Capítulo 17

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O rapaz franzino ficou de costas para a parede, tateando-a como se tentasse achar uma saída através dela.

— Eu explico! — claramente apavorado. — Não me machuque, por favor.

— Não foi o que eu perguntei. — apontando a arma para ele.

— Meu nome é Oliver!

— Prossiga!

— Eu estava procurando comida.

Sem desviar o olhar do mentiroso, virei o rosto para o lado para projetar minha voz mais longe e gritei.

— SARA! VOLTE PARA A OUTRA SALA, CUBRA OS OUVIDOS E FIQUE LÁ!

Ouvi o som baixinho da voz dela, confirmando que ouviu o comando e então os sons dos passos rápidos, se afastando.

— Olha só, eu não estou pra brincadeira, então me fala a verdade.

— É verdade, eu só queria a comida.

Puxei o gatilho e disparei, atingindo a parede ao lado dele, fazendo com que o intruso arregalasse os olhos e soltasse um grito esganiçado.

— Este é o último aviso, o próximo vai ser entre os seus olhos.

— Tá bom, o que você quer que eu diga? — ele disse, encolhendo-se o máximo que pôde. — Eu vim buscar a Sara.

— Porque?

— Lá é o lar dela. Podemos dar a ela uma boa vida. Ela precisa voltar comigo.

— O lar dela? O que vocês querem é mais um escravo. Sara não vai voltar pra lá e diga pra seus amigos da Alcatéia ficarem longe da gente.

— Se eu voltar sem ela, eu é que serei morto.

— Isso não me importa nem um pouco. Você já é grande o suficiente pra resolver seus próprios problemas.

— Tá bom, eu deixo vocês em paz, não atira, por favor.

Abaixei a arma devagar e continuei encarando-o, tentando pensar no que fazer.

Deveria solta-lo?

Ele poderia trazer reforço.

— Você vai voltar pra Alcatéia?

— Não! Já disse que se eu voltar sem ela, eu é que vou pra vala.

— Vai fazer o que então?

— Vou ter que me esconder por alguns anos e, quando a radiação em volta sumir, eu vou pra bem longe daqui.

— Radiação?

— É, tem radiação por tudo que é cidade ao redor daqui. Não é tão alta, mas se ficar por muito tempo lá você morre. Disseram que em uns três ou cinco anos a radiação vai ter diminuído.

— Se tem radiação pra matar uma pessoa, acho que vai demorar um pouco mais pra se dissipar, mas quem sabe né? Tenta a sorte.

Guardei a arma e voltei para a outra sala, onde Sara estava sentada, cobrindo os ouvidos.

— Acabou? — disse ela quando me viu.

— Acabou sim. Deixei ele ir embora.

— Quem era?

— O nome dele era Oliver, era da Alcatéia.

— Ah, eu sei quem é. Ele chegou no grupo um pouco antes da gente fugir. O que ele queria?

— Queria te levar embora.

Ela arregalou os olhos e ficou em pé em pulo.

— Deixa eu ir com ele. Eu quero voltar.

Memórias de um ImortalOnde histórias criam vida. Descubra agora