Capítulo 14

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O som os pássaros me acordou. Abri os olhos e vi o céu azul.

Sentei-me na neve e vi que a grama começava a crescer por baixo dela.

O cenário de gelo que parecia eterno mudou drasticamente e agora começava a ganhar cor.

— Benjamin! — foi a primeira palavra que saiu de minha boca, após levantar-me.

Onde estaria aquele garoto?

Desci a montanha, caminhando com calma.

Avistei a cidadezinha de longe, mas claramente estava diferente.

Aproximei-me e o choque foi imediato.

As casas estavam lá, mas haviam sido derrubadas ou teriam caído devido ao tempo.

A madeira já apodrecida cedeu, mas tudo indicava que isso teria ocorrido muito tempo depois que a população dali já havia debandado.

Não havia nenhum sinal de vida nas redondezas.

Caminhei pela cidade e descobri uma única casa que havia ficado em pé.

A minha.

A casa que ergui para ser o meu lar e que acabei abandonando para viver na casa de Laura.

— Laura! — foi a segunda palavra que saiu de minha boca desde que acordei.

Onde ela estaria? Ou melhor, ela ainda existia?

Aquela minha vida inteira parecia ter sido um grande sonho do qual eu acabava de acordar.

Quanto tempo se passou?

Sentei-me em um pedaço de entulho de uma das casa e coloquei as mãos sobre a cabeça.

O que teria acontecido com Benjamin? Ele sobreviveu ao deslizamento de neve? E Laura, como ela ficou? Teria ela perdido seu irmão e seu marido no mesmo dia?

Eu podia imaginá-la chorando pelas perdas, junto de Isidora.

A morte mais uma vez me rondava e eu trazia sofrimento para as pessoas à minha volta.

Jamais saberia o que aconteceu com eles, mas seu sofrimento agora cessaram. O meu ainda permanece.

Não havia mais nada ali para mim.

Eu precisava seguir em frente e foi o que eu fiz.

Literalmente segui em frente, caminhando para longe dali.

Passei pela cidade vizinha, que parecia continuar abandonada, como sempre.

A vegetação agora tomava conta dos prédios e até mesmo dos veículos, deixando claro que jamais tornou a ser povoada por humanos.

O asfalto, agora trincado, dava lugar a um tapete verdejante e os animais já haviam perdido o costume de fugir de nós, tantas foram as gerações longe dos humanos.

Atravessei a cidade vazia e segui pela mesma rodovia onde um dia dirigi, junto com Alonso, pouco antes de desistir de encontrar sua cura.

No caminho, o mesmo caminhão tombado e o mesmo buraco, que tive de transpor para continuar em direção a próxima cidade.

Um dia e meio se passou e finalmente cheguei na cidade.

Era um pouco maior que a anterior e aquela cratera em seu centro continuava lá, mas aqui a grama não cresceu, talvez pelo efeito nocivo da explosão.

Vasculhei diversas casas, mas não encontrei nenhum sinal de vida.

Não me demorei a seguir para o próximo objetivo.

Memórias de um ImortalOnde histórias criam vida. Descubra agora