evacuação.

A cidade vizinha, não muito longe dali, estava completamente destruída.

No centro dela havia uma enorme cratera e, mesmo os prédios que conseguiram permanecer em pé, estavam em estado lastimável, a ponto de ruir.

A guerra estava mais próxima do que eu imaginava.

Engoli seco e desci a escadaria correndo. Encontrei Alonso na frente do prédio, sentado na calçada.

— E então? — perguntou ele. — Descobriu algo?

— Sim! A cidade vizinha foi atacada. Não sobrou praticamente nada.

— Foi bombardeada?

— Parece que foi uma única bomba, pois tem uma cratera enorme no centro da cidade.

— Então foi isso que causou aquele estrondo, um ano atrás.

— Provavelmente. Com a explosão os habitantes daqui devem ter fugido, ou então a cidade foi evacuada pelos militares.

Memórias de um ImortalOnde histórias criam vida. Descubra agora