Capítulo 10

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Quanto mais o tempo avançava, quanto mais a tecnologia evoluía, tornava-se cada vez mais difícil passar despercebido pelas eras.

Não foram poucas as vezes em que quase fui descoberto.

Forjar as identidades falsas estava se tornando um trabalho realmente complicado e perigoso.

Eu sabia que uma hora ou outra iria ser pego.

Foi quando surgiu uma tecnologia em específico. Não havia mais documento de identidade ou chip implantado na pele, simplesmente as máquinas eram evoluídas o suficiente para ler o seu DNA e saber quem era você.

Não tinha como burlar isso.

Como se tratava de algo recente, esperei até o último momento para me registrar à moda antiga, pelo menos eu teria algumas décadas para pensar no que fazer.

Nesse ponto, a inteligência artificial já alcançava níveis impressionantes e as máquinas faziam praticamente todo o serviço braçal, enquanto o ser humano trabalhava apenas no desenvolvimento e manutenção das máquinas.

Sem perceberem, as máquinas trabalhavam para os humanos enquanto os humanos trabalhavam para as máquinas.

Haviam inteligências artificiais que foram programadas para tomar decisões para empresas, em outras palavras, haviam máquinas no controle de corporações inteiras, enquanto um punhado de humanos apenas recebia o dinheiro.

Em alguns países uma civilização quase utópica se estabelecia, onde as máquinas trabalhavam, de forma que os humanos tinham mais tempo para eles próprios, levando vidas sem estresse e muito mais saudáveis.

Enquanto em outros países, os trabalhadores foram todos substituídos por máquinas e apenas aqueles detentores de vasto conhecimento eram empregados.

Por serem necessários poucos funcionários, mesmo pessoas altamente graduadas acabavam aceitando trabalhos menores e aqueles com menos instrução acabaram na pobreza total.

Nesses países distópicos, vez ou outra, os detentores do poder lançavam suas migalhas em forma de entretenimento fútil, o qual prendia a atenção da população, de forma que ela não se revoltasse.

Os governantes sustentavam o povo, mantendo-os sempre na linha da pobreza, e isso fez com que o povo se dividisse entre os que eram à favor dos governantes, pois bem ou mal os sustentavam, e os que eram contra, que encaravam o governo como tirano e opressor. Uma jogada inteligente, pois um povo dividido, brigando entre si, jamais teria força para enfrentar o governo. Era necessário a união de todos para isso.

Em outras palavras: nada mudou!

Com o mundo cada vez mais polarizado, não demorou à iniciarem as divergências de opinião e os maiores egos do mundo começaram a colidir.

Por décadas a fio o mundo caminhou contornando a beirada do abismo que leva à destruição, até que finalmente teve início a terceira guerra mundial.

O ser humano já havia sobrevivido à duas grandes guerras, porém, os tempos eram outros, a tecnologia era outra e o perigo estava em um nível totalmente diferente.

Logo no início da guerra, um país desapareceu completamente ante ao poder de destruição das armas do lado oposto.

A destruição deste país foi o estopim para que as demais nações se posicionassem, dividindo o mundo em dois.

Muitas das batalhas eram travadas por debaixo dos panos, ataques furtivos, hackers, ataques biológicos, enquanto falsos discursos diplomáticos eram proferidos aos quatro ventos.

Memórias de um ImortalOnde histórias criam vida. Descubra agora