O rapaz franzino ficou de costas para a parede, tateando-a como se tentasse achar uma saída através dela.
— Eu explico! — claramente apavorado. — Não me machuque, por favor.
— Não foi o que eu perguntei. — apontando a arma para ele.
— Meu nome é Oliver!
— Prossiga!
— Eu estava procurando comida.
Sem desviar o olhar do mentiroso, virei o rosto para o lado para projetar minha voz mais longe e gritei.
— SARA! VOLTE PARA A OUTRA SALA, CUBRA OS OUVIDOS E FIQUE LÁ!
Ouvi o som baixinho da voz dela, confirmando que ouviu o comando e então os sons dos passos rápidos, se afastando.
— Olha só, eu não estou pra brincadeira, então me fala a verdade.
— É verdade, eu só queria a comida.
Puxei o gatilho e disparei, atingindo a parede ao lado dele, fazendo com que o intruso arregalasse os olhos e soltasse um grito esganiçado.
— Este é o último aviso, o próximo vai ser entre os seus olhos.
— Tá bom, o que você quer que eu diga? — ele disse, encolhendo-se o máximo que pôde. — Eu vim buscar a Sara.
— Porque?
— Lá é o lar dela. Podemos dar a ela uma boa vida. Ela precisa voltar comigo.
— O lar dela? O que vocês querem é mais um escravo. Sara não vai voltar pra lá e diga pra seus amigos da Alcatéia ficarem longe da gente.
— Se eu voltar sem ela, eu é que serei morto.
— Isso não me importa nem um pouco. Você já é grande o suficiente pra resolver seus próprios problemas.
— Tá bom, eu deixo vocês em paz, não atira, por favor.
Abaixei a arma devagar e continuei encarando-o, tentando pensar no que fazer.
Deveria solta-lo?
Ele poderia trazer reforço.
— Você vai voltar pra Alcatéia?
— Não! Já disse que se eu voltar sem ela, eu é que vou pra vala.
— Vai fazer o que então?
— Vou ter que me esconder por alguns anos e, quando a radiação em volta sumir, eu vou pra bem longe daqui.
— Radiação?
— É, tem radiação por tudo que é cidade ao redor daqui. Não é tão alta, mas se ficar por muito tempo lá você morre. Disseram que em uns três ou cinco anos a radiação vai ter diminuído.
— Se tem radiação pra matar uma pessoa, acho que vai demorar um pouco mais pra se dissipar, mas quem sabe né? Tenta a sorte.
Guardei a arma e voltei para a outra sala, onde Sara estava sentada, cobrindo os ouvidos.
— Acabou? — disse ela quando me viu.
— Acabou sim. Deixei ele ir embora.
— Quem era?
— O nome dele era Oliver, era da Alcatéia.
— Ah, eu sei quem é. Ele chegou no grupo um pouco antes da gente fugir. O que ele queria?
— Queria te levar embora.
Ela arregalou os olhos e ficou em pé em pulo.
— Deixa eu ir com ele. Eu quero voltar.
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Memórias de um Imortal
AdventureDesde os primórdios dos tempos a humanidade busca uma forma de estender o seu tempo neste mundo, desejam a juventude eterna, a imortalidade. Mas quando se fala em imortalidade, diversas vantagens nos vêm à cabeça, como se a vida fosse se tornar um e...